Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 01-10-2007

QUEM GANHA COM O BOLSA-ESMOLA
L� vou eu de novo atrair a ira de uma parcela dos leitores desta coluna, mas� o que fazer?
QUEM GANHA COM O BOLSA-ESMOLA

L� vou eu de novo atrair a ira de uma parcela dos leitores desta coluna, mas� o que fazer? Numa adapta��o do que disse Dias Gomes certa vez, se eu n�o estiver incomodando, n�o vai valer a pena ter vivido. � que eu tenho essa mania de comparar as coisas, e esse exerc�cio tampouco vai cair bem para o esquem�o que desgoverna o Brasil atual, que insiste em olhar para o pr�prio umbigo e n�o aprender com as experi�ncias bem sucedidas dos outros � ou, nesse caso, evitar os erros cometidos l� fora.

O erro em quest�o tem a ver com a sistem�tica posta em pr�tica na extinta � enfatize-se o "extinta" � Uni�o Sovi�tica. Qual foi um dos principais motivos do ingl�rio fim da experi�ncia "bolchevique", um nome que ainda � coqueluche entre a companheirada?

Ali�s, abro par�nteses aqui: essa fascina��o com bolcheviques e sei mais l� o que me remete �queles coitados combatentes japoneses que ficaram escondidos na selva durante d�cadas, achando que a Segunda Guerra ainda estava em curso, ou essa novidade do atual papa querendo voltar a rezar missa em l�ngua morta � fecha par�nteses. Vai ver que no manual relativista da mediocridade em vigor para os cumpanh�ro, tamb�m deve valer "as duas forma" para as express�es "extinto" e "l�ngua morta".

A resposta � pergunta acima est� no cerne do equ�voco que se teima em repetir no fazend�o, hoje em dia, em pleno s�culo 21. A Uni�o Sovi�tica entrou pelo cano � entre outras coisas � pela excessiva intromiss�o do Estado na vida dos cidad�os. Em outras palavras, existe uma coisa em qualquer lugar do mundo chamada "Lei do Menor Esfor�o".

Creio que o primeiro exemplo de validade dessa lei, entre n�s, ocorre na escola, quando a professora manda a sala fazer trabalho em grupos. Em geral, uns poucos ralam, muitos se d�o bem nessa est�ria. Agora, se na extinta � enfatize-se o "extinta" � Uni�o Sovi�tica o Boris Putchenko recebia uma grana do governo todo m�s, quer ele trabalhasse ou n�o na reparti��o (leia-se "aparelho") estatal inventada para justificar sua exist�ncia ali, por qu� diabos ele iria correr atr�s de alguma coisa, a n�o ser que f�sse il�cita e valesse muito a pena? Pois foi assim que a m�quina emperrou. Um sempre achava que o outro ia fazer o trabalho, e ningu�m fazia nada. Essa, ali�s, � a g�nese do bolsa-esmola, que carcome qualquer sociedade, roubando-a de um sentido de dignidade para seus cidad�os.

Aqui no fazend�o, o governo pseudo-socialista entendeu � corretamente, por sinal � que algo precisava ser feito pela gigantesca massa de deserdados da sociedade. Mesmerizada quanto aos princ�pios de solidariedade socialista mas cega, surda e muda quanto aos resultados, a companheirada correu atr�s das experi�ncias da extinta � enfatize-se o "extinta" � Uni�o Sovi�tica. E tascou a distribuir dinheiro entre a turma que at� ent�o s� tinha ouvido falar disso, sem se preocupar em aperfei�oar o mecanismo de redistribui��o de renda. Poderia torn�-lo tempor�rio, talvez, ao exigir contrapartidas de verdade dos adultos � n�o apenas a frequ�ncia de alunos nas escolas � sob a forma de algum tipo de atividade que lhes restaurasse a dignidade perdida ou mesmo incutisse neles uma dignidade que nunca existiu.

Nada disso, e pior ainda: a companheirada descobriu que essa compra de votos de maneira perfeitamente legal era a super-ultra-hiper-marreta, sem chance de uma lamban�a como a do mensal�o. Resultado: no Nordeste de hoje, est� dif�cil encontrar m�o-de-obra. Um religioso nascido l� e que circula com desenvoltura pela regi�o afirma que ningu�m quer mais sair para trabalhar, j� que o dinheiro chega na porta de casa sem que algu�m precise correr atr�s dele � e esse contingente desocupado, claro, entre um gole da branquinha e outro, continua votando em quem toca a manivela para a m�sica n�o parar, jamais.

Fonte: O Autor
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir