Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-03-2015

Ir para rua? Só se for à padaria
"Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem, padecem de não saber. Não sabem porque não querem ou não querem saber. Sabem afinal de contas o que? Há muitos que não querem o que fazem e há muitos os que fazem o que não desejam querer. Há outros que fazem o
Ir para rua? Só se for à padaria
Foto: Reprodução

Como interpretar os protestos de 2015? Talvez uma reflexão de sobrevoo poderá, ao menos, auxiliar para uma luz no meio de tanta escuridão e falta de senso democrático. O país hoje é motivo de chiste internacional. Pela política, por causa dos manifestantes e suas panelas.

Para os que ainda vivem aprisionados ao pensamento dogmático e radical, o mundo pós-moderno é de oportunidades e não de adversidades, como no passado repressor. Por que brigar por uma versão diferente que o outro tem sobre a vida, religião ou política, uma adversão? Hoje temos múltiplas versões e não uma "verdade" absoluta pela qual seria motivo de ruptura, ou seja, um universo metódico e ortodoxo. Com múltiplas versões significa, então, que ter adversários, segundo o psicanalista Jorge Forbes, é perda de tempo.

Conforme o texto publicado no Blog da Boitempo "A adaga dos covardes, ou, O limite da imbecilidade direitista", o professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, Mauro Iasi, ressalta a delicada conjuntura em que nos encontramos. Ela está cheia de blefes, o que torna difícil a análise.

Na verdade, é difícil conter ataques camicases. Lutar contra moinhos de vento. O povo cospe para cima ao pedir intervenção militar. Qualquer criança do ensino fundamental entende, ao abrir um livro de história (recente, diga-se de passagem), que o golpe de 1964 ainda não cicatrizou as feridas na liberdade.

Entretanto, é risível que aqui, no Brasil, escutar e entender são pretéritos imperfeitos e não infinitivos (como metonímias de algo ou reflexão finitamente plausível). Não há diálogo, só monólogos de ódio e rancor por coisa nenhuma.

Quer um conselho? Não? Vou dar assim mesmo. Conheça teu inimigo. Assim poderá odiá-lo à vontade. E com razão. Não gostar de alguém, alguma coisa, credo ou partido porque não "vai com a cara dele ou dela" é argumento de troglodita.

Ir pra rua pra que? Porque a culpa é do PT? Isso não é suficiente. Mas, sem sombra de nenhuma dúvida, iria para rua, passar numa padaria e tomar um cafezinho. Talvez pedir reforma política em todas as esferas do poder, melhores condições de tratamento aos que sofrem distúrbios mentais, educação e oportunidades aos jovens da periferia e qualidade de vida aos idosos.

Quando for por ou para isso... Podem contar comigo. Fora isso? Sem chance, meu amigo.

Fonte: O Autor
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir