Categoria Politica  Noticia Atualizada em 02-12-2007

Dividida, Venezuela vota reforma chavista
Os venezuelanos v�o decidir neste domingo (2) pelo voto popular se aprovam ou n�o a reforma da Constitui��o proposta pelo governo.
Dividida, Venezuela vota reforma chavista
Foto: www.g1.com.br

Os venezuelanos v�o decidir neste domingo (2) pelo voto popular se aprovam ou n�o a reforma da Constitui��o proposta pelo governo. E pela primeira vez em nove anos o presidente Hugo Ch�vez chega � reta final da campanha sem ter uma clara vantagem sobre seus opositores. As �ltimas pesquisas de opini�o apontam um forte equil�brio entre o "Sim" e no "N�o".

Horas antes de come�ar a vota��o, na tarde de s�bado, Ch�vez deu uma entrevista coletiva � imprensa estrangeira na qual disse estar confiante em uma vit�ria do "Sim", e por uma grande diferen�a. "Olhe para Caracas, observe o que acontece em cada estado de todo o pa�s. Ou�a o povo. � uma avalanche de vontade de mudan�a", disse o presidente.

Mas as sondagens pr�-eleitorais n�o d�o suporte � euforia chavista. Pesquisa realizada pela empresa privada Hinterlaces, entre os dias 20 e 24 de novembro, aponta um empate t�cnico entre o "Sim" e o "N�o". Entre os eleitores dispostos a participar do referendo (o voto n�o � obrigat�rio), 45% votariam no 'Sim,' e 46% no 'N�o".




AFP
Milhares de venezuelanos sa�ram �s ruas na �ltima quinta-feira (29) em passeata contra as mudan�as na Constitui��o. (Foto: Pedro Rey/AFP) Caso se leve em considera��o os eleitores que declararam que definitivamente ir�o votar e os que ainda est�o indecisos, o resultado seria de 39% para o 'Sim' e 51% para o 'N�o'.

"Os n�meros indicam que h� uma grande incerteza, e que a vit�ria do 'N�o' depende de uma participa��o eleitoral em massa", afirmou Oscar Schmel, diretor da Hinterlaces.

Pesquisas divulgadas nos �ltimos dias por outros institutos de pesquisas apontam ora vit�ria para o "Sim", ora para o "N�o" -mas sempre com uma vantagem bem pequena.



AP
Artista faz performance durante manifesta��o favor�vel �s mudan�as de Ch�vez � Constitui��o. (Foto: Rodrigo Abd/AP) Como o voto n�o � obrigat�rio no pa�s, a absten��o de eleitores do pa�s costuma ser bastante alta. Nas cinco vezes em que os venezuelanos foram �s urnas desde 2004, a menor taxa de absten��o de eleitores se deu na elei��o presidencial do ano passado, quando 25,3% dos eleitores deixaram de votar. Na elei��o parlamentar de 2005, a absten��o chegou a 75,1%, segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral.

Nas ruas de Caracas h� um grande equil�bro de manifesta��es dos dois lados nesse referendo, com alguma vantagem do "Sim" em cartazes espalhados por toda Caracas.

Os partd�rios do presidente tamb�m tiveram um n�mero maior de militantes em seu encerramento de campanha, realizado na �ltima sexta-feira, em compara��o com os reunidos pela oposi��o um dia antes. Estat�sticas n�o oficiais d�o conta de que os chavistas reuniram 250 mil pessoas na Avenida Bol�var, enquanto a oposi��o, um dia antes, juntou cerca de 150 mil.



Lei seca
Para evitar conflitos mais violentos, o governo instituiu a lei seca, proibindo bebidas alco�licas, e suspendeu o direito a porte de armas. Ch�vez alertou que nenhuma rede de TV deve publicar resultados parciais ou de pesquisas de boca-de-urna antes do fim da vota��o, tudo a fim de evitar escalada da tens�o e aumento de confrontos entre os eleitores.



A vota��o acontece em dois blocos, nos quais est�o divididos os 69 artigos que o governo prop�e alterar. Entre as propostas mais pol�micas est�o a que aumenta o mandato presidencial de seis para sete anos e o que permite que o presidente seja reeleito indefinidamente, em elei��es regulares.

A proposta de reelei��o indefinida est� no mesmo bloco de uma das medidas mais populares, a que reduz a carga hor�ria de trabalho no pa�s para seis horas di�rias. Os eleitores venezuelanos podem votar "Sim" ou "N�o" em cada um dos dois blocos de artigos, mas toda a campanha do governo e da oposi��o foi feita sobre um �nico voto para os dois blocos, o que deve fazer com que o resultado seja fechado nos dois grupos de artigos.

Entenda o que est� em jogo neste referendo

Quase todo o pa�s far� sua escolha e urnas eletr�nicas. Apenas 100 mil pessoas votar�o de forma manual. O sistema eletr�nico passou por uma s�rie de auditorias internacionais, que garantem que o resultado da vota��o ser� correto. Al�m dos votos eletr�nicos, as urnas emitem um certificado impresso, que � inserido em urnas que podem ser usadas numa poss�vel recontagem dos votos.

Ao todo, 16 milh�es de venezuelanos est�o habilitados para votar nos 11.132 centros registrados.



Ch�vez enfraquecido
"Pela primeira vez o presidente chega a um ato eleitoral sem maioria, sem uma proposta atraente e com seus seguidores fatigados e divididos", afirmou Oscar Schemel, da Hinterlaces.



Segundo o estudo dessa empresa, a vontade da maioria da popula��o venezuelana j� mostrada no m�s de setembro � a de que a vota��o sobre a reforma de 69 dos 350 artigos da Constitui��o de 1999 fosse feita artigo por artigo. Dos entrevistados, 64% desejavam votar na reforma por partes, contra 24% que se mostravam a favor de que a consulta se fizesse em um s� bloco, como propunha Ch�vez. "Isto significa que at� entre os chavistas h� �tens que n�o aprovam", disse Schemel.

Os temas de maior preocupa��o s�o os relacionados � propriedade privada e ao sistema democr�tico, diz o estudo.

Sabendo da import�ncia da sua popularidade pessoal, o presidente Ch�vez aproveitou seu discurso no encerramento da campanha pelo "Sim", na �ltima sexta, para dizer que quem vota "N�o" vota contra ele, e que ele considera isso uma "trai��o".



Oposi��o
A proposta de reforma gerou dissid�ncias no chavismo, sendo a mais not�ria a do partido da esquerda moderada, o Podemos. Tamb�m repercutiram as posi��es demonstradas pelo ex-ministro da Defesa, Ra�l Baduel, e pela ex-mulher de Ch�vez, m�e de sua filha mais nova e constituinte em 1999, Mar�a Isabel Rodr�guez.



Com sete deputados na Assembl�ia Nacional, dominada totalmente pelo chavismo, o Podemos se op�s � aprova��o da reforma constitucional, especialmente em rela��o a uma nova divis�o pol�tico-territorial com autoridades a serem nomeadas pelo presidente.

Baduel, o general que enfrentou o golpe de Estado de 2002 e recolocou Ch�vez na Presid�ncia, e Mar�a Isabel Rodr�guez defendem o "N�o" � reforma, opondo-se a que o pa�s seja levado a um modelo socialista.



Tens�o
Tanto a oposi��o quanto o governo se dizem prontos para aceitar a derrota, caso ela ocorra. Os dois lados, entretanto, se manifestaram publicamente dizendo ter certeza de que seus opositores n�o v�o aceitar a derrota e v�o tentar dar um golpe, ou agir para desestabilizar o Estado.


"Os Estados Unidos e o mundo t�m que aceitar a vontade democr�tica do povo venezuelano", disse Ch�vez durante a entrevista concedida na v�spera da vota��o, quando voltou a falar de compl�s internacionais sobre seu governo.

Depois de iniciar a entrevista discorrendo longamente sobre as manipula��es a m�dia internacional, especialmente da rede de TV norte-americana CNN, contra seu governo, Ch�vez disse conhecer planos reais de que os Estados Unidos estariam preparados para apoiar tentativas de desestabiliza��o do pa�s, caso o "Sim" ven�a o referendo. "Os Estados Unidos t�m um plano de invas�o da Venezuela, e a CNN ap�ia este plano", disse o presidente.

"O governo dos EUA continua empenhado em derrubar o governo bolivariano. Temos documentos que comprovam isto", disse. Depois de falar sobre o que considera o risco de interfer�ncia internacional, Ch�vez amea�ou interromper o fornecimento de petr�leo aos Estados Unidos.

"Mandamos no nosso petr�leo. Se os Estados Unidos tentarem se meter e interferir na nossa democracia, podem esquecer do nosso petr�leo." Questionado sobre a forma como poderia interromper a venda de petr�leo para os Estados Unidos, Ch�vez admitiu que isso seria ruim para seu pa�s, "mas ainda pior para os EUA. Se interferirem, fechamos a chave."

Em entrevista coletiva na noite do s�bado, o l�der opositor Teodoro Petkoff fez um apelo para que a sociedade n�o seja perturbada por extremistas de nenhum dos dois lados. Ele pediu que a sociedade vote, "fa�a sua voz ser ouvida".



A entrevista que virou discurso
Durante a entrevista concedida no s�bado no Pal�cio Miraflores, no centro da capital venezuelana, o presidente falou durante mais de tr�s horas, e respondeu a apenas seis perguntas.

Discorrendo sobre os conflitos diplom�ticos com a Col�mbia, causados pela negocia��o com as Farc pela liberta��o de prisioneiros, Ch�vez disse que o Brasil � quem mais tem a ganhar comercialmente com a guerra de palavras entre ele e Alvaro Uribe, o presidente colombiano que � aliado dos Estados Unidos. Segundo o venezuelano, muitas das importa��es de alimentos provenientes da Col�mbia, como o leite, especialmente, podem passar a ser importados do Brasil, criando novos acordos entre ele e Lula.



Ch�vez voltou a atacar Alvaro Uribe, que disse n�o ter vontade pol�tica para negociar a paz com os guerrilheiros das Farc. "Uribe cr� que pode derrotar militarmente as Farc. Mas como militar sei que n�o � assim." Segundo o presidente, falta "vontade pol�tica" para o colombiano chegar � paz com os guerrilheiros.





Ch�vez e o rei
O presidente venezuelano voltou a falar da celeuma envolvendo o rei da Espanha, que o mandou se calar durante a c�pula Iberoamericana, no m�s passado.

Ch�vez disse que continua esperando um pedido de desculpas do rei, e que est� analisando os contratos de empresas espanholas em seu pa�s, especialmente bancos, para estudar a possibilidade de nacionaliza��o, mas evitou indicar uma data final para que o rei se pronuncie. "O Natal pode

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Fonte: www.g1.com.br
 
Por:  Gabriel Tanure Sad    |      Imprimir