Categoria Música  Noticia Atualizada em 19-12-2007

Superexposto em 2007, NX Zero faz show de graça nesta quarta
O NX Zero toca em São Paulo em show 'secreto' do site MySpace
Superexposto em 2007, NX Zero faz show de graça nesta quarta
Foto: http://g1.globo.com

Nenhum outro nome do pop rock nacional teve tanta exposição em 2007 quanto o NX Zero. O quinteto paulista fecha o ano com 70 mil cópias vendidas de seu mais recente álbum, ultrapassando a marca do disco de ouro, e virou referência de música jovem e roqueira para a indústria do entretenimento: seja um festival de axé, um evento de esporte radical, uma feira do peão boiadeiro ou a inauguração de um site descolado, a mescla de hardcore com pop adocicado do grupo parece ter virado requisito obrigatório.

O vocalista Diego José Ferrero, o Di, afirma que dessa forma o NX Zero (cujos detratores rotulam de emo) abre portas para outros nomes egressos da cena hardcore/underground. Anteriormente, a banda CPM22 seguiu o mesmo caminho.

Bastante cauteloso na hora de dar as respostas, o cantor de 22 anos falou sobre as letras e a mensagem que o grupo de "Razões e emoções" tenta passar (ou não), CPMF e governo Lula (eles participaram de evento contra o imposto do cheque), entre outros temas. Nesta quarta-feira (19), eles fazem um show gratuito para o lançamento do site MySpace no Brasil. Só as primeiras 500 pessoas que chegarem à porta do clube Clash inscritas no site, em São Paulo, terão direito de assistir à apresentação.

G1 - Quais artistas vocês citam como influência para o NX Zero?

Ferrero - O NX Zero sempre foi uma banda diferente mesmo dentro do cenário hardcore. A gente se destacava mais porque a gente tinha músicas muito pesadas, mas ao mesmo tempo muito melódicas. O público pirava. A gente tinha mais influências de bandas como Millencollin, NOFX, depois Taking Back Sunday, No Use for a Name. Dentro do cenário nacional, a gente admira o Garage Fuzz, o Street Bulldogs, o Sugar Kane, um pessoal mais novo como o Etna e o Granada.

G1 - Dentre as várias bandas dessa cena, o NX Zero foi uma das poucas que chegaram mais longe. Qual a diferença de vocês para ter esse alcance?

Ferrero - Uma junção de coisas: a gente correu atrás, se dedicava o dia inteiro, deixava de fazer tudo que tinha de fazer pela banda, mesmo antes de ter uma gravadora. Muita banda fez isso, mas a gente se organizou, usou a internet bem a nosso favor.

G1 - O NX Zero foi uma das primeiras bandas a ter um "street team" [grupo geralmente formado por adolescentes que se engajam no trabalho de promoção de um artista]. Como isso ajudou vocês?

Ferrero - Principalmente quando a gente não era conhecido pelo grande público. O pessoal pedia no "Disk MTV" [top 10 de vídeos do canal musical] e em todos lugares, nas rádios, e eles conversam com outras pessoas e o "street team" crescia. Esses fãs são os mais, digamos, radicais entre os fãs do NX Zero porque eles é que fazem o trabalho de divulgação.

G1 - Vocês tentam passar com as letras e com o visual algum tipo de mensagem?

Ferrero - A gente não tenta passar alguma coisa definida, não tentamos planejar nada. Simplesmente a gente vai lá e faz. Mas como o nosso público é uma galera mais nova, tentamos dizer nos shows para que todos se divirtam bastante. Nas letras, escrevemos sobre coisas que todo mundo passou e que todo mundo passa, mas que são sentimentos ocultos, que são difíceis de falar.

G1 - Mas elas não são exatamente otimistas.

Ferrero - Tem muitas letras que são. Neste último CD mesmo ["NX Zero", 2006], tem uma música chamada "Conseqüência" que é super para cima. A gente tenta fazer músicas para cima. Todas as músicas tem a parte otimista. Nenhuma parte é sombria. É uma parada para as pessoas se sentirem bem.

G1 - Vocês têm a preocupação de algumas letras serem mal-interpretadas, de não serem tomadas por esse lado "positivo"?

Ferrero - Não é que eu esteja saindo pela tangente, mas eu não gosto muito de falar de letras. Porque cada pessoa tem a sua interpretação. Se eu falar que essa letra foi feita para isso, se traz uma referência àquilo, a pessoa vai ler e vai estragar tudo. Mas todas as músicas trazem um sentimento "para cima", para a pessoa se sentir bem.

G1 - Vocês participaram de um evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) contra a CPMF, o imposto do cheque. O que vocês acharam da derrubada da CPMF no Senado?

Ferrero - A gente nunca teve a oportunidade de participar de um evento grande, que fizesse alguma diferença, fora os pocket shows que a gente faz em algumas ONGs [organizações não-governamentais]. Passamos a perceber mais essas coisas que envolvem política, coisas que afetam a gente, depois que começamos a ter uma renda nossa. A gente só participou do evento porque a gente começou a sentir os efeitos da CPMF de verdade. Ainda bem que caiu, nós ficamos muito felizes.

G1 - E qual a sua opinião sobre o governo Lula?

Ferrero - É... Meu pai tem uma empresa de consultoria em marketing e eu também tenho uma empresa que é o NX Zero, então tem algumas coisas que dificultam para quem tem uma empresa de médio porte. Eu não falo de política nas letras porque meu negócio é outro, mas vejo pelo meu pai que as coisas não são as ideais. Não sou muito fã do Lula, mas paciência.

G1 - O que vocês acham de vocês serem uma banda de rock e conseguirem se encaixar na programação de eventos como o rodeio de Jaguariúna, festivais de axé e outros que a princípio não parecem muito o estilo do NX Zero?

Ferrero - É isso aí mesmo. Acho isso muito bom porque vai abrir muitas portas e quebrar muito preconceito. A gente toca em programas bem populares mesmo. Tem gente que reclama, as pessoas que têm a síndrome do underground, mas isso acaba sendo ótimo. A longo prazo todas essas bandas vão ter espaço nesses eventos e programas. E a recepção em um rodeio... é como se a gente fosse caubói, as pessoas recebem a gente bem, claro, conhecem mais as músicas que tocam no rádio. Mas tem fã da gente que vai a um rodeio e tudo acaba virando uma festa.

Superexposto em 2007, NX Zero faz show de graça nesta quarta.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir