Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-03-2015

Smartphone brasileiro "anti-espião" veta câmera e GPS pela s
Privacidade e segurança parecem utopias em tempos de serviços que trocam acesso por dados pessoais. Mas é isso que uma empresa começará a vender em forma de smartphone a partir de junho. A brasileira Sikur colocou em pré-venda durante a Mobile World Congr
Smartphone brasileiro
Foto: www.portalaz.com.br

Classificada pelo Ministério da Defesa como "empresa estratégica para a defesa", a Sikur é só uma das duas brasileiras a participar do maior evento de telecomunicações do mundo – a outra é a desenvolvedora de apps Movile. Até agora, a companhia era conhecida por fornecer os aplicativos a agentes de inteligência brasileiros. Os smartphones são uma evolução desses apps, que também funcionam em computadores.

Para evitar que os dados transmitidos possam ser interceptados, os aparelhos rodam o sistema Android modificado para tapar brechas de segurança que podem ser exploradas. Isso inclui até a exclusão de recursos populares como câmera e sistema de GPS. "Quando o pessoal pensa em produto, nosso primeiro foco é segurança, depois a usabilidade e então a mobilidade", diz Leandro Coletti, executivo da Sikur. Soma-se a isso um processo pesado de criptografia de mensagens e ligações telefônicas e o uso de armazenamento computacional próprio.

Efeito Snowden
O cuidado não é à toa. A empresa visa atender órgãos da Defesa, do alto escalão do governo e o mundo corporativo. Eles são os alvos preferenciais por lidarem com informação sigilosa a todo momento e estarem sujeitos à espionagem cibernética. O monitoramento cibernético revelado pelo ex-analista da CIA Edward Snowden é prova disso. Os programas da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) tinham o propósito de evitar atentados terroristas, mas monitorou as comunicações da presidente brasileira Dilma Rousseff e da Petrobras, a maior empresa do Brasil. "O Snowden chamou a atenção do mercado. Vou mentir se disser que não aceleramos por isso", diz Cristiano Iop, presidente-executivo da Sikur. Conforme as companhias se tornam mais conectadas, aumenta a preocupação sobre como tornar "segredos industriais" a salvo da sanha de cibercriminosos ou rivais. Segundo a consultoria de tecnologia Gartner, 40% das empresas do mundo terão planos de segurança digital dentro de dois anos.

Ainda assim, a empresa criou aparelhos para dois tipos de perfis. O Granite Phone 1 (GT1) é o top em segurança da empresa. Roda Android e não possui outros recursos além de e-mail, mensagens e telefone. Em breve, será atualizado para editar arquivos e fazer videoconferências. Já o GT2 é um aparelho normal, pode baixar outros apps e autorizar a eles o acesso a recursos do celular, como câmera e GPS, que estão liberados para uso. O sistema de segurança do Sikur roda em um compartimento isolado. A empresa possui sob a mesa a proposta de três fabricantes interessadas em montar os dispositivos. Até maio, fecha os acordos. Segundo Cristiano Iop, presidente da Sikur, o GT2 sairá da indústria de uma companhia global. "A competitividade entre os celulares é muito grande e eles querem um serviço de valor agregado". Também há negociações com operadoras de telefonia celular.


Eu, espionado
Está enganado, porém, quem pensa que esse é o caminho para em breve comprar em lojas um celular desses a fim de tratar assuntos indiscretos sem ser descoberto. Fabricantes e operadoras querem o smartphone para oferecê-lo a clientes corporativos. É claro que consumidores finais estão nos planos, mas somente para 2017, data que também vale para o aplicativo.

A Sikur já foi procurada por interessados, mas teve de dispensá-los. Um deles, um representante comercial com negócios na China, gostaria de instalar o app no celular de cada um de seus fornecedores. O intuito era manter detalhes de suas negociações a salvo dos olhos de concorrentes. "Empresas e governo são instituições. Elas têm um objetivo específico. Já as pessoas, eu não sei para que irão usar", diz Leandro Coletti, da Sikur. Até o fim de 2015, a expectativa é vender 80 mil aparelhos.

‘WhatsApp da polícia’
Em outra frente, a empresa fornece o aplicativo de comunicação segura. Atende, por exemplo, firmas envolvidas em fusões e aquisições e bancos. Até agora, já instalou 14 mil apps. Mas o número em breve vai aumentar. O Ministério da Justiça comprou em julho de 2014 licenças para colocar o app nos smartphones de 11,5 mil de agentes de inteligência -- 6 mil já o utilizam. O intuito é agilizar e garantir a segurança de investigações criminais. "Isso é sensível para o governo porque o lado ilícito quer informações privilegiadas", diz Leandro Coletti, da Sikur.

Nos aparelhos dos investigadores, o app é chamado de Sinesp Seguro. O programa de comunicação para policiais é só uma ponta do processo de modernização do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). Em outra delas, o MJ lançou o app Sinesp Cidadão, que permite a qualquer checar se um veículo foi roubado, ao checar sua placa, ou se consta um mandado de prisão para alguém, buscando pelos números de RG ou CPF.

A Sikur investe em pesquisa em desenvolvimento para melhorar os sistemas. Atualmente, possui dois centros de pesquisa, um em Curitiba e outro em Houston (EUA). Em 2015, implantou um programa para recompensar quem identificasse bugs em seus sistemas. Variando de acordo com a gravidade do problema, as recompensas giram entre US$ 200 e US$ 15 mil.

Fonte: www.portalaz.com.br
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir