Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-01-2008

'Feiras do rolo' oferecem mercadorias roubadas
Feiras do rolo s� funcionam aos domingos no Guaruj� e em S�o Vicente
'Feiras do rolo' oferecem mercadorias roubadas

No meio de ruas no Guaruj� e em S�o Vicente (SP), feiras populares, conhecidas como "Feiras do Rolo", oferecem mercadorias roubadas, sem nota fiscal e com nenhuma garantia, drogas e at� armas.

Com uma microc�mera, produtores do programa "Fant�stico", da TV Globo, foram tr�s vezes a uma feira popular, no Guaruj�, uma das cidades mais visitadas do estado de S�o Paulo no ver�o.



Veja um exemplo: o homem oferece um celular. O pre�o: R$ 100.


- Est� bom esse da�?


- Est�, mas est� sem chip.

- Mas tem rolo para mim, se pegar esse da�?

- Vai voltar quanto pra mim?

- Quanto �?

- 100 mango.

Em S�o Vicente, outra cidade da Baixada Santista, mais uma feira do rolo.

- Tem frente s� ou tem o r�dio tamb�m?

- S� isso da�.

M�quinas fotogr�ficas, que nas lojas custam R$ 1 mil, aqui n�o passam de R$ 100. Uma era de Emily, de 13 anos. No ano passado, bandidos tentaram roub�-la. A jovem - que estava na garagem de casa, em S�o Vicente - levou um susto. Os assaltantes entenderam como uma rea��o e mataram a menina. A arma do crime, diz o pai, foi comprada na feira do rolo.

"Compraram, usaram, assaltaram com ela, mataram a minha filha. O rapaz voltou e vendeu ela l� novamente. No mesmo lugar", diz o pai de Emily, Wilson de Ara�jo.

As feiras do rolo s� funcionam aos domingos. Nos outros dias, quase n�o h� movimento. A do Guaruj� � em uma rua. A 500 metros fica a delegacia do bairro. Mas ela fecha nos fins de semana, o que facilita a a��o dos criminosos. Para conseguir drogas e armas, basta trazer dinheiro vivo.

"Aqui eu arrumo o que a pessoa precisar. Rev�lver, eu tenho. Coca�na, maconha. Aqui eu n�o tenho, mas em casa eu tenho."

Ele se apresenta como estivador do porto de Santos. Conta que vende produtos roubados at� de passageiros de transatl�nticos. Mas o que o nosso produtor negocia com ele � a compra de uma arma.

- Rev�lver, voc� consegue qual?

- 38. pistola. pistola de 21 tiros.

- nove mil�metros? Raspada?

- Raspada.

- Quanto sai?

- Uma quina.

Na g�ria, uma quina � igual a R$ 500. As encomendas podem ser feitas por telefone.

"Me liga. A hora que precisar de um � s� me ligar".

Outro homem diz que o pre�o das armas vem subindo nos �ltimos tempos.

"Um oit�o, os cara pedem R$ 400. Depois que inventaram essa lei do desarmamento, quem tem n�o quer vender e quem quer vender est� pedindo uma nota. Antigamente comprava por R$ 250, R$ 300".

"J� fizemos quatro blitz nessa feira, visando apreens�o de arma, e n�o logramos apreender nenhuma", diz o diretor da Pol�cia Civil da Baixada Santista, Waldomiro Bueno Filho.

Fant�stico - Mas se o nosso produtor conseguiu se infiltrar, o senhor n�o acha que um policial n�o tem condi��es de se infiltrar e comprar uma arma ou fazer uma encomenda?


Waldomiro Bueno Filho - a comunidade do Guaruj� � pequena, conta com poucos policiais e todos os policiais s�o conhecid�ssimos na regi�o.

Foi da feira do rolo do Guaruj� que saiu a arma que matou o programador de sistemas Diego Engel Leite, de 29 anos, h� dois meses. Quem fez a revela��o foi o pr�prio assassino - um menor, de 16 anos.

"N�s estamos sentados na beira da praia e de repente sua vida muda. Eles n�o poderiam ter acesso t�o f�cil na aquisi��o de uma arma", comenta a tia de Diego, Sheila Engel.

A viol�ncia tamb�m preocupa quem est� no litoral norte. O empres�rio Ed Carlos do Amaral, de 39 anos, foi morto numa tentativa de assalto, em Camburi, onde ia passar o r�veillon.

A fam�lia atendeu a um antigo pedido do empres�rio: queria que os �rg�os dele fossem doados. Sete pessoas ganharam a chance de ter uma nova vida.

Desde o m�s passado, quando come�aram as f�rias, a seguran�a no litoral de S�o Paulo est� refor�ada. Mas a policia reconhece que � dif�cil acabar com esses crimes.

Por isso, diante de um assalto, o melhor � tentar manter a calma. "Evitar a rea��o, porque a rea��o � que infelizmente pode chegar a uma trag�dia", diz o comandante da PM da Baixada Santista, coronel Orlando Geraldi.

Para o Minist�rio P�blico, muitas dessas trag�dias s�o conseq��ncia de um ciclo criminoso, que come�a e termina em locais como as feiras do rolo, onde os bandidos compram as armas e depois vendem o que roubam.

"� uma situa��o extremamente grave. O �nico meio apto e h�bil a enfrentar essa quest�o � efetivamente um policiamento mais ostensivo, mais aguerrido, mais contundente", aponta o promotor de Justi�a C�ssio Conserino.

"Acho que a pol�cia deveria bater em cima mesmo e acabar com isso. Acabar com esse tipo de coisa", pede o pai de Emily.

'Feiras do rolo' oferecem mercadorias roubadas. Feiras do rolo s� funcionam aos domingos no Guaruj� e em S�o Vicente. Nas feiras, bandidos compram as armas e depois vendem o que roubam.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir