Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-01-2015

Aumento para todos ou que o sacrifício seja geral
Embora falando pouco, como é do seu feitio, o governador José Ivo Sartori (PMDB) mostrou, na prática, que alguns dos seus postulados têm sido colocados em prática neste seu início como administrador da coisa pública no Rio Grande do Sul. A nova diretoria
Aumento para todos ou que o sacrifício seja geral
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Os valores não são nenhuma aberração, no universo dos vencimentos e subsídios do Brasil, mesmo comparando com a iniciativa privada. Entretanto, o que escandalizou foi o fato de que – e isso é verdade – o Tesouro do Estado está mal e com um déficit estimado de cerca de R$ 5,3 bilhões entre a arrecadação e os gastos em 2015.

Foi um aumento errado, na hora errada e, a rigor, para servidores errados, eis que no topo da pirâmide salarial. Mesmo que o projeto seja oriundo da Assembleia Legislativa e aprovado no período anterior, com apoio unânime dos deputados de todos os partidos, ficou mal perante a opinião pública. Vetando, ele voltaria para o Legislativo que, certamente, derrubaria o veto. Também se o aumento acontece a cada quatro anos, sendo que, no caso do governador e do vice, sem reajuste há oito anos e houve apenas uma correção com base na inflação, insistimos, foi no momento menos adequado, em contraste com o discurso correto do governador quanto à diminuição das despesas. Se o partido do novo governador é o Rio Grande, algo lógico, igualmente e com muito mais razão, as finanças públicas são de todos os gaúchos e devem ser muito bem monitoradas, ainda mais em época de endividamento brutal. O governador perdeu uma chance de ouro de mostrar ao Rio Grande uma coerência absoluta em termos financeiros, vetando o reajuste. Ou todos têm aumento ou que o sacrifício seja geral. Nos quase quatro anos que tem pela frente e nos quais terá que administrar a escassez das verbas, como José Ivo Sartori pedirá sacrifícios às categorias que são em maior número e que, formando a base do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, são a ponta do sistema na aplicação da educação, saúde e segurança em geral, lidando, diretamente, com a população? Será difícil e perderá a discussão quando estiver, frente a frente, com estas categorias.

A política moderna não pode afugentar certos pressupostos da moral social, mesmo considerados antigos. Não retiramos uma das palavras esperançosas com que saudamos as primeiras iniciativas de austeridade do novo governador do Estado. Entretanto, por uma questão de coerência para com todo o funcionalismo e a população gaúcha, a quem caberá pagar a conta do aumento, alertamos que a medida é antipática. Como o jogo das paixões e decisões políticas é variado e complexo, muitos não estranham a diversidade assombrosa de casos, sucessos e erros que ocorrem na vida pública. Enfim, erramos, aprendemos e somos iludidos até a morte por maior que seja a nossa idade e experiência.

Fonte: jcrs.uol.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir