Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-02-2015

Tsipras desafia credores e mantém programa de ajuda social
Primeiro-ministro grego quer dar ajuda alimentar e eletricidade gratuitas, recolocar trabalhadores despedidos, aumentar o salário mínimo para 750 euros e reativar a televisão pública. O programa foi apresentado no domingo no Parlamento, onde Alexis Tsipra
Tsipras desafia credores e mantém programa de ajuda social
Foto: expresso.sapo.pt

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou hoje a criação de um programa de ajuda social aos que foram mais afetados pela crise no país e a recontratação dos trabalhadores da função pública que foram despedidos.

Na apresentação do programa de Governo, Alexis Tsipras explicou que o plano de ajuda imediata pretende fazer face a uma "crise humanitária", atribuindo ajuda alimentar e eletricidade gratuitas, assim como acesso aos serviços de saúde para os que "foram mais castigados pela crise".

Tsipras anunciou também que os trabalhadores cujos despedimentos violaram a lei vão ser recolocados nos postos de trabalho, entre os quais empregadas de limpeza, funcionários de universidades e seguranças das escolas - uma medida que vai contra o que está definido no memorando de entendimento da "troika".

O novo primeiro-ministro grego disse ainda que pretende reativar a televisão pública grega, encerrada em junho de 2013 e que qualificou como "um crime contra os gregos e a democracia", e aumentar progressivamente até 2016 o salário mínimo, dos 580 euros atuais para 750 euros.

No discurso no Parlamento, Tsipras afirmou ainda que a Grécia quer pagar a dívida externa - que ultrapassa 180 por cento do Produto Interno Bruto -, mas que a soberania nacional do país não é negociável e que cabe aos parceiros europeus aceitar negociar os meios técnicos para o fazer.

Alexis Tsipras assegurou que o governo quer respeitar o compromisso feito com o Tratado de Estabilidade, mas considera que a "austeridade não faz parte desse tratado", propondo por isso um "programa de financiamento transitório" até que estejam concluídas as negociações para a criação de um plano de crescimento.

Sublinhando que o povo grego lhe deu autoridade para cancelar o "desastroso programa de austeridade", Tsipras reafirmou a intenção da Grécia ter um novo contrato com a União Europeia, que "respeite as regras da zona euro, sem incluir superávit irrealizável, que é a cara da austeridade".

Indemnizações alemãs
No mesmo discurso, Tsipras defendeu que a Grécia deve exigir o pagamento de reparações de guerra à Alemanha, a propósito da ocupação alemã de território grego aquando da II Guerra Mundial e de um empréstimo que o Banco Central grego foi forçado na altura a conceder ao Terceiro Reich.

"A Grécia tem uma obrigação moral para com o nosso povo, a nossa História e todos os povos europeus que lutaram e deram o seu sangue contra o nazismo", declarou o primeiro-ministro grego a propósito da proposta, a qual já foi rejeitada por Berlim no passado.

O valor mencionado pelo Governo para as reparações ascende aos 162 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 50% da dívida pública grega, atualmente acima dos 315 mil milhões de euros. A proposta surge durante um processo de negociação com os parceiros europeus a propósito do pagamento da dívida grega. Os ministros das Finanças europeus estarão reunidos esta semana para discutir o caso grego.

Fonte: expresso.sapo.pt
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir