Categoria Geral  Noticia Atualizada em 11-04-2015

Sindicalista denuncia vazamento na Ultracargo antes do incên
Em entrevista ao jornal A Tribuna, Adilson Carvalho de Lima afirma: "A sobrecarga possibilita falhas"
Sindicalista denuncia vazamento na Ultracargo antes do incên
Foto: www.atribuna.com.br

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios Derivados de Petróleo e Combustíveis de Santos e região (Sindminérios), Adilson Carvalho de Lima, acompanha a situação de risco dos funcionários das empresas da Alemoa há muito tempo. "Sabemos da periculosidade do trabalho a que estamos expostos, mas o baixo número de funcionários e a sobrecarga de trabalho possibilitam que falhas aconteçam", diz ele, que recebeu denúncia no mês passado de um grande vazamento de gasolina na área do incêndio. Lima afirma que já apresentou aos ministérios públicos federal e estadual a situação dos trabalhadores do distrito industrial de Santos. Confira trechos da entrevista dada a A Tribuna:

Quais problemas foram detectados pelo Sindminérios?

Com uma série de demissões que ocorreram nas indústrias da região e alguns afastamentos (em decorrência do excesso de trabalho), começaram a aparecer condutas diferentes. A abertura de um tanque, por exemplo, num horário que não deveria ser aberto. No dia 23 de março, recebemos a denúncia de que durante uma operação houve vazamento de gasolina, num volume muito grande, que prejudicaria os funcionários.

O senhor sabe estimar o volume deste vazamento?

Acreditamos que tenha sido de aproximadamente 400 mil litros de gasolina, um volume que me surpreendeu. A empresa informou que conseguiu retornar esse produto, mas não sabemos de que forma. O mesmo local onde houve esse vazamento teria sido o do incêndio. Não sei se há relação, mas existe possibilidade.

Quais os riscos para os trabalhadores daquela área?

Toda a operação desenvolvida durante a jornada de trabalho é de risco, está condicionada à atividade do segmento. Os funcionários são treinados, realizam cursos de aprimoramento. O risco é iminente, mas pode aumentar de acordo com o que for executado. Trata-se de um serviço que não permite falhas.

E quais medidas serão tomadas pelo sindicato após o fim do incêndio?

Estamos requerendo mesas redondas ao Ministério do Trabalho para ter mais clareza da situação. Queremos que os funcionários que tiveram contato direto com o fogo, como as equipes de brigada de incêndio, tenham um acompanhamento médico pelos próximos meses, com relatório onde conste que eles estiveram expostos ao calor forte, respiraram vários gases sem máscaras e inalaram fumaça.

Empresa estava regular para trabalhar

A instalação de tanques de produtos inflamáveis e combustíveis, como os da Ultracargo, na Alemoa, em Santos, segue normas de segurança que são fiscalizadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

A última vistoria de instalações da Ultracargo ocorreu em 10 de junho do ano passado, segundo a Agência. A Tribuna pediu reiteradas vezes à Ultracargo informações sobre a distância entre os tanques, já que a propagação do fogo aconteceu de maneira rápida entre um reservatório e outro, mas não obteve resposta.

De acordo com a ANP, na época da construção do terminal, a NBR 7505, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em vigor na ocasião, foi cumprida. Em 2006, essa norma foi substituída pela primeira versão da NBR 17505, que também foi seguida pela empresa nas ampliações implementadas no terminal.

As duas normas dizem respeito, entre outros aspectos, à distância entre tanques e ao volume de espuma armazenado contra incêndio. A Prefeitura de Santos afirmou em nota que a documentação do terminal também está nos conformes: Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e licença ambiental da Cetesb.

Revisão

Após o caso da Alemoa, há a possibilidade de mudanças nas regras da Comissão de Estudo de Distribuição e Armazenagem de Combustíveis, que deu suporte a formatação da norma da ABNT.

O presidente da Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP) e relator da comissão, Paulo de Tarso Martins, afirmou na quarta-feira passada, no evento Intermodal South America, em São Paulo, que "houve falha de procedimento no terminal" e que o grupo se reunirá para discutir o assunto.

Fonte: www.atribuna.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir