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Parlamentares destacam a importância das Diretas para a red

No dia 15 de março de 1985 José Sarney tomava posse como presidente do Brasil
Parlamentares destacam a importância das Diretas para a red

Foto: noticias.r7.com

Há 30 anos o Brasil vivia um dos momentos mais importantes de sua história recente. A retomada de eleições presidências, mesmo que indiretamente, foi o primeiro passo para a redemocratização do País após 21 anos de Ditadura Militar.

Tancredo Neves, eleito por um colégio eleitoral formado por deputados e senadores, não chegou a tomar posse. Foi internado no dia 14 de março com o diagnóstico de diverticulite, um dia antes de receber a faixa presidencial. Em seu lugar tomou posse o então presidente do Senado, José Sarney. Tancredo Neves faleceu em 21 de abril, após 39 dias de internação.

O ex-senador Pedro Simon acompanhou de perto os momentos que antecederam a votação que elegeu Tancredo. Nomeado por Sarney como ministro da Agricultura, Simon destaca que o dia da posse foi um dos momentos mais marcantes que já viveu durante seus 60 anos da vida pública.

— Nós tivemos três aspectos muito importantes: O primeiro foi a votação das Diretas Já, mas não alcançou o quórum. O segundo foi a eleição do Tancredo. O terceiro foi o dia da posse, que infelizmente não aconteceu. Quando o Tancredo, doente, não pôde assumir.

O ex-ministro se lembra do sentimento de mudança nas ruas, da mobilização da sociedade e do envolvimento das pessoas com o momento político vivido no País.

— Naquele momento a pátria vivia uma aura nova, conseguimos tirar do Brasil o manto da ditadura. Era impressionante se ver a alegria nas ruas, a felicidade do povo, os carros buzinando, as crianças saindo do colégio cantando o hino nacional.

O ex-deputado Roberto Freire recorda que após o anúncio da internação de Tancredo Neves, houve um receio de que os militares articulassem uma retomada do poder.

— Tinha poucos meses de derrotado o regime era uma transição de qualquer maneira não se sabia bem naquela eventualidade da não posse do Tancredo como iriam se manter os militares que estavam recém-retirados do poder.

O ex-senador Eduardo Suplicy lamenta que a Emenda Dante de Oliveira, que reestabelecia as eleições livres e diretas para a presidência, não tenha sido aprovada em 1984. Por apenas 22 votos o texto não foi aprovado na Câmara dos Deputados e sequer foi apreciado no Senado Federal. Por isso um colégio eleitoral foi formado para eleger o presidente da República.

— Diante desse quadro, porque de outra maneira teríamos eleições diretas já em 1984, nós do Partido dos Trabalhadores, inclusive por decisão tomada no âmbito do Diretório Nacional, avaliamos que era importante continuar a luta pelas Diretas Já e não participarmos do colégio eleitoral, ainda que tivéssemos por Tancredo Neves todo o respeito.

Os deputados Airton Soares, José Eudes e Bete Mendes não seguiram a orientação do partido e foram expulsos do PT. Para Suplicy, a pressão da sociedade influenciou os congressistas e culminou na convocação da Assembleia Nacional Constituinte.

— O sopro de energia daquela campanha continuou muito forte a ponto de na Constituinte de 88 finalmente termos conseguido a democratização do País. Felizmente de 1989 até hoje nós já tivemos sete eleições livres e diretas. Isso é muito importante. Foi um movimento pacífico da maior importância que aconteceu em nossa história. Um movimento não violento, um exemplo de como se realizar movimentos democráticos sem precisar utilizar da violência para o aperfeiçoamento das instituições democráticas.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, começou a vida de parlamentar em 1970. Para Alves o grande legado daqueles dias foi a mobilização da sociedade.

— Quando o povo brasileiro quer, ele consegue. Você não via violência, baderna, só via alegria e esperança. As pessoas se abraçando. Era o povo de um lado só. A grande lição foi perceber a força da consciência de um povo brasileiro por uma causa justa.

Alves avalia que a redemocratização não seria possível sem a participação de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. Ulysses Guimarães foi deputado federal e morreu em 1992 em um acidente de helicóptero. Guimarães foi um grande oposicionista do regime militar e um dos principais responsáveis pela articulação política que culminou na eleição de Tancredo Neves.

— Isso aconteceu graças à coragem e o equilíbrio do Ulysses e Tancredo. Esses dois atores conseguiram conjugar o talento, as características, os sentimentos da população e encheram o Brasil de esperança. Eles conseguiram trazer as pessoas de diferentes caminhos pela esperança que eles inspiravam. Ulysses mais valente, mas nunca provocador. Tancredo mais conciliador, mas nunca covarde.

Fonte: noticias.r7.com

Por: Desirée Duque | Imprimir