Era domingo e já passava do meio dia, notei o quanto minha rotina tinha sofrido baixas. Já não vejo ninguém “pegando jacaré”. Nem jogando frescobol
Sem perceber me deparei sentado nas pedras que ficam no prolongamento da praia da Barra do Itapemirim. Ali gostava de contemplar o mar e toda a sua vastidão. Há anos não faço isso.
Comentando com amigos, disseram que é a famosa crise dos "quase cinqüenta". Será?
Era domingo e já passava do meio dia, notei o quanto minha rotina tinha sofrido baixas. Já não vejo ninguém "pegando jacaré". Nem jogando frescobol. Da praia íamos direto para o rio Itapemirim "tirar o sal", nas suas águas límpidas. Hoje o portinho desapareceu, e suas águas tornaram barrentas.
Do almoço na casa de minha tia com a família saboreava a deliciosa galinha ao molho pardo. Depois caminhava ansioso para jogar no segundo quadro do Ypiranga. O "Tubarão da Barra" é um time bissexto.
Meus tios morreram. Será que é a tal crise que me abate como um marlim azul que luta para não ser fisgado? A música não é a mesma, os trajes nem pensar. Cuba Libre sumiu. Maconha é careta. As festas começam quando deveriam terminar.
Não tem jeito é a crise! Um amigo meu ficou uma semana pensando na morte. Nas doenças que começam. A próstata, a alimentação que deveria mudar. Serenata nem pensar é perigoso levar um tiro do pai ou assaltado por um meliante.
Sim, bandido, hoje é meliante. Peroá nem pensar é artigo de luxo. Ainda tem a caminhada. Os exames com aqueles dispositivos colocados ao longo do corpo, que não é o mesmo. Essa fase é cruel, silenciosa, e chata. Todos se acham no direito, na razão de escrever a sua biografia e comparar épocas. Temos a impressão que o passado foi melhor do que o presente.
Mas sabe de umas coisa: o mar e toda a sua vastidão não mudou e não mudará!
Tenho de vir mais vezes aqui.
Fonte: O Autor
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