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Bateria e canto são destaques nos ensaios da Porto da Pedra

Escola de São Gonçalo levou samurais e leques orientais para ilustrar enredo

Foto:Philippe lima

Canto e bateria são, sem dúvida, dois fatores fundamentais num desfile de escola de samba. O primeiro faz a harmonia. O segundo é considerado o coração de um desfile. E ambos foram os destaques da noite nos dois ensaios técnicos da Marquês de Sapucaí neste sábado (12). Porto da Pedra e Portela mostraram, em ensaios bem organizados, samba na garganta e também no pé, contando com a ajuda de seus respectivos ritmistas. Trata-se de duas comunidades distintas, mas que apresentaram garra e força semelhantes na Avenida.

Primeira a se apresentar na noite, a Porto da Pedra tornou, de cara, o enredo "Cem anos de imigração japonesa: tem pagode no Maru", do carnavalesco Mario Borriello, de fácil leitura para o público durante o ensaio técnico, mesmo com a ausência de alegorias e fantasias nas alas. A escola levou para o ensaio samurais, uma ala de leques orientais e, claro, muitos japoneses para fazer a ponte nipo-brasileira no Sambódromo.

A versão vermelha-e-branca de uma gueixa ficou por conta da rainha de bateria da Porto da Pedra, Ângela Bismarchi. Com uma peruca preta e uma roupa comportada, a empresária sambou à frente dos ritmistas de Mestre Louro, o grande destaque do ensaio do Tigre de São Gonçalo. Este ano, pela primeira vez, Ângela não vai pintar o corpo para o dia do desfile (domingo, 3 de fevereiro). Ela virá fantasiada com uma roupa inspirada da ópera "Madame Butterfly".

"A minha fantasia é toda preta e tem uma asa de três metros", contou Ângela, que na última semana antes do carnaval vai se submeter a uma cirurgia plástica para puxar os olhos, numa tentativa de incorporar na pele o enredo da Porto da Pedra.

Na abertura da escola, estava o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Robson e Ana Paula, que estréiam na vermelha-e-branca. Pela primeira vez na carreira, o casal se apresentará atrás de uma comissão de frente.

"Não faço diferença do ensaio técnico para o desfile. Nós nos apresentamos para o público do mesmo jeito, pois é ele que dá o maior incentivo para o nosso trabalho", comentou Ana Paula, que no domingo de carnaval vestirá uma fantasia branca e dourada
Em seguida, a Portela entrou na Avenida ovacionada pelos dois primeiros setores, ocupados em sua grande maioria por torcedores da escola. O amor ao pavilhão portelense era tanto que, durante a apresentação da bateria, sambas antológicos de Madureira, como "Contos de areia" (1984) e "Gosto que me enrosco" (1995), eram entoados espontaneamente pelos 25 mil que estavam nas arquibancadas. O número é da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).

A Portela fez festa para recepcionar o público, com direito a chuva de papel azul e branco picado e bolinhas de sabão no ar. Faltou apenas a águia, símbolo da Portela, que marcara presença no primeiro ensaio técnico da escola na Avenida. Segundo o carnavalesco Cahê Rodrigues, que assina o enredo "Reconstruindo a natureza, recriando a vida: o sonho vira realidade", o público só voltará a ver a representação máxima dos portelenses no domingo de carnaval (3 de fevereiro), dia oficial do desfile da escola.

"Águia agora só no dia do desfile. Vamos fazer um pouco de segredo agora nesta reta final do carnaval. Mas podem esperar: a Portela vem linda e vem grandiosa. Nosso barracão está com um bom andamento", afirmou Cahê Rodrigues, que prepara uma águia de 23 metros de comprimento" segundo ele, a maior que já passou pela Sapucaí.

No ensaio, a azul-e-branca mostrou uma bateria cadenciada, sob o comando de Mestre Nilo Sérgio, de 28 anos. Apesar de jovem, Nilo prefere o tradicional e prepara apenas duas paradinhas para este ano. "Está do jeito que a Portela merece", comentou o mestre.

A rainha de bateria, Adriana Bombom, não escolheu melhor ocasião para comemorar seu aniversário. Com um vestido dourado, que deixava à tona sua bela forma, a mulata completou 33 anos com direito a "Parabéns a você" cantado por Gilsinho, intérprete da escola. No desfile, Bombom representará a água.

"A minha fantasia será toda branca para lembrar a espuma do mar. E nos olhos eu carrego o verde da natureza, que é o enredo da Portela", revelou Bombom, referindo-se ao grito de alerta da escola em prol da causa ambiental.

O mar também serve de inspiração para a comissão de frente da Portela, novamente comandada pelo bailarino Jorge Teixeira. O coreógrafo aposta num adereço de mão surpresa para garantir a nota 10 dos jurados.

"Nós vamos representar as várias facetas dos mares: o maremoto, o mar revolto, brando, as águas dos rios, entre outros", explicou Jorge, em seu segundo ano na escola.

Bateria e canto são destaques nos ensaios da Porto da Pedra.

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Por: Felipe Campos | Imprimir