Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 26-06-2007

VÁCUO DE PODER
Pode até parecer coisa de macumba, mas. o Brasil está numa encruzilhada. Em meio a tentativas brancaleônicas e kafkianas
VÁCUO DE PODER

Pode até parecer coisa de macumba, mas. o Brasil está numa encruzilhada. Em meio a tentativas brancaleônicas e kafkianas de intimidação de jornalistas que ousam manifestar seus pontos de vista independentes - ou até mesmo contrários - ao que a burrice esquerdista chama de "unidade", a nação entra num perigosíssimo vácuo de poder e governo com resultados imprevisíveis.

Senão, vejamos: o Brasil vive hoje uma espécie de "você finge que me ama, e eu finjo que acredito", em todos os níveis. Existe segurança pública? Há carros da polícia rodando pelas ruas, mas. Existe saúde pública? Há hospitais abertos e funcionando, mas. Existe educação de qualidade, pública e privada? Há escolas abertas que aprovam turmas e turmas de estudantes, mas. Existe um sistema organizado de três poderes? Claro, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário estão aí para todos verem, mas completamente dissociados do mundo real, como se o Brasil do dia-a-dia vivesse na água e os três poderes no óleo. Existe mesmo a ética? O conceito está nos livros e nos discursos de alguns, mas.

O nível baixou tanto que, como diz mestre Millôr Fernandes, desmoralizaram até a desonestidade. A situação é tão grave que não cola mais a explicação de que "nunca antes nesse país" combateu-se tanto e tão abertamente a corrupção. Além de acobertados e impunes, os calhordas agora tratam de envolver gente honesta, ainda que desavisada, em suas tramóias. Os verdadeiros corruptos estão condenados e permanentemente trancafiados na cadeia? Não.

Onde está a gravidade e a imprevisibilidade do que vem por aí? Bem, a partir de um cenário onde um governo segue em queda livre, corrupção abaixo, e as instituições - em seus diversos níveis - deixam de possuir e exercer sua função verdadeiramente reguladora da vida nacional (das atividades produtivas da sociedade, por exemplo), surge um vácuo de poder onde o sistema democrático passa a correr perigo e tudo pode acontecer.

O Brasil queimou sua chance de buscar uma liderança jovem, ousada e inovadora, contrária aos vícios e excessos históricos, da mesma forma que não mais dispõe - tanto quanto se saiba - de uma caserna pronta e/ou disposta a tentar um novo "conserto" que se pretendia "redentor" mas que se revelou um fracasso, quando foi tentado em 1964. A estrutura política de situação e oposição se resume a uma piada infeliz, sem tônus para promover qualquer mudança significativa nas estruturas atuais com vistas a preparar terreno para algo mais coerente no futuro.

Enquanto o Brasil mergulha nesse vácuo de poder e de governo, segue fime o processo de colombianização que já toma boa parte do estado do Rio de Janeiro, de quase todo o sistema prisional, e - por quê não dizer?, de significativa parcela do Judiciário do país. A História mostra, geralmente, que quem detém o poder de direito é o detentor do poderio bélico de fato. Descartando-se a delirante possibilidade de formação de "esquadrões do bem", onde cidadãos genuinamente patriotas se organizariam com o objetivo de levar a cabo uma guerra civil que derrotasse toda a escória da humanidade que atua sem demonstrar vergonha pelo que faz, quem sobra para tomar conta do espólio? O PCC? Uma superpotência estrangeira?

Senhoras e senhores, a banca está aberta. Façam suas apostas.


Fonte: O Autor
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir