Categoria Cinema  Noticia Atualizada em 07-07-2007

Enciclopédia da bruxaria Harry Potter
A operação secreta armada para proteger o novo - e último - livro e o quinto filme da série Harry Potter
Enciclopédia da bruxaria Harry Potter
Foto: http://pub.tv2.no

Os escritórios da editora Bloomsbury e da distribuidora Warner Brothers ficam próximos: a Bloomsbury na Soho Square e a WB na Theobald’s Road, ambas no centro de Londres. São dois prédios discretos e bem vigiados. Neles, estão guardados os segredos de Harry Potter, o personagem da ficção que mais vendeu livros em todos os tempos e que tem arrecadado bilhões de dólares em bilheteria, vendas de DVD e games.

A Bloomsbury – em associação com a editora americana Scholastic – anuncia para a meia-noite de 21 de julho o lançamento de Harry Potter and the Deathly Hallows (Harry Potter e as Relíquias da Morte, título da tradução brasileira), da autora inglesa J.K. Rowling. É o sétimo e último volume da série do bruxo, iniciada há dez anos por Jo – como é conhecida a escritora, que se chama Joanne Kathleen. A Warner programa para a quarta-feira 11 a estréia mundial de Harry Potter e a Ordem da Fênix, o quinto longa-metragem da seqüência iniciada em 2001, sob a supervisão da autora e com direção do estreante David Yates.

Em torno dos dois eventos, circulam enigmas e perguntas. Está armada uma rede de proteção àquilo que os editores e realizadores denominaram "momento mágico", o instante da descoberta de um mistério: o que acontecerá ao bruxo Harry Potter? Ele vai morrer? Reencontrará seus pais? O menino órfão vencerá as trevas ou sucumbirá ao maligno Lorde Voldemort? Descobrirá por que foi predestinado a assumir a liderança dos bruxos do bem na luta contra a magia negra?

A curiosidade sobre a história lateja na mente das centenas de milhões de fãs da série, que já vendeu mais de 325 milhões de exemplares. Além de ter se tornado o maior fenômeno literário do início do século XXI, J.K. Rowling conseguiu atrair para a literatura uma geração fanática por tecnologia e antes considerada perdida para a fantasia e a ficção.

Os fãs deverão ficar em suspense até o último instante. O esquema de segurança é praticamente inexpugnável. Apenas 12 pessoas tiveram acesso ao texto, mantido em duas "câmaras secretas", uma nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra.

No Brasil, os seis primeiros títulos da série venderam cerca de 2,5 milhões de exemplares.

J.K. Rowling terminou a redação do original no dia 11 de janeiro, num hotel em Edimburgo, na Escócia, cidade onde mora – ela completa 44 anos em 31 de julho (data de aniversário de Harry Potter), é divorciada e tem uma filha. No mesmo dia, seu agente literário, Christopher Little, enviou o livro ao presidente da Bloomsbury, Nigel Newton. Este passou o material para o diretor-executivo David Ward e para a editora da linha infantil, Sarah Odelina. Ela e mais dois artistas gráficos – um para a versão juvenil, outro para a destinada a adultos – e uma revisora passaram a trabalhar na edição, sempre em contato com a autora, para revisar e esclarecer passagens.

A operação americana ocorreu simultaneamente. O advogado da Scholastic, Mark Seidenfeld, foi a Londres retirar uma cópia do original com Little. Para não ter dúvida sobre a segurança, ficou sentado sobre as 784 páginas do volume durante a viagem de avião de volta a Nova York, sem ler o conteúdo. Entregou o material a Arthur Levine, editor encarregado da obra de J.K. Rowling nos Estados Unidos, e Cheryl Klein, uma especialista em Potter, para checar as informações. A ilustradora americana Mary GrandPré recebeu uma cópia. O trabalho das duas editoras foi reenviado à autora. Algumas semanas se passaram até Jo mandar a versão definitiva para Little. Esta foi enviada a Sarah, da Bloomsbury, e Seidenfeld, da Scholastic – em nova viagem transatlântica. Em duas gráficas mantidas em segredo, na Inglaterra e nos EUA, foram impressos e já estão sendo empacotados os livros da tiragem inicial, de 24 milhões de volumes. O esquema de distribuição por entrega rápida inclui a chegada das caixas de livros nas livrarias oito horas antes do horário marcado para a venda, nos primeiros segundos da madrugada de 21 julho.

Nesse meio-tempo, Jo monitorou o quinto filme da série, em encontros com o roteirista Michael Goldenberg, o produtor David Heyman e o diretor David Yates. "A gente trabalhou intensamente com ela", disse Goldenberg a ÉPOCA. "Jo é muito detalhista e, como não sabemos o fim da história, ela pediu que tirássemos personagens que incluímos e que mantivéssemos outros que achávamos dispensáveis. Só ela tem a chave!" O diretor também precisou seguir uma série de prescrições sobre a trama, sem saber o final. "Fui contratado para fazer A Ordem da Fênix (o quinto filme) e o próximo filme (O Enigma do Príncipe)", afirmou a ÉPOCA (leia a entrevista na seqüência da matéria). "Mesmo assim, tive de manter algumas linhas do enredo que eu queria eliminar por causa do final." Heyman disse à imprensa mundial que a escritora já lhe revelou algumas charadas nas conversas que tiveram em Edimburgo nos últimos meses. "Mas não conto a vocês nem sob tortura!".

No mundo de Harry. A reportagem de ÉPOCA foi a Londres conferir de perto o lançamento do quinto filme e do último livro da série do bruxo adolescente. Os produtores do filme e os editores do livro montaram uma operação secreta para proteger o destino de Potter, mas nós conseguimos entrar nos bastidores dessa super-produção.

Fonte: Luís Antônio Giron, de Londres - http://revistaepoca.globo.com
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir