Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 01-01-2008

Após massacre em igreja, mortos no Quênia já chegam a 250.
Chegam a 50 as vítimas do incêndio criminoso contra templo; diplomatas temem que situação se agrave
Após massacre em igreja, mortos no Quênia já chegam a 250.
Foto: Reuters

Uma gangue de jovens incendiou uma igreja do Quênia nesta terça-feira, 1º, matando ao menos 50 pessoas que usavam o local como abrigo contra a violência que se espalhou pelo país após a confirmação da reeleição do presidente Mwai Kibaki, acusado de fraude pela oposição.

A revolta desencadeada pela divulgação do resultado das eleições da última semana - classificada como desleal por observadores internacionais - já deixou entre 150 e 250 mortos. Pelo menos 75 mil pessoas já deixaram suas casas para fugir de uma das piores ondas de conflitos da história do Quênia. Diplomatas estrangeiros temem que situação se agrave.

No entanto, o ataque desta terça-feira contra a igreja próxima à cidade de Eldoret traz à tona velhas rivalidades tribais que se materializaram nos movimentos de apoio e repúdio ao presidente reeleito.

Segundo testemunhas, o incêndio na Assembléia Pentecostal de Deus foi proposital e iniciado por uma gangue de jovens da etnia Luo, do líder opositor derrotado Raila Odinga. No momento do ataque, um grande número de membros da tribo Kikuyu - a maior do Quênia e a mesma do presidente Kibaki - se escondiam no local temendo por suas vidas.

Testemunhas disseram haver corpos de mulheres e crianças em meio às vítimas nos escombros.

"Esta é a primeira vez na história que um grupo ataca uma igreja. Nós nunca esperávamos que essa selvageria fosse tão longe", disse o porta-voz da polícia Eric Kiraithe. "Nossos oficiais estão sendo comedidos na aplicação da lei. Essa moderação não vai durar para sempre".

Residentes e fontes de segurança disseram que as vitimas procuravam proteção na igreja, cerca de 8 quilômetros de Eldoret.

"Alguns jovens vieram até a igreja", disse um repórter local que presenciou o incidente. "Eles lutaram com os garotos que estavam fazendo a segurança, mas esses foram dominados e os jovens colocaram fogo na igreja".

Rivalidades tribais

A explosão de violência no país que possui uma das democracias mais estáveis e economias mais fortes da África chocou o mundo e deixou os próprios quenianos aterrorizados, por conta das rivalidades tribais de longa data terem levando comunidades distintas a se enfrentarem.

O policiamento estava intenso na capital no primeiro dia do ano, e as ruas estavam tranqüilas. Mas a divulgação dos detalhes sobre um crescente número de mortos e da destruição generalizada marca um dos piores momentos do país desde sua independência do Reino Unido.

Num primeiro momento, Washington deu os parabéns a Kibaki, mas então mudou sua reação para expressar "preocupação com as irregularidades".

Reino Unido, União Européia e outros países tiveram o cuidado de não parabenizar Kibaki, expressando preocupação e pedindo conversações de reconciliação, além de uma investigação para apurar suspeitas de irregularidade na eleição da quinta-feira, 27.

A missão de observação da UE, em sua avaliação formal do pleito, declarou: "As eleições gerais de 2007 não satisfizeram os padrões internacionais e regionais chave que regem as eleições democráticas".

Diplomatas ocidentais se deslocaram entre representantes das duas partes, tentando dar início a uma mediação. Um deles disse à Reuters: "O governo pensa que poderá superar esta situação, bastando esperar para que as coisas se acalmem, mas não estamos convencidos disso".

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Giulliano Maurício Furtado    |      Imprimir