Categoria Politica  Noticia Atualizada em 23-12-2007

Bhutto acusa escolas islâmicas de formar terroristas
O Paquistão vive um acirramento na violência neste ano, com mais de 400 pessoas mortas em ataques suicidas a bomba nos últimos meses
Bhutto acusa escolas islâmicas de formar terroristas
Foto: AFP

A ex-premiê paquistanesa e líder da oposição Benazir Bhutto acusou neste domingo algumas das madrassas [escolas religiosas] do país de transformarem crianças em "terroristas".

"Há madrassas que ensinam seus alunos a fazer bombas e a usar rifles para matarem mulheres e crianças", acusou Bhutto, falando a cerca de 25 mil pessoas perto de Larkana (sul), sua cidade natal.

"O extremismo vem ganhando força em áreas tribais, e a ilegalidade se espalha pelo país".

No discurso, Bhutto também reiterou as acusações contra o governo do ditador Pervez Musharraf, dizendo que ele "nada fez" para deter a proliferação da violência no Paquistão.

"Eles [o governo] tentam deter as forças democráticas, mas não fazem nenhum esforço para deter extremistas, terroristas e fanáticos", disse ela durante o ato ocorrido em um estádio.

O Paquistão vive um acirramento na violência neste ano, com mais de 400 pessoas mortas em ataques suicidas a bomba nos últimos meses.

Neste domingo, um suicida matou quatro soldados e cinco civis em um atentado contra um comboio militar no vale Swat, no noroeste do país, segundo informações da polícia.

Na sexta-feira (21), uma explosão atingiu multidão reunida em uma mesquita na casa do ex-ministro do Interior Aftab Khan Sherpao em Charsadda, 30 km ao sudeste de Peshawar. Cerca de mil pessoas rezavam no local para celebrar a Eid al Adha [cerimônia do sacrifício].

Ao menos 50 pessoas morreram no atentado, que foi o mais mortífero no Paquistão desde 18 de outubro deste ano, quando 136 pessoas morreram em Karachi, no sul do país, após um ataque suicida que tinha como alvo o comboio que seguia Bhutto. Ela retornou ao país após passar oito anos no exílio, para participar das eleições parlamentares de 8 de janeiro.

Eleições

Aliados do Paquistão esperam que a votação traga estabilidade ao país. Musharraf impôs estado de emergência em novembro, antes de deixar o cargo de chefe das Forças Armadas.

O estado de emergência foi suspenso em 15 de dezembro. Os EUA vêem o Paquistão como um aliado importante na luta contra a rede terrorista Al Qaeda e a milícia Taleban [milícia que controlava 90% do Afeganistão até a invasão da coalizão liderada pelos EUA em 2001].

Bhutto enfrentou acusações de corrupção durante seus dois mandatos como premiê, nas décadas de 80 e 90. Apesar disso, ela possui um grande número de seguidores no país.

A votação deve ser marcado pela disputa entre os partidos de Bhutto, Musharraf e do também ex-premiê Nawaz Sharif.

Expulso do Paquistão em 1999, Sharif obteve permissão para voltar ao país no mês passado, após passar sete anos no exílio. Ele realiza campanha para as eleições, apesar de sua candidatura ter sido impedida pela Justiça, em uma medida que ele atribui a "fins políticos".

Ele estava em Karachi, no sul do país, neste domingo.

O Paquistão vive um acirramento na violência neste ano, com mais de 400 pessoas mortas em ataques suicidas a bomba nos últimos meses.

Bhutto acusa escolas islâmicas de formar terroristas no Paquistão.

Fonte: www1.folha.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir