Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-03-2015

Defesa admite participação de réu em atentado à maratona de
Bombardeios foram "atos equivocados" Tsarnaev e irmão, diz advogada. Julgamento de Tsarnaev é realizado nesta quarta em corte de Boston.
Defesa admite participação de réu em atentado à maratona de
Foto: g1.globo.com

A advogada de defesa de Dzhokhar Tsarnaev, acusado pelas bombas detonadas na maratona de Boston em abril de 2013, afirmou nesta quarta-feira (4) que o jovem participou do atentado. O julgamento de Tsarnaev é realizado nesta quarta em uma corte estadual em Boston.
No dia 15 de abril de 2013, explosões na linha de chegada da corrida mundialmente famosa atingiram espectadores, voluntários e atletas, no pior atentado em solo norte-americano desde o 11 de setembro de 2011. O atentado à maratona de Boston deixou três pessoas mortas e 264 feridas.

Judy Clarke disse no julgamento que os bombardeios foram "atos equivocados" promovidos por Tsarnaev e seu irmão mais velho, Tamerlan Tsarnaev, que morreu numa troca de tiros com a polícia três dias após as explosões, de acordo com o jornal "Boston Globe". "Há pouco o que disputar. Foi ele", disse a advogada.
De acordo com a agência Reuters, a advogada disse que Tsarnaev teve um papel secundário no atentado e no assassinato a tiros de um policial dias mais tarde, e indicou que o irmão mais velho de seu cliente, Tamerlan, foi o mentor.

O promotor-assistente William Weinreb contou aos jurados como os irmãos Tsarnaev, ambos de etnia chechena, escolheram cuidadosamente os locais onde deixaram as bombas na tentativa de punir os Estados Unidos por suas ações militares em países de governo muçulmano.
Weinreb se antecipou à manobra defensiva de imputar a culpa a Tamerlan Tsarnaev, que foi morto quando seu irmão caçula o atropelou acidentalmente depois de um tiroteio com a polícia alguns dias após o atentado.
Foco no réu
"O foco estará no réu", disse o promotor. "Isso porque ele tem direito à defesa. É ele que o governo tem que provar ser culpado, não seu irmão".

Mas Clarke afirma que o fato de Dzhokhar, então com 19 anos, ter detonado a bomba caseira, feita com uma panela de pressão, na linha de chegada da maratona e três dias depois participado da troca de tiros com o policial que foi morto não conta a história toda.
"Se a única questão é se era Dzhokhar Tsarnaev... seria muito fácil para vocês", declarou, dizendo que seu cliente foi um coadjuvante no esquema, concebido e levado a cabo por seu irmão.
"Foi Tamerlan Tsarnaev quem se radicalizou. Foi Dzhokhar quem o seguiu", argumentou Clarke. "As provas irão mostrar que Tamerlan planejou e orquestrou e convocou seu irmão para esta série de atos horrendos".
A abordagem desencadeou um conflito imediato com o juiz George O´Toole. Pouco depois dos comentários de abertura, ele determinou que seria melhor que a questão da culpa relativa dos dois irmãos fosse deixada para a segunda fase do julgamento, que ocorrerá na sequência se Dzhokhar for declarado culpado.
"Algum indício das interações do irmão será inevitável", admitiu O´Toole em breves comentários antes do começo do julgamento. Ele entretanto interrompeu Clarke diversas vezes para alertá-la a não se embrenhar muito no histórico familiar logo no início do processo.

"Guerra santa contra os EUA"
Em sua argumentação, Weinreb disse que Dzhokhar leu revistas radicais na Internet, onde aprendeu como fazer as bombas repletas de estilhaços que amputaram as pernas de cerca de 16 pessoas na chegada da corrida.
"Ele acreditou ser um soldado em uma guerra santa contra os norte-americanos", afirmou Weinreb a respeito de Tsarnaev.
Ele ainda descreveu em detalhes como Dzhokhar matou o irmão na sequência de um confronto armado com a polícia em Watertown, subúrbio de Boston, enquanto os dois tentavam fugir da cidade.
"O réu passou por cima do irmão e arrastou seu corpo por cerca de 15 metros rua abaixo", disse Weinreb. O réu pretendia atropelar os policiais que buscavam prender a dupla.

Acusação
Dzhokhar Tsarnaev pode ser condenado à morte se for considerado culpado das acusações contra ele, que incluem matar um policial a tiros.
A defesa faz suas declarações depois que os promotores se pronunciaram, afirmando que Tsarnaev tinha "morte em seu coração" ao colocar um explosivo caseiro atrás de crianças que assistiam ao evento.
O promotores federais se concentraram principalmente na vítima mais jovem da explosão, um menino de 8 anos, ao apresentarem as acusações num tribunal de Boston.
O promotor-assistente William Weinreb descreveu como o acusado, de 21 anos, e seu irmão mais velho, de 26, escolheram cuidadosamente os locais onde deixaram as bombas no meio da multidão concentrada na linha de chagada da corrida, em 15 de abril de 2013, em uma ação para punir os EUA por ações militares em países dominados por muçulmanos.
"O réu não estava lá para assistir à corrida. Ele tinha uma mochila nas costas e dentro da mochila havia uma bomba caseira. Era o tipo de bomba favorito dos terroristas, porque é feita para despedaçar pessoas e criar um espetáculo sanguinário", disse Weinreb. "Ele fingia ser um espectador, mas tinha morte em seu coração."

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir