Categoria Geral  Noticia Atualizada em 08-01-2008

Candidatos a presidente serão definidos até 15/2
Thomas J. White analisou o processo eleitoral norte-americano
Candidatos a presidente serão definidos até 15/2
Foto: Dani Blaschkauer/G1

Os nomes dos candidatos dos dois principais partidos políticos dos Estados Unidos serão conhecidos até o dia 15 de fevereiro. Esta é a opinião do cônsul-geral dos EUA no Brasil, Thomas J. White.

Quinze anos após sua primeira passagem pelo Brasil, White contou ao G1 que acredita que a "Super-Terça" (em 5 de fevereiro, quando cerca de 20 Estados têm suas prévias) vai dar um importante passo, mas acha que serão necessárias prévias em outros sete estados para a definição final.

"Sete estados - Kansas, Louisiana, Nebraska, Washington, Maine, Maryland e Virginia - terão caucus ou primárias entre 9 e 12 de fevereiro. E em uma disputa tão acirrada, não podemos saber até obter esta votação", afirmou ele.

White fez ainda um balanço sobre o que pode mudar para o Brasil a escolha do novo presidente nas eleições de 4 de novembro. Para ele, o Brasil, hoje, está mais para parceiro do que para um adversário, mas admite que há tensões entre os países.

Confira a entrevista abaixo:

G1 - Quem o sr. acha que vai ganhar as eleições para presidente nos EUA?
Thomas J. White - O povo é quem vai decidir, mas esta será a primeira vez em mais de 30 anos que não temos um presidente ou um vice-presidente como candidatos. Podemos ter a primeira mulher, o primeiro afro-americano, primeiro mórmon ou o primeiro ítalo-americano.

Este ano teremos uma corrida, porque todos os estados estão lutando para saber qual será o mais importante nas eleições. Na primeira semana de fevereiro, em 5/2, quase a metade dos estados fará as eleições primárias. E depois, sete estados - Kansas, Louisiana, Nebraska, Washington, Maine, Maryland e Virginia - terão caucus ou primárias entre 9 e 12 de fevereiro. E em uma disputa tão acirrada, não podemos saber até obter esta votação", afirmou ele.

G1 - Qual será o maior desafio para o próximo presidente?
White - Normalmente, para os americanos, as questões domésticas, como educação, economia e saúde são as mais importantes, mas a questão do Iraque será assunto importante.

O desafio vai ser a resolução da situação do Iraque com estabilidade, ao mesmo tempo continuando a luta contra o terrorismo, trabalhando com nossos amigos, nossos colegas, reforçar o sistema contra financiamento de armas, desenvolvimento de armas de destruição massiva.

G1 - Qual será o desafio do próximo presidente em relação ao Brasil?
White - É um momento muito bom para as relações entre Brasil e EUA. Há muita conexão, nossos presidentes se reuniram três vezes. As conversações, o nível dos ministros muito elevado, e o desafio será o de construir esta parceria ativa. O Brasil está assumindo uma posição de maior importância política, econômica, diplomática. É importante continuar o trabalhando para a próxima geração. Trabalhar juntos nas questões de ambiente e comércio, e estabilidade na região

G1 - O Brasil é um bom caminho para ajudar na diplomacia na América Latina?
White - Acho que há uma decisão importante para o Brasil nesta questão. O Brasil vai ser um parceiro? Um parceiro ativo independente para os EUA ou vai ser o mais importante representante de um bloco de interesses separados dos EUA? Às vezes, há uma tensão entre as diplomacias dos EUA e do Brasil. É um parceiro independente, robusto ou líder de um bloco oposto, à parte?

O Brasil precisa pensar diferente dos EUA para ser líder deste grupo. Mais do que ser parceiro independente, ativo e robusto com os EUA.

G1 - Qual seria o melhor presidente para aproximar o Brasil dos EUA?
White - É mais uma questão brasileira do que uma questão americana. O posicionamento do Brasil para saber qual é o papel que o país venha a tomar. Obviamente que um candidato bem orientado seria mais uma questão para o Brasil.

G1 - O Brasil é visto pelos Estados Unidos como um lugar que abriga terroristas? Há esta preocupação aqui?
White - Nós temos uma preocupação global com o terrorismo, que existe em muitas partes. Eu acho que a área de maior concentração seria possivelmente de financiamento. Áreas da região da América Latina, da América do Sul, com tradição em atividades clandestinas, problema com tráfico de drogas. Existe a criminalidade organizada como no Brasil, tráfico de drogas como nos EUA. Onde existe este tipo de atividade é que existe esta preocupação, que possa ter ligação com o terrorismo. Mais importante do que estas coisas com o Brasil, é a necessidade do Brasil ajudar no combate ao terrorismo global.

G1 - E o Brasil ajuda?
White - Sim, o Brasil ajuda nas organizações internacionais, também como centro financeiro nós também sempre ajudamos. Há possibilidade de melhorar os sistemas de controle financeiro, e vamos tentar melhorar isto.

G1 - O senhor acredita que o resultado do Bush afetou a diplomacia com os demais países?
White - Não afetou em nada na diplomacia nem nas relações. A diplomacia vem da unidade da população e do governo. Depende da popularidade do governo e não do número de votos.

G1 - Qual foi o legado deixado pelo atual presidente?
White - O comentário agora é sobre o Irã, as questões de segurança pública depois do 11 de Setembro, isto agora é mais importante. Desenvolvimento social, democrático, isto tem uma importância maior. Estamos construindo, todos os membros da economia mundial, um sistema econômico que está funcionando na maioria dos países. Estamos trabalhando por mais estabilidade no Oriente Médio. A secretária (de Estado) Condoolezza Rice trabalhou bastante em Annapolis, estamos desenvolvendo as relações regionais, como o ETA, Otan, União Européia...

G1 - Houve uma melhora?
White - Depende, agora temos uma grande questão é o combate é contra o terrorismo. Países responsáveis, estamos trabalhando nas questões de desenvolvimento de norma de controle de tecnologia.

G1 - O que seria preciso mudar para tornar as eleições norte-americanas mais homogêneas?
White - No contexto americano é difícil por conta do direito do Estado. Nosso sistema, nossa organização é feita a nível local, mais do que a nível federal. Temos regras gerais sobre o comportamento necessário, organização necessária, mas temos uma idéia bem forte para fazer um estado diferente. Seria muito difícil tornar homogêneo.

G1 - O senhor acredita que o sistema é democrático, apesar de por quatro vezes na história americana um presidente ter sido eleito sem ter a maioria dos votos populares?
White - Acho que é importante entender os pensamentos dos fundadores da república americana, de quem criou a Constituição. A democracia é importante. Nós temos um sistema, todos os estados têm três votos. Os candidatos não podem se concentrar somente na Califórnia, Nova York, Flórida ou Texas, por exemplo, mas precisa trabalhar também em Dellaware, Alasca, Montana, por exemplo, porque os pequenos estados também são importantes.

A resposta clara é que não é democrática, mas há muita proteção para as minorias, para os pequenos estados. É importante lembrar que em 2000 foram semanas difíceis, mas o povo americano aceitou, depois de uma semana, o resultado da Corte, porque há confiança nas instituições.

G1 - Qual seria o perfil ideal do próximo presidente?
White - O país precisa de um candidato com experiência no país e também fora. Com capacidade de aprender, de unificar idéias diversas, ter uma posição executiva, capacidade de aprender a escutar as opiniões da população. É difícil atingir as exigências de momento.

Candidatos a presidente serão definidos até 15/2, diz cônsul-geral dos EUA. Thomas J. White analisou o processo eleitoral norte-americano. Cônsul-geral dos EUA no Brasil comentou também sobre as tensões entre EUA e Brasil.

Candidatos a presidente serão definidos até 15/2.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir