Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 16-01-2008

Mecanismo natural do organismo pode gerar remédio de dor
Medicamento não teria os efeitos colaterais indesejados dos analgésicos
Mecanismo natural do organismo pode gerar remédio de dor

Aumentar a ação de um mecanismo natural do organismo pode ser uma maneira nova de aliviar a dor crônica, sem os efeitos colaterais indesejados dos analgésicos, segundo pesquisadores suíços que apresentaram seus estudos nesta quarta-feira (16).

Eles estudaram uma molécula específica que impede que os sinais de dor alcancem o cérebro, sem bloquear as mensagens de dor que alertam o organismo do perigo. O experimento, feito em camundongos, pode indicar o caminho para melhores remédios para seres humanos.

O líder do estudo, Hanns Zeilhofer, da Universidade de Zurique, afirmou que analgésicos como a aspirina podem causar úlceras estomacais, enquanto os opióides como a morfina deixam os pacientes com sono e podem viciar.

A idéia dele era encontrar uma maneira de enganar o organismo para interromper os sinais de dor. "Sabemos que normalmente a espinha age como um filtro para os sinais dolorosos. Ela previne a chegada da maior parte dos sinais no cérebro, onde a dor se torna consciente", disse Zeilhofer, cujo estudo aparece na revista "Nature".

Sua equipe focou em uma molécula chamada GABA que pode inibir os sinais da dor. Uma classe de medicamentos chamados de benzodiazepinas, que inclui o diazepam (mais conhecido como Valium), aumenta a ação dessa molécula no sistema nervoso central. Esses remédios são usados para tratar ansiedade e insônia, mas quando injetados perto da espinha, também aliviam a dor.

"O problema é que eles não podem ser usados em pacientes com dores crônicas por causa dos efeitos que têm no cérebro", explicou o cientista. "Eles deixam o paciente sonolento, afetam a memória e podem viciar".

Mas as benzodiazepinas miram pelo menos quatro receptores GABA diferentes. "Esses receptores se mostraram predominantemente presentes na espinhal; no cérebro, com muito menos densidade", disse Zeilhofer. Ao afetar apenas dois desses receptores, o cientista acredita poder fazer um remédio para a dor crônica eficiente que não deixe ninguém com sono.

Em testes com camundongos, a possibilidade de tratamento funcionou. Os roedores sentiram menos dor e se mantiveram alertas. "A dor normal, no entanto, se manteve. Isso é importante porque ela tem uma função protetora ao nos avisar de problemas nos tecidos", disse ele.

Mecanismo natural do organismo pode gerar remédio de dor.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir