Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 25-02-2007

NOSSO SANTO ANTÔNIO
Frei Antônio Galvão será canonizado no dia 11 de maio em São Paulo pelo papa Bento XVI
NOSSO SANTO ANTÔNIO

Ele é o primeiro santo brasileiro de pai e mãe. Demorou mas chegou: Frei Antônio Galvão será canonizado no dia 11 de maio em São Paulo pelo papa Bento XVI. Enfim, teremos também, como os portugueses de Pádua, um Santo Antônio; também frade, também discípulo do pobre Francisco de Assis.

Quinhentos e sete anos para que se reconhecesse oficialmente que esta Terra de Santa Cruz não gera apenas selvagens comedores de Sardinha, mulatas com os balangandãs de fora e homens corrompidos de colarinho branco. Enfim, temos uma esperança: é possível ser um legítimo santo sendo um brasileiro da gema; está confirmado e lavrado em cartório que a brasileirice não é incompatível com a santidade.

Frei Galvão não seria jamais canonizado se não conseguisse milagres. Mas se aquele frade paulistano dos séculos XVIII/XIX pregasse como Santo Antônio de Pádua, tivesse êxtases como os de Santa Teresa d'Ávila, conseguisse ler as almas como São João Maria Vianney ou convertesse almas como milhares e milhares de santos europeus, certamente ficaria anônimo e escondido no meio do padroado.

Ainda bem que a santidade dele vem ao encontro do povo brasileiro na sua concretude mais cruel: pessoas enfermas recuperam a saúde tomando pílulas abençoadas por Frei Galvão. Nada mais brasileiro do que isso (vide a situação do SUS...).

Aliás, a palavra santidade tem a mesma raiz latina que saúde. Como na metáfora que Jesus fez para responder ao preconceito dos fariseus e mestres da Lei com relação aos pecadores com quem Ele andava – "não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes" (Lc 5,31), a Bíblia nos fala do pecado como enfermidade do espírito. Logo, tornar-se santo significa ir recuperando a saúde espiritual das nossas origens.

Santo Antônio Galvão é o primeiro concidadão nosso com o atestado eclesiástico de que alcançou a cura dessa enfermidade espiritual e pode ser invocado como um auxílio diante do trono do Deus Santíssimo, inclusive para as nossas enfermidades corporais.

O Vale do Paraíba é mesmo um lugar que respira espiritualidade: lá iniciou-se a devoção àquela que passou a ser chamada de Nossa Senhora Aparecida devido ao surgimento miraculoso de uma imagem nas redes do pescador; lá também Frei Galvão exerceu o seu ministério pastoral e se fez santo; lá ainda se encontra atualmente o maior centro de evangelização católico do mundo, a Canção Nova.

Talvez São João Bosco tenha se enganado nas coordenadas que deu às autoridades brasileiras quando teve a famosa visão de que no centro geográfico do país emanaria uma grande energia espiritual... E se fez Brasília por causa dessa revelação.

Se tivessem construído a capital do Brasil no Vale do Paraíba, certamente haveria menos trogloditas no poder e mais pessoas "saudáveis" em todos os sentidos da palavra. Que nosso Santo Antônio, que não é casamenteiro, interceda por todos nós. Amém.


    Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir