Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 02-01-2008

Após massacre em igreja, Quênia sofre onda de violência.
Dez pessoas morreram nesta noite em confrontos no país. Violência teve início após eleições que reelegeram o presidente Mwai Kibaki
Após massacre em igreja, Quênia sofre onda de violência.
Foto: AP

Oito corpos de civis foram levados nesta quarta-feira (2) para o necrotério de Kisumu (oeste do país), após uma nova noite de distúrbios no Quênia, que também terminou com a morte de dois policiais em Kericho (sudoeste).

Nesta terça-feira, 50 pessoas da etnia kikuyu foram queimadas vivas em um massacre numa igreja na cidade de Eldoret. Os enfrentamentos após as eleições que deram vitória ao atual presidente Mwai Kibaki já duram seis dias no país africano.

"Quatro corpos foram trazidos à noite e outros quatro ao amanhecer. Os corpos tinham ferimentos de bala", afirmou à agência de notícias France Presse um funcionário do necrotério de Kisumu que pediu anonimato. "Eles foram mortos nas favelas de Nyalenda e de Nyamasaria", acrescentou.

O chefe da União Africana e presidente do Gana, John Kufuor, viajará ao país nesta quarta.

De acordo com a agência France Press, pelo menos 316 pessoas morreram em atos de violência étnica e distúrbios desde as eleições de 27 de dezembro. Já a agência Associated Press aponta um número de 275 mortes.

No entanto, um documento oficial do governo queniano informa 177 vítimas fatais. "Pelo menos 177 pessoas morreram, 209 propriedades foram destruídas e 260 pessoas detidas", afirma um relatório do governo de Nairóbi.

Nesta quarta-feira, lojas e bancos reabriram em Nairóbi, cidade que estava totalmente paralisada há uma semana por causa da profunda crise que afeta o país.

No centro da cidade, a polícia liberou várias ruas ao tráfego. Os veículos dos transportes públicos voltaram a circular na cidade, com exceção do centro da capital queniana. Nas portas dos bancos, clientes faziam longas filas para retirar dinheiro.

Dúvidas
Três dias depois de ter anunciado o nome do vencedor nas polêmicas eleições presidenciais do Quênia, o diretor da comissão eleitoral do país, Samuel Kivuitu, afirmou nesta quarta-feira não saber se Muwai Kibaki ganhou ou não.

Kivuitu anunciou no domingo a vitória de Kibaki nas eleições de 27 de dezembro com mais de 200 mil votos de vantagem sobre o líder da oposição, Raila Odinga, que liderava as pesquisas e os primeiros resultados parciais.

Kivuitu afirmou que o partido de Kibaki e o terceiro candidato à presidência, Kalonzo Musyoka, o pressionaram para que anunciasse os resultados, apesar das crescentes evidências de que existiam irregularidades no processo de apuração.

"Se este caso for levado aos tribunais, a decisão deverá ser tomada rapidamente. Se for para designar Raila presidente, assim seja, ou Kibaki, que assim seja", disse Kivuitu.

Raila Odinga afirma que é o líder legítimo do Quênia e planeja um grande comício para quinta-feira em Nairóbi, durante o qual pretende se apresentar à nação como "o presidente do povo".

Mobilização internacional
Mediadores internacionais e líderes da sociedade civil se mobilizam nesta quarta-feira para encontrar uma solução pacífica para crise no Quênia, onde os distúrbios pós-eleitorais viraram uma guerra tribal e étnica, com milhares de desabrigados e centenas de mortos.

Em uma tentativa de intensificar a pressão internacional sobre Kibaki, vários observadores europeus afirmaram que o processo eleitoral no Quênia não cumpriu os parâmetros internacionais e pediram uma recontagem independente dos votos.

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Giulliano Maurício Furtado    |      Imprimir