Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-03-2015

Mercado espera maior retração do PIB em 25 anos
Diante de medidas recessivas do Governo Federal, o mercado reage com projeção de crescimento econômico negativo e inflação mais alta. Mas o Governo sustenta ser necessário
Mercado espera maior retração do PIB em 25 anos
Foto: www.opovo.com.br

A projeção do Produto Interno Bruto (PIB) 2015 do Brasil ficou ainda mais negativa, de -0,50% para -0,58%. O índice representaria a maior retração econômica em 25 anos. A perspectiva para inflação, em uma semana, subiu de 7,33% para 7,47%. E o dólar deve fechar o ano em R$ 2,90. Os dados são do Boletim Focus, do Banco Central.



Para 2016, a expectativa é de que o PIB cresça 1,5%; a inflação ficará em 5,5% e o dólar tocará os R$ 3, conforme a análise do Focus, que reflete a projeção de economistas e instituições financeiras.


Para o economista e professor universitário, Henrique Marinho, o resultado é reflexo de todas as medidas recessivas que o Governo Federal vem tomando, como alta de impostos, aumento dos juros e de reposição de preços. "A presidente Dilma vai seguir essa política recessiva, fundamental para combater a inflação, mas que tem um custo muito alto", ressaltou.


Para ele, trata-se de uma adaptação para reverter problemas com os gastos públicos, mas que terá impacto. "Só estamos apagando incêndio, mas o mercado não conseguiu vislumbrar aonde vamos. Por isso, todo mundo dá um passo atrás. É um momento muito mais difícil politicamente do que economicamente", analisou.


Para o pesquisador em desenvolvimento econômico, Eldair Melo, o ciclo deveria ter sido o inverso. Ele cita os Estados Unidos (EUA), que baixou juros e começou a controlar gastos. Se a gente estabelecer uma política anticíclica, em vez de aumentando a taxa de juros, estaríamos dizendo o empresário: pode investir", avalia Eldair.


Para ele, as medidas que o Governo Federal vem tomando, sob o argumento de controlar a inflação, podem ter reflexos graves à população. Para ele, pode haver desemprego e achatamento de salários. Com isso, reduz-se o consumo, por exemplo.


O economista Ricardo Coimbra ressalta a redução do consumo em uma economia tendendo à recessão. Para ele, o crescimento de demanda não foi acompanhado ao longo dos últimos anos com fortes investimentos.


"O Governo está vendo que a saída para conter a inflação é retrair o consumo. E para ajustar suas contas, vem utilizando mecanismos de elevação dos impostos. Além da elevação dos juros e retração do crédito. Ou seja, o consumidor sofre por todos os lados", argumenta.


É necessário, diz MDIC

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, disse ontem que o País está vivendo um momento de ajuste fiscal severo, mas necessário para a retomada do crescimento e do desenvolvimento.


Nesse contexto, lembrou que o volume de desonerações concedidos ao setor empresarial cresceu de forma substancial nos últimos dois anos e "não há como promover o ajuste sem reduzir o custo fiscal dessas medidas".


Segundo Monteiro, o sistema de desonerações não foi desmontado. "O sistema está mantido. No entanto, o custo fiscal de manutenção do sistema teve que ficar menor". (com Agência Brasil)

Fonte: www.opovo.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir