Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-01-2007

Hugo Chávez
Na sua terceira posse como presidente da Venezuela, Hugo Chávez prometeu fidelidade ao que chamou de "socialismo do século XXI"
Hugo Chávez

Na sua terceira posse como presidente da Venezuela, Hugo Chávez prometeu fidelidade ao que chamou de "socialismo do século XXI". O deputado venezuelano Juan Carlos Dugarte, em recente entrevista ao jornal Folha de São Paulo, tentou explicar do que se trata isso. Segundo ele, "o social é o mais importante para a revolução bolivariana. Cristo praticava a solidariedade, o amor, valores que se perderam no mundo. Queremos resgatá-los"...

Vamos por partes: Na ONU, Hugo Chávez se referiu a George W. Bush como ao Diabo. Agora este aliado usa argumentos religiosos para explicar o socialismo que querem implantar lá. Afinal, o diferencial do socialismo no século XXI é que ele deixou de ser hostil às religiões? O papa Bento XVI acaba de se pronunciar quanto ao perigo de regimes autoritários na América Latina (talvez seja uma referência à Lei Habilitante, pela qual Chávez vai governar o país por decreto durante 18 meses, fazendo ele mesmo o que compete ao parlamento...). Chávez respondeu às críticas de bispos venezuelanos dizendo: "Eu não gostaria de voltar aos tempos do confronto com os bispos, mas não é minha escolha... eu estarei aqui com meu fogo, defendendo o Estado Venezuelano".

Deixando motivações religiosas de lado (se é que é possível comprender o chavismo como não sendo uma espécie de religião), o fato é que Hugo Chávez está conseguindo ser uma espécie de pontífice da esquerda sulamericana, e vem conseguindo cada vez mais adeptos: o nosso Lula, Evo Morales na Bolívia, Miclelle Bachelet no Chile, Néstor Kirchner na Argentina, Daniel Ortega na Nicarágua, Correa no Equador etc... há um levante histórico na América Latina que pretende contrapor o imperialismo norte-americano, que por si mesmo já não está bem das pernas.

Não se sabe ainda no que vai dar esta tentativa continental de mudar paradigmas centenários em nossas nações latinas. O encontro destes chefes de Estado no Rio de Janeiro talvez aponte alguns caminhos, ao menos nos acordos comerciais, que são a alma do negócio nas relações internacionais. Enquanto isso, peçamos a intercessão de "São" Simón Bolívar para que toda a revolução socialista de Chávez não descambe em mais ditaduras para a nossa tão torturada América Latina.

    Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir