Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 18-06-2007

A PRESUNÇíO DA LIBERTINAGEM
O recente episódio do panfleto prestes a ser distribuído durante a parada do orgulho gay em São Paulo nos fala de algumas coisas que não podem passar em branco
A PRESUNÇíO DA LIBERTINAGEM

O recente episódio do panfleto prestes a ser distribuído durante a parada do orgulho gay em São Paulo nos fala de algumas coisas que não podem passar em branco. Trata-se de material pago com dinheiro público, inclusive com a logomarca do governo federal, trazendo, dentre outras imoralidades, informações sobre qual a forma politicamente correta de cheirar cocaína e como fazer higienicamente um cigarro de maconha. Se os homossexuais organizados queriam, com esse movimento, afirmar a dignidade de sua condição e exigir o respeito às suas opções, o que conseguiram foi deixar mais evidente o que todos, no fundo, já sabem: há um submundo de depravação e toda sorte de erros morais na onda de "orgulho gay".

Para começar, é aceitável falar de orgulho em identidade sexual? Se alguém vier a público e disser que tem orgulho de ser heterossexual, provavelmente vai ser (mal?) interpretado como sendo preconceituoso e digno de cadeia perante a nossa carta magna. Se a intenção dos movimentos promotores da parada é protestar contra a discriminação, encher o trio elétrico justamente com as caricaturas mais preconceituosas da homossexualidade – travestis, transexuais e figuras explicitamente apologéticas à prostituição e à promiscuidade – e ainda por cima ostentar a palavra orgulho diante de tudo isso soa de forma negativa, dando um tom de arrogância e presunção.

Devemos ter orgulho de ser brasileiros, orgulho de ser trabalhadores e honestos, orgulho de não financiarmos o tráfico de drogas e o crime organizado, orgulho de defender os valores da família e de colocar limites aos próprios impulsos e fantasias, orgulho até mesmo de assumir os próprios desejos para si ao invés de camuflá-los perversamente, orgulho de viver sadiamente com a própria identidade e/ou opção sexual, seja ela qual for. Este é um "santo orgulho"; e "orgulho" aqui é até uma palavra de efeito que quereria dizer, na verdade, honra, satisfação, dignidade. Mas orgulho de fazer parte de um grupo que se diz tão unido e numeroso e que traz junto de si a apologia ao uso de drogas ilícitas e a ideologia da libertinagem sexual que destrói casamentos e é grande responsável pela Aids e outras doenças? Onde está a honra de fazer parte de um grupo desses?

Parece que, diante dessa onda do "tudo pode", o governo pretende investir aos poucos numa política pública de "redução de danos". É uma opção grosseira por uma má interpretação do instituto ético do "mal menor". A filosofia moral ensina que, diante de um impasse no qual um mal é inevitável e evidente, a consciência deve procurar extrair daí o menor dano possível, para salvar ao máximo que puder a dignidade humana. Mas essas situações são limites e gravíssimas, pontuais e específicas. Não se pode aplicar à revelia essa solução pensando que ela é sempre moralmente justificável. Neste caso específico, diante da disseminação das drogas entre o público da parada gay, o correto seria investir pesado na conscientização quanto aos prejuízos destas à saúde, à ordem jurídica e à paz cívica. Considerar aquele público como alvo de um mal inevitável e evidente equivale ao cúmulo do preconceito; seria afirmar eugenicamente que o homossexualismo traz em si alguma propensão à dependência química.

O governo cai, na verdade, numa grande incoerência se, por um lado, diz que o consumo de drogas é ilícito e, por outro lado, dá dicas de como fumar bem um baseado. Nesse ritmo em que se está, é possível que até cheguemos à publicação de cartilhas trazendo outras úteis orientações: "como desviar dinheiro público com eficiência", ou "dicas para um aborto seguro", ou ainda "aprenda a montar o seu próprio ponto de drogas"... Ainda bem que, na última hora, o mínimo do pudor e da prudência acabou vencendo a presunção da libertinagem!

Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir