Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 15-12-2007

Polícia investiga erros de procedimento em caso Ryan Gracie
Corregedoria da Polícia ouve três presos que estavam em salas ao lado de lutador
Polícia investiga  erros de procedimento em caso Ryan Gracie
Foto: http://g1.globo.com

O delegado Paulo Bittencourt, plantonista do 91 Distrito Policial, da Vila Leopoldina, na
Zona Oeste, disse que irá instaurar inquérito para investigar as causas da morte do lutador de jiu-jítsu e vale tudo Ryan Gracie, de 33 anos. Em paralelo, a Corregedoria da Polícia Civil já investiga as circuntâncias da morte na delegacia.

Bittencourt disse encontrou o corpo do lutador Ryan Gracie por volta das 8h deste sábado (15) ao fazer a inspeção rotineira das celas. O atleta foi levado para a Zona Oeste, após ter feito exame de corpo toxicológico nesta madrugada no IML central.

O delegado não quis comentar eventuais irregularidades ocorridas durante a prisão de Gracie, como o fato de o preso não ter sido enviado a um hospital público e, em vez, disso receber atendimento médico dentro da delegacia. "Eu não estava aqui. Isso vai ser discutido pela Polícia Civil em sede própria." Gracie foi atendido durante grande parte da madrugada pelo seu médico psiquiatra, Sabino Ferreira de Faria.

Segundo o delegado, costumeiramente, o preso que reclama é encaminhado ao hospital, mas em alguns casos, os presos recebem atendimento médico dentro da delegacia, que tem uma carceragem provisória, usada por presos que serão encaminhados para presídios definitivos.

Ryan estava deitado no colchonete, de lado, como se estivesse dormindo. O preso não
respondeu ao chamado do delegado, que ao entrar na sala constatou que ele estava morto. Ele apresentava vermelhidão no rosto, lábios azulados e manchas roxas, segundo o delegado, típicas de quem sofre enfarte.

Bittencourt disse que os três presos da cela ao lado da de Ryan disseram que ele parecia apresentar dificuldade de respiração, mas não ouviram pedido de socorro. O delegado afirmou que no momento da morte de Ryan, havia cinco policiais na delegacia: o delegado de plantão, dois carceireiros, o escrivão e o investigador.

Neste sábado, foram ouvidos os três presos e o médico Sabino Ferreira da Silva que acompanhou o preso durante toda a noite. O delegado pediu exame dos tecidos do corpo para descobrir as causa da morte do lutador.

Uso de drogas
Faria disse nesta manhã que submeteu seu paciente, encontrado morto nesta manhã, a um teste que apontou o uso de remédios e de drogas. O exame foi feito pelo próprio médico após a prisão do atleta na sexta-feira (14).

Segundo o médico, o exame constatou que, além de um remédio para controlar a ansiedade, o atleta também tinha consumido cocaína, maconha e uma mistura que pode se cocaína ou crack. "Ele comentou também que fez uso de narcóticos", afirmou Faria.

Segundo Sabino, durante o tempo que esteve com Gracie na delegacia, ele administrou diversos medicamentos tranqüilizantes para acalmá-lo. De acordo com o médico, logo depois do exame toxicológico feito no IML, Gracie tomou Haldol injetável (medicamento indicado para tratamento de pacientes psicóticos estáveis), duas ampolas de Fenergan (antialérgico em que um dos efeitos colaterias é sonolência), dois comprimidos de Topamax (remédio para enxaqueca), dois comprimidos de Dienpax (tranqüilizante) e um OmniPlex (relaxante). "Não consegui sedá-lo. Consegui deixá-lo mais mole", afirmou.

O lutador também foi submetido a um exame toxicológico no IML central na madrugada deste sábado, mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública, o resultado ainda não foi divulgado.

De acordo com policiais que atenderam o caso, Gracie foi preso por volta das 13h30 portando uma faca de cozinha. A PM informou que a seqüência de problemas envolvendo o lutador começou com a tentativa de roubar um Toyota Corolla, no Itaim Bibi, logo após ele ter saído de casa.

Na fuga, ele bateu com o lado direito do pára-choque contra um banco de concreto na Avenida Henrique Chama. Logo em seguida, tentou roubar uma Fiorino branca e uma moto, quando foi detido no cruzamento da Henrique Chama com a Avenida Juscelino Kubitschek.

O motoboy Adriano da Silva Souza, de 29 anos, disse que o lutador o abordou e disse "desce da moto senão eu te mato". Souza contou que desceu da moto e entregou o veículo ao atleta, mas enquanto o lutador tentava ligar o veículo, outros motoboys se aproximaram e ajudaram Souza.

O motoboy disse que deu um golpe com o capacete na cabeça do lutador, que caiu no chão. Outros motoboys se aproximaram, imobilizaram Gracie e conseguiram pegar a faca que estava com ele. Pouco tempo depois, a polícia chegou e prendeu o suspeito.
Lutador
O lutador Ryan Gracie nasceu no Rio de Janeiro em 14 de agosto de 1974. De uma família de lutadores, Gracie ganhou cinco Prides, a Copa Company McDonald"s de Judô, o Panamericano de Jiu-Jitsu em 1997, peso pesadíssimo, o Campeonato Brasileiro de 1997 e o Campeonato Sem Quimono.

Ele era professor e proprietário de uma academia na Rua Gomes Carvalho 260, na Vila Olímpia, Zona Sul da capital.

Polícia investiga possíveis erros de procedimento em caso Ryan Gracie
Corregedoria da Polícia ouve três presos que estavam em salas ao lado de lutador.
Cinco funcionários da delegacia serão ouvidos depois.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir