Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 23-11-2007

SERENIDADE
Lá pelos idos dos anos 30, segundo seus documentos, para ser mais exato em 1933, dez de dezembro de 1933 ela nasceu, portanto estava com setenta anos
SERENIDADE

Lá pelos idos dos anos 30, segundo seus documentos, para ser mais exato em 1933, dez de dezembro de 1933 ela nasceu, portanto estava com setenta anos, há dez na cama, debilitada pela doença degenerativa, que, gradualmente, foi lhe enfraquecendo a memória, depois seus membros inferiores e superiores e em seguida perdendo toda a coordenação motora e também a voz. Agora, passava todos os dias na cama e às vezes na cadeira de rodas. Olhava o seu semblante ora tristonho, distante; ora risonho, alegre até mesmo um sorriso triste, mas ali estava ela, percebendo tudo e todos, porém de uma pessoa muito especial ela ficou dependente: de sua filha. Esta renunciou a muitas coisas para cuidar única e exclusivamente de sua mãe e a ela lhe dedicava todo carinho, paciência e, principalmente, amor.

E a vida continuava o seu curso, e cada vez mais aquela mulher de fibra, ia definhando, perdendo a noção da realidade, ficando distante dos fatos, dos acontecimentos. Nunca mais andou, nem falou. Emudeceu, o seu olhar revelava mistérios, devia guardar segredos, relembrar momentos de alegria e tristeza, porque bem sabemos que a vida é feita de altos e baixos.

Sua doença progredia de uma forma acelerada, fora internada várias vezes, chegou ir à UTI, voltou ao lar, no entanto, a doença ia castigando e degenerando o seu corpo. Já não comia normalmente, tinha uma sonda ligada diretamente ao estômago por onde recebia alimentação líquida. Passou mal, mais uma vez, volta ao hospital, à UTI, seu rosto contraído revelava dores, piorou, já não respirava normalmente, em seu corpo várias escaras decúbito. Quanta dor! Quanto sofrimento! Precisamente, no dia 18/11/2003, às 18h15min. Deu adeus à vida, deixou este mundo para fazer a sua viagem diretamente ao Pai.

Apesar de tudo, diante da dor e do sofrimento deixou uma mensagem muito linda para todos nós. Ficamos muito tristes com a sua partida, nada vai preencher o vazio que ela deixou, no seu rosto dentro da câmara mortuária, fizemos uma grande e sábia leitura: havia muita SERENIDADE, muita PAZ no seu semblante. D. Benedita, você deixou uma grande saudade, mas o que nos conforta foi e sempre será a SERENIDADE que muito bem foi transmitida pela sua face.

Descanse em PAZ. Aqui, todos conservaremos você viva, bem viva nos nossos corações. Até um dia, o glorioso dia em que todos nós nos encontraremos e aí mataremos saudade, por enquanto a sentiremos daqui, distante um do outro.

Autor: Luiz Antônio Damasceno

Fonte: O Autor
 
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