Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-04-2015

Travesti presa tem rosto desfigurado em São Paulo
O advogado de Verônica, Marcello da Conceição, afirmou que vai pedir um habeas corpus
Travesti presa tem rosto desfigurado em São Paulo
Foto: www.correio24horas.com.br

A travesti Verônica Alves, 25 anos, presa por tentativa de homicídio em São Paulo, se envolveu em uma briga com agentes da polícia e chegou a arrancar um pedaço da orelha de um deles na confusão. Ela apareceu depois com o rosto desfigurado e a Defensoria Pública de São Paulo afirma que há sinais de que ela sofreu tortura.

Ela foi transferida nesta quinta-feira para o Centro de Detenção Provisória Chácara Belém 2 e ficará em uma cela especial para detentos LGBT. Em relato, Verônica disse que foi agredida por policiais na última sexta, quando foi presa acusada de homicídio culposo. Em imagens do último domingo, ela aparece com roupas rasgadas e rosto desfigurado.

O advogado de Verônica, Marcello da Conceição, afirmou que vai pedir um habeas corpus com base no fato de ela ainda não ter passado por uma audiência de custódia. Para ele, não quiseram levar a presa à audiência por conta das lesões que ela sofreu. "Ou seja, tentaram omitir a agressão que ela sofreu", disse o defensor ao Extra.

Verônica narrou aos advogados do Centro de Cidadania LGBT da Prefeitura de São Paulo que foi alvo de agressões em vários momentos, por parte de PMs e de policiais "de preto", que seriam do Grupo de Operações Táticas Estratégicas (GOE). Ela narrou os momentos de agressão como da prisão, quando atacou o agente carcerário e a caminho do hospital, onde foi encaminhada para tratar os ferimentos. Ela se encontrou com a mãe na terça, em ação intermediada pelo Cads.

Um áudio que seria de Verônica circula pela web. Nele, ela afirmaria que estava "possuída" e que precisou ser contida pelos policiais. Diz ainda que não foi alvo de tortura. "Está muito claro agora que não houve tortura. A Verônica reconhece que ela mesma entrou nessa briga", diz na gravação a coordenadora de Políticas para Diversidade Sexual da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, Heloisa Gama Alves. A secretária não quis comentar o áudio.

Tortura
Para a Defensoria Pública, o áudio divulgado é questionável. Fotografias feitas pelo órgão mostram Verônica com rosto inchado e com lesões na barriga e nas costas. A Defensoria acredita que há sinais de tortura, maus-tratos, abusos, exposição indevida da imagem, coação e constrangimento ilegal na prisão de Verônica.

"Há suspeita de tortura em virtude de como o rosto de Verônica ficou desfigurado", diz a defensora pública Juliana Belloque ao G1. "É difícil acreditar que para conter uma presa ela tenha que ficar com o rosto espancado".

A defensora questiona o áudio com a suposta confissão de Verônica. Ela quer saber como os dois arquivos foram gravados. Ela diz ainda que os áudios possivelmente foram feitos na delegacia onde ela foi agredida anteriormente e sob a presença de policiais, o que sugere constrangimento.

"Tal cenário evidencia uma situação de constrangimento nas declarações dela, num ambiente que, em tese, sofreu agressões e maus-tratos", disse Juliana. "A presença dos policiais foi ostensiva e intimidatória".

Verônica foi presa na sexta-feira (10) por suspeita de tentativa de assassinato a uma vizinha idosa. No domingo (12), a travesti supostamente se envolveu em confusão com outros presos e foi acusada de arrancar a dentadas a orelha de um carcereiro. O caso gerou uma campanha nas redes sociais, o #SomosTodosVeronica.

Fonte: www.correio24horas.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir