Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 18-10-2007

BARGANHA POLÍTICA CUMPRIDA
Já faz quanto tempo mesmo que o cristianizado Geraldo Alckmin levou sua ferroada eleitoral fatal em Minas Gerais? Quase um ano, não é?
BARGANHA POLÍTICA CUMPRIDA

Já faz quanto tempo mesmo que o cristianizado Geraldo Alckmin levou sua ferroada eleitoral fatal em Minas Gerais? Quase um ano, não é? Isso é quase uma eternidade quando se fala em política brasileira. Uma gente sem memória que reelege mensaleiro pode exigir o quê?

A debâcle mineira, orquestrada mais – ou menos – explicitamente por Aécio Neves e o atual ocupante do Planalto (sobre quem li, outro dia, que além de lavar as mãos para tudo, ainda esconde o sabonete), envolvia uma troca de favores de peso: o apoio do mineiro na reeleição seria a garantia de um descarrego de votos do Norte e Nordeste para o gélido candidato em 2010.

Acerto feito, não se sabe se com ou sem aperto de mãos para selá-lo, só se sabe que a primeira parte da barganha foi cumprida à risca. Nas Minas Gerais da eterna hipocrisia, o candidato do PSDB à reeleição venceu todos os outros – inclusive um petista que costumava se fantasiar de defensor dos direitos humanos e foi o autor de uma das mais hilárias cartilhas de "correção política" nunca antes vista nesse país – por u’a maioria tão esmagadora que acabou registrada como a maior vitória eleitoral das eleições de 2006. Algo em torno dos 80 por cento, se o dr. Alzheimer não me deixa mentir.

Entretanto, se a política pê-ésse-debista era tão boa para Minas Gerais, não era o que os mineiros pensavam para o resto do Brasil. E foi lá que Alckmin se lascou irremediavelmente, como rezava o tal acerto, sem qualquer possibilidade de contrabalançar a avalanche de votos que Aquele que Nada Sabe recebeu no Norte e no Nordeste.

Vê-se, de qualquer forma, que em qualquer ramo de atividade profissional – seja ele de que nível for – existe um código de honra que deve ser respeitado e cumprido. O noticiário dominical nos brinda com uma boa notícia: o atual presidente, aparentemente determinado a manter a integridade do processo de desenvolvimento da democracia brasileira (ao contrário do vizinho bufão venezuelano), não só descartou um terceiro mandato consecutivo como adulou o enevoado governador mineiro, dizendo que admite apoiá-lo em 2010, mas que não descarta a possibilidade de voltar ao jogo político em 2014.

Palmas para ele que ele merece! Pelo menos publicamente – e, principalmente, pelo que se conhece de desempenhos anteriores d’Aquele que Levou Facada Nas Costas – sua parte na barganha já está cumprida. Como ainda falta um tempinho para 2010 e o dr. Alzheimer é muito popular por aqui, nos trópicos, nada impede que mais à frente vejamos o Neves ou esquiando ladeira abaixo, ou pendurado num sorvete sem casquinha, ou segurando uma barra de gelo sem luvas, enquanto afunda no Jequitinhonha.

Cláudio Lessa

Fonte: O Autor
 
Por:  Claudio Lessa    |      Imprimir