Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-01-2015

Depois de três horas e meia, acaba depoimento de Nestor Cerv
Ex-diretor da área Internacional da Petrobras é réu em ação da Lava Jato. Depoimento foi realizado na manhã desta quinta-feira (15), em Curitiba.
Depois de três horas e meia, acaba depoimento de Nestor Cerv
Foto: g1.globo.com

O depoimento do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró à Polícia Federal (PF), em Curitiba, nesta quinta-feira (15), durou aproximadamente três horas e meia. Ao sair da superitendência da PF, o advogado Beno Brandão, um dos responsáveis pela defesa de Cerveró, afirmou que o depoimento foi tranquilo e que seu cliente respondeu às perguntas. De acordo com o advogado, o depoimento foi positivo para a defesa.
Contudo, Brandão disse que deve pedir um novo depoimento para que a compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos, seja questionada. Segundo o advogado, nada sobre o assunto foi perguntado nesta quinta.
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, em outubro do ano passado, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que Cerveró recebeu propina na compra de Pasadena. Conforme o Tribunal De Contas Da União (TCU), o negócio gerou prejuízos de U$ 792 milhões.
Cerveró foi preso na madrugada de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, e levado para a superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense, onde tramitam os inquéritos e ações penais oriundos da operação. Nestor Cerveró é réu em processo originado na Operação Lava Jato, da PF, por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro entre 2006 e 2012.

Antes do início do depoimento, Brandão afirmou que a defesa vai fazer o pedido de revogação da prisão ainda nesta quinta. O depoimento começou por volta das 9h.
Na quarta-feira, Edson Ribeiro chegou a afirmar que seu cliente ficaria calado durante o depoimento pois ainda não tinha conhecimento das razões do Ministério Público Federal (MPF) para pedir a prisão de Cerveró. Porém, depois de ter acesso ao processo, sinalizou a mudança no comportamento da defesa.
Prisão
Cerveró foi preso na madrugada de quarta-feira no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio Janeiro. Pela manhã, ele foi encaminhado para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Na cidade, fez exames de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML).
O ex-diretor da Petrobras voltava de uma viagem a Londres quando foi detido pela PF. Ele foi preso preventivamente a pedido do Ministério Público Federal. Por meio de nota, o MPF informou que foi cumprido um mandado de prisão preventiva, já que "há indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça".

O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula afirmou que negociações financeiras feitas por Cerveró indicam que o suspeito tentava obter liquidez do patrimônio com rapidez. Em uma dessas transações, disse o delegado, Cerveró chegou a perder R$ 200 mil. Este patrimônio negociado, também conforme a PF, pode ter origem ilícita e ser resultado de crimes cometidos por Cerveró enquanto estava à frente da diretoria Internacional da Petrobras.
Cerveró na Lava Jato
Cerveró foi diretor da área Internacional da Petrobras de 2003 a 2008, durante o governo do presidente Lula. Já no governo da presidente Dilma Rousseff, assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em março de 2014.

Segundo o MPF, o ex-diretor recebeu propina, em dois contratos firmados pela Petrobras, para construção de navios-sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor total de 40 milhões de dólares, foi relatado pelo executivo Júlio Carmago, da Toyo Setal – que fez acordo de delação premiada no decorrer das investigações.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, também réu da Lava Jato, citou Cerveró, sobre caso de Pasadena, no acordo de delação premiada. A compra de Pasadena foi aprovada, em 2006, pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido por Dilma Rousseff (PT). Segundo a presidente, o resumo executivo que orientou o Conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras pelos prejuízos na compra.

Defesa
O advogado de defesa Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse que o pedido de prisão preventiva não têm fundamento. Segundo ele, não havia restrição judicial ou administrativa para que os bens fossem transferidos à família do cliente."A movimentação financeira e a movimentação imobiliária são atos normais da vida civil", disse.
O advogado reforça que o cliente sempre se colocou a disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e, por isso, o impropósito do pedido de prisão preventiva. "No dia 1º de abril [de 2014], eu coloquei o Nestor Cerveró à disposição de todas as autoridades, da Polícia Federal, MPF em Brasília. E até hoje, ninguém quis ouvir o Nestor Cerveró. Ele, sem ser convocado, se apresentou espontaneamente para falar dos seus atos à frente da Diretoria Internacional da Petrobras", pontuou.
Ainda de acordo com o advogado, Cerveró havia informado ao MPF-RJ e à Justiça Federal que faria uma viagem para Londres, inclusive fornecendo o endereço onde ficaria localizado, e estava com depoimento marcado para esta quinta-feira no Rio de Janeiro.
Entenda a Lava Jato
A Operação Lava Jato começou investigando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação resultou na descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Na primeira fase da operação, deflagrada em março de 2014, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef, apontado como chefe do esquema, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A sétima fase da operação policial, deflagrada em novembro do ano passado, teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras em um valor total de R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal.
Ao todo, foram expedidos na sétima etapa da operação 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal. Conforme balanço divulgado pela PF, à época, 25 pessoas foram presas. Também foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão e foram expedidos nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis.
Atualmente, 11 executivos continuam presos na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Além deles, o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Baiano, e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró também estão presos no local.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir