Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-03-2007

O FORTE APACHE DE IMPERATRIZ
Caro(a) leitor(a), imagine um cabar� de cegos. Tudo na maior confus�o. Ningu�m enxerga nada. Todos se acotovelam, e de vez em quando algu�m cai no ch�o, sendo pisoteado
O FORTE APACHE DE IMPERATRIZ

Caro(a) leitor(a), imagine um cabar� de cegos. Tudo na maior confus�o. Ningu�m enxerga nada. Todos se acotovelam, e de vez em quando algu�m cai no ch�o, sendo pisoteado. O barulho � insuport�vel. A m�sica, mais enlouquecedora do que esses bate-estacas de raves - um conjunto de ru�dos que se torna suport�vel apenas se o ouvinte tomar alguma droga, em geral il�cita. De vez em quando, por puro acaso, algo d� certo ou come�a a ter a perspectiva de dar certo, embora as chances, num ambiente desses, � de que tudo d� errado, mesmo.

Assim foi, assim � e parece que assim continuar� sendo o Brasil. O mais recente exemplo a dar suporte � teoria de que o Brasil n�o passa de um cabar� de cegos vem do Maranh�o. Est� tudo nos jornais e, em resumo, � o seguinte: a fam�lia que manteve um dom�nio feudal sobre o estado durante quatro d�cadas entrou pelo cano nas �ltimas elei��es para governador. Eis que das catacumbas surge a proposta de realiza��o de um plebiscito para a cria��o do estado do Maranh�o do Sul. O objetivo mais imediato, claro, � o de rachar ao meio o terreno conquistado pelos advers�rios. Perdida a cidade de S�o Lu�s, � chegada a hora de tentar montar um novo forte apache em Imperatriz.

� assim que as coisas funcionam no Brasil: aos arrancos, aos trancos e barrancos. N�o � um conjunto de racioc�nios claros e l�mpidos, mas sim um cora��o partido que acaba determinando mudan�as muito importantes para o pa�s, como essa de dividir em dois, tr�s, quatro, cinco peda�os esses estados imensos que n�o t�m a menor chance de se desenvolver se n�o forem retalhados. Num pa�s desse tamanho, n�o h� dinheiro que resolva, e, n�o se esque�a, n�o h� capacidade administrativa instalada - em geral, o QI dos nossos donat�rios � simplesmente muito baixo, e quase todos eles demonstram compartilhar de uma miopia cr�nica dif�cil de ser erradicada.

A�, chega-se � encruzilhada. Por um lado, � mais do que �tima a id�ia de se partir em dois o Maranh�o, logo contestada por aqueles que s� v�em o incha�o da m�quina p�blica, sem pensar no resto. Agora. Por outro lado, o Brasil s� vai conseguir esse tipo de reformas geopol�ticas, administrativas, quando algu�m perder a elei��o e fizer beicinho? Nesse ritmo, n�o vai haver PAC que ag�ente pra tentar empurrar o Brasil pra frente...

E j� que estamos em estado alfa, caro(a) leitor(a), aproveite a onda e imagine um Brasil com cinq�enta e um estados - n�o � uma boa id�ia? - com regime parlamentarista e sua maior estabilidade pol�tica em v�rios sentidos, e o voto distrital puro - ou seja, cada representante gastando a sola de seu sapato em uma pequena regi�o, indo de casa em casa para explicar ao seu eleitor o que anda fazendo depois de eleito - sem falar na resultante de um aumento consistente do PIB de oito, nove, dez por cento, ano ap�s ano.

Pronto, pode acordar. Nada disso acontece porque n�o se divide os estados em peda�os menores, n�o se implementa o voto distrital, n�o se adota o regime parlamentarista. Um dia, quem sabe? Vai ver que �, por causa disso tudo, que esse cabar� de cegos � considerado o pa�s do futuro. No meio dessa confus�o toda, parece que � por aqui que Deus ainda consegue escrever o certo por linhas tortas. S� que, vamos e venhamos, demora pra burro.


    Fonte: Direto da Reda��o
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir