Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-02-2015

Venezuelanos vão às ruas contra morte de estudante
Nicolás Maduro diz que o aluno foi atingido por bala de borracha, o que a oposição nega. O autor do disparo está preso e responderá a processo
Venezuelanos vão às ruas contra morte de estudante
Foto: www.opovo.com.br

Protestos em várias cidades da Venezuela ocorreram ontem para condenar a morte do aluno Kluyberth Roa, 14 anos, atingido na véspera por um tiro disparado pela Polícia durante manifestação estudantil em San Cristóbal, no oeste do país. Kluyberth foi atingido na na cabeça pela bala. O pai, Eric Roa, negou que que o adolescente participasse da manifestação antigoverno, acrescentando que voltava para casa depois das aulas.


Em Caracas, jovens reunidos em frente ao Ministério do Interior, Justiça e Paz exigiram a anulação de um polêmico decreto imposto em janeiro pelo governo, que permite às forças de segurança usar armas letais para reprimir protestos considerados violentos.


"A resolução 8.610 é uma infâmia que ontem (terça-feira) manchou de sangue (o Estado de) Táchira (onde está situada San Cristóbal). Exigimos sua derrogação imediata", disse o líder estudantil Hasler Iglesias. Críticos da resolução alegam que a medida viola o artigo 68 da Constituição, que bane o uso de armas de fogo em protestos.


Horas após a morte de Kluyberth, o presidente Nicolás Maduro admitiu que a Constituição "proíbe a repressão armada de maneira explícita". Mas declarou que o tiro foi disparado após policiais serem agredidos pelos manifestantes. E acrescentou que o disparo partiu de uma "escopeta com balas de borracha". Segundo a família do garoto, a autópsia deixou claro que Kluyberth foi alvejado por arma de fogo.


Circula nas redes sociais um documento, apresentado como laudo da autópsia, que, alegadamente, confirma a tese de que o jovem morreu por arma de fogo. A autenticidade do laudo não pôde ser comprovada. A procuradora-geral da República, Luisa Ortega-Díaz, lamentou o ocorrido e disse que o possível autor do disparo, identificado como Javier Mora Ortiz, 23, está preso e será formalmente denunciado por homicídio doloso qualificado por motivo fútil e ignóbil, uso indevido de arma e violação de convenções internacionais.


Mora Ortiz confessou o crime, segundo a ministra do Interior, Justiça e Paz,

Carmen Meléndez. Ela alegou que o episódio foi um "ato individual" que não reflete a "nova polícia humanista". Autoridades dizem que a morte de Kluyberth é resultado do caos provocado pelos manifestantes antigoverno, que vêm tentando reiniciar a onda de protestos de 2014 contra a crise econômica, o endurecimento do Governo e a criminalidade.


O Governo afirma que as manifestações, nas quais 43 pessoas morreram, incluindo policiais, eram uma tentativa velada de golpe de Estado semelhante à de 2002, quando a oposição derrubou o então presidente Hugo Chávez durante três dias. Os protestos do ano passado norteiam até agora a agenda do Governo, que prendeu desde então vários líderes oposicionistas acusados de instigar violência nas manifestações.


Entre os quais o prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, e o ex-prefeito de Chacao, Leopoldo López. Na semana passada, um juiz determinou a prisão do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, sob a mesma justificativa. A oposição declara que a única resposta do Governo diante da crise econômica, que gera inflação e desabastecimento, é o aumento da repressão. (Folhapress)

Fonte: www.opovo.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir