Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 14-12-2007

CONTO DE NATAL
Céu azul, azulzinho. Novo dia, novo amanhecer. Ah, que época linda, maravilhosa! E nós aqui outra vez para comemorarmos o Natal. Mas o que é o Natal? Por que se comemora esta data?
CONTO DE NATAL

Céu azul, azulzinho. Novo dia, novo amanhecer.
Ah, que época linda, maravilhosa! E nós aqui outra vez para comemorarmos o Natal. Mas o que é o Natal? Por que se comemora esta data?
Natal" nascimento, natividade. Ah! Pois bem comemora-se o nascimento. Nascimento de quem? De Jesus Cristo. Este Jesus, que Deus um dia bondosamente enviou a este mundo para nos salvar, para redimir a humanidade. Quanta bondade e misericórdia no coração de Deus para com todos nós. Obrigado, Deus! Muito obrigado, meu Pai Celeste.

Era a manhã de um novo dia e Cleide aproveitava, realmente, aquele momento para meditar a respeito da data e agradecer a Deus. Por pouco, esquecera a água que estava no fogo para fazer o café. Correu e viu que a água fervia, borbulhava e deixava cair um pouco sobre a trempe do fogão. Imediatamente, Cleide abaixou o fogo e começou a derramar a água dentro do coador para fazer o café, enquanto praticava tais gestos, ela ainda continuava pensando e refletindo sobre o Natal: Meu Deus, estamos quase findando o ano e Anselmo até agora desempregado e as crianças não teriam uma lembrancinha este ano, como ficariam?" Cleide, mais uma vez, agradeceu a Deus em pensamento, pois era uma costureira muito competente, criativa, habilidosa e com uma grande freguesia, só lamentava a sorte de Anselmo, desempregado desde que fora despedido da metalúrgica onde trabalhava não conseguiu outro emprego. Vivia muito abatido, triste e frustrado, costumava fazer alguns biscates, mas que não eram suficientes para a manutenção do lar. Mesmo assim, ela estava ali ao lado dele, dando-lhe todo o apoio e o incentivando a cada dia."

Cleide se lembrou de André e Carina, as suas duas jóias preciosas que Deus lhe dera. André, um menino de 9 anos, muito ativo, esperto e estudioso. Tinha sido aprovado na Escola para cursar a 4ª série e Carina, uma quase mocinha, nos seus 11 anos e também aplicada nos estudos, iria cursar a 6ª série no próximo ano. Deus bondoso e maravilhoso, mais uma vez, obrigada, muito obrigada" monologou Cleide.

De súbito aparece à porta Anselmo com a toalha de rosto sobre o ombro direito e carinhosamente lhe diz bom dia, um bom dia um pouco desanimado... que Cleide tão bem percebeu e pôde entender. Naquela manhã, raios de luz brilhavam no lar daquela humilde família, porque havia esperança no coração de seus integrantes.
Mas que esperança era esta que reinava no coração daquela família? Será que algum milagre estava para acontecer?

A vida continuava a sua rotina normal. D. Elvira tinha encomendado três vestidos a Cleide. Doutor Emanuel, advogado militante e bem sucedido, que morava a três quarteirões da casa de Cleide também era seu freguês. Até o Natal, o doutor escolheu dois cortes de tecido do mais puro linho para que fossem feitas duas camisas modelo social, uma na cor salmão e outra em verde água. E somando as outras costuras Cleide mal teria tempo para respirar..."Ainda bem, graças a Deus", mais uma vez monologou
Anselmo chegou ao quarto onde Cleide se encontrava trabalhando e lhe disse:

- Querida, mais uma vez vou sair por aí para ver se encontro algo de fazer.
- Venha aqui, Selmo!" disse ela carinhosa.

Ele se achegou a ela e Cleide o abraçou e lhe fez uns cafunés tão naturais e cheio de amor que Anselmo tão bem entendeu. Em seguida, ele se ajeitou e lhe deu um beijo e saiu.

- Olá, Anselmo e aí nada ainda?" perguntou "seo" Agenor, seu vizinho e amigo.
- Nada, Genor. Até hoje, nadaaaa...
- Não esquenta não, amigo! Se precisar de algo, não se acanhe, pode falar. Deus não vai lhe desamparar!
- Obrigado, Genor. Tchau!

E assim Anselmo continuou caminhar rua a fora até chegar ao centro da cidade.
Chegando à cidade, procurou logo uma daquelas tão costumeiras Agência de Empregos. Naquela manhã, a funcionária que o atendeu, apresentou-se de um modo tão simpático, solícito que Anselmo se sentiu um pouco mais esperançoso.

-Sr. Anselmo, passe por aqui no final da semana de novo" disse a moça.

Anselmo caminhou pelas ruas daquela cidadezinha tão fraterna, tão aconchegante que conhecia há muitos anos. "Devia haver uma esperança, Deus não desampara os seus, nem tudo estava perdido", estes pensamentos povoam a mente de Anselmo, quando de repente, como de uma forma mística, ele resolve erguer sua cabeça, olha para o alto, seus olhos se detêm primeiro naquele sol brilhante, forte, quente e vívido e em seguida no firmamento onde aquele sol estava impregnado e por detrás daquele sol, muito antes dele e de tudo estava Deus. Só neste momento é que Anselmo caiu em si e sentiu e viu a esperança nascer. Neste momento, parece que sua fé cresceu, aumentou, algo mudou dentro dele. Ele já não tinha mais controle sobre suas ações. Teve ímpeto para caminhar, sentar-se no banco daquela pracinha e agradecer a Deus por tudo em sua vida.

Resolveu voltar para casa.

- Carina, André, abram a porta para seu pai!
- Sim, mãe!" respondeu Carina.
- Oi, princesa!

Carina se lançou aos braços do pai e o beija carinhosamente, em seguida André também se aproximou e o abraçou. Logo, logo os quatro estavam abraçados, ligados afetuosamente. Fez-se silêncio, quando Cleide quebrou o silêncio e pediu a atenção de todos:

-Pessoal, preste atenção!
- Mamãe tem algo muito importante a dizer.
- Fale logo, mãe!" disse André.
- Suspense...
- Querida, você me deixa nervoso, fale!" disse Anselmo.
- É...é que hoje seu irmão, o José esteve aqui em casa e mandou-lhe dizer que acabaram de montar a firma lá do outro lado da cidade e o seu cargo de metalúrgico está garantido, o seu lugar está lá a sua espera.

Imediatamente, Anselmo se atirou aos braços da esposa e a beijou mais ternamente ainda e instintivamente colocou os seus filhos lado a lado abraçando e beijando-os.
Saiu à porta, olhou para os céus, aquele Sol ainda brilhava, aquela estrela de Quinta Grandeza fulgia e resplandecia em sua vida. O Natal se antecipara. Ele recebera o seu presente antes do dia. Só que antes do presente material, ele recebia todos os dias o presente maior de sua família: o amor.

Autor: Luiz Antônio Damasceno Data: 14/12/2007

Fonte: O Autor
 
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