Categoria Policia  Noticia Atualizada em 03-01-2008

Famílias brigam pelo filho de major suspeito de morte
Família de oficial da PM conseguiu guarda provisória da criança
Famílias brigam pelo filho de major suspeito de morte
Foto: Luis Alvarenga/Agência O Globo

A família da bancária Érica de Almeida Marques, de 34 anos, que teria sido assassinada pelo ex-marido, o major da PM Breno Perrone Eleotério, no sábado (29), promete fazer de tudo para conseguir a guarda do filho do casal.



Na próxima segunda-feira (7) - quando termina o recesso judiciário - o advogado Joseildo Santos vai entrar com pedido de modificação de cláusula do processo de guarda do menino de 1 ano, na 1ª Vara de Família de Niterói, na Região Metropolitana. A família do policial conseguiu, no último dia 31, a guarda provisória da criança.

Santos contou que a família de Érica registrou queixa de desaparecimento da criança na 78ª DP (Fonseca). O advogado diz que não foi apresentado nenhum documento sobre a guarda provisória da criança e desconfia da rapidez com que o suposto documento foi conseguido. Ele quer provar que a família do policial não tem condições de criar o menino.

"Quero provas de que a avó paterna tinha contatos com a criança. A família de Érica disse que ela não queria o casamento do filho, não gostava da nora e nunca visitou o neto. Ninguém informa onde e com quem está a criança. A lei diz que o menino tem de ficar com quem reunir as melhores condições psicológicas, sociais e econômicas, como aconteceu com o caso do filho da cantora Cássia Eller, que ficou com a companheira dela e não com os avós. Essa criança não pode ser criada no lar de um homicida", disse Santos, que vai pedir a guarda para o avô materno, José Marques, já que a mãe da vítima é falecida.



Pai tinha guarda do filho desde outubro
A briga na Justiça promete ser acirrada. De acordo com Miguel Cordeiro, presidente da Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas da Polícia Militar (Assinap), desde outubro de 2007 o menino está sob os cuidados do pai. A guarda de Enzo foi concedida por Érica na Justiça. O departamento jurídico da Assinap está acompanhando o caso de Breno.

"Nada mais justo que o filho ficasse com a avó paterna, já que ele estava sob a guarda do pai. Ele está sendo bem cuidado. Todo o processo da guarda da criança está correndo sob segredo de Justiça. O juiz de plantão entendeu que era melhor assim para evitar escândalos na porta da família do policial e para preservar a integridade da criança. A Justiça concedeu ao Breno a guarda definitiva do menino porque ele suspeitava que o menino sofria maus tratos quando estava com a mãe", explicou Cordeiro.



Santos contesta essas informações. Segundo ele, sob ameaça de morte, Érica foi coagida a assinar o acordo abrindo mão de cuidar do filho. Mas ultimamente, vinha tentando reaver a guarda da criança, principal motivo das brigas entre ela e Breno. Érica dizia que o ex-marido era violento e que responde a processos internos na Corregedoria da PM. Santos afirma que o crime foi premeditado.

Cordeiro rebate e diz que o major vinha sofrendo forte pressão emocional. Ele perdeu o pai recentemente e era constantemente perturbado pela ex-mulher, que registrava queixas falsas contra o ex-marido. Na quinta-feira (27) anterior ao crime, disse Cordeiro, Breno enfrentou uma troca de tiros na Avenida Brasil, no subúrbio do Rio, para evitar um assalto, e na sexta-feira (28) prestou depoimento na Corregedoria da PM.



"Nós repudiamos o crime, mas entendemos que o major não está bem de saúde. Ele é uma vítima da omissão do estado que não coloca psicólogos para tratar dos policiais que enfrentam confrontos na rua. Esses policiais precisam de avaliação médica diária. Do contrário, toda a população está correndo riscos. Breno não premeditou o crime, ele perdeu o controle. Ninguém com conhecimento policial mataria outra pessoa em público e depois se entregaria à polícia. Se fosse premeditado ele sumiria com o corpo", observou Cordeiro.



PM tem psicólogos nas principais unidades
Desde 2002, a maioria dos batalhões e todas as unidades hospitalares da PM contam com 50 psicólogos. De acordo com a chefe da pscologia do Hospital Central da PM (HCPM), tenente Márcia Stanzione, os policiais não podem ser obrigados a procurar o serviço. Eles o fazem voluntariamente, quando se sentem incomodados ou traumatizados com alguma situação, ou são encaminhados pelos superiores hierárquicos.



"Esse canal de suporte emocional para os policiais que enfrentam situações de risco e de estresse existe. A grande maioria dos policiais nos procura, quando tem problemas. Outros são encaminhados pelos comandantes dos batalhões. Mas há casos em que o policial não percebe que precisa de ajuda e nem demonstra mudança de comportamento. Mas o serviço está à disposição de praças e oficiais", disse a tenente Márcia Stanzione



Psicóloga do Centro de Fisiatria e Reabilitação da PM, tenente Alexandra Valéria disse que o número de profissionais da área ainda é pequeno e está longe do ideal. Mas já nota alguma evolução no comportamento dos policiais que procuram por atendimento psicológico.



"O ideal é que existisse ao menos um profissional em cada batalhão. Mas esse é um trabalho de formiguinha. Fazemos parte da primeira turma que ingressou em 2002. No começo houve muita desconfiança, mas agora, os policiais que têm alguma necessidade procuram voluntariamente o atendimento psicológico. Não podemos força ninguém a nada. Mas já recebemos grupos de policiais que nos encaminham suas demandas", contou a psicóloga.



Major está preso por 30 dias
No sábado (29), segundo o advogado Joseildo Santos, o oficial da PM disparou 20 tiros de pistola contra a ex-mulher. Quinze tiros atingiram Érica, que morreu na porta da casa de Breno, no Barreto, em Niterói, na Região Metropolitana. Após o crime, ele ligou para o 12º BPM (Niterói), entregou a arma aos PMs e se entregou na 78ª DP (Fonseca). O major cumpre prisão preventiva de 30 dias no Batalhão Especial Pri sional (BEP).

Famílias brigam pelo filho de major suspeito de morte.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir