Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 23-01-2008

André Sá revela sofrimento de Guga Kuerten
Colega desde os 14 anos, mineiro relata que o catarinense reclamava de dores nos treinos
André Sá revela sofrimento de Guga Kuerten
Foto: Ag.

Embora Gustavo Kuerten jamais tenha falado confortável e abertamente sobre sua lesão à imprensa ou aos fãs, o tricampeão de Roland Garros nunca escondeu de seus amigos mais próximos o quão frustrante foi tentar voltar a elevar o nível de seu tênis em meio às dores no quadril. O mineiro André Sá, que conhece o catarinense desde os 14 anos, quando ambos disputavam o circuito brasileiro infanto-juvenil, é quem faz a revelação ao GLOBOESPORTE.COM.

Colega de Copa Davis do catarinense desde 1996, Sá viveu bons e maus momentos ao lado do amigo e conhece bem a rotina de treinos de Guga. De Balneário Camboriú (48), por telefone, ele detalha como o ex-número 1 do mundo tinha dificuldades e se queixava do problema.

"Ele dizia: 'Não estou conseguindo tirar meu melhor, meu quadril está doendo, não consigo me mexer'. Era uma coisa constante, e você via, na fisionomia, que ele estava cabisbaixo".
André Sá, sobre o amigo Gustavo Kuerten

- Ele sempre externou esse problema. O Guga sempre trabalhou muito, sempre treinou sete, oito horas por dia. Quando ele começou a sentir que não conseguia manter o nível de horas de quadra, passou a se queixar. Ele dizia "Não estou conseguindo tirar meu melhor, meu quadril está doendo, não consigo me mexer'". Era uma coisa constante, e você via, na fisionomia, que ele estava cabisbaixo - revela André Sá.

O mineiro fala de Guga com um misto de carinho e admiração. Até hoje, lembra de como acompanhou a trajetória do primeiro título do amigo em Roland Garros.

- Eu estava jogando um Satélite em Porto Seguro (BA), e a gente viu os jogos no hotel. Ninguém acreditava. A cada jogo que ele ganhava era aquela reação "Não pode ser!". Nenhum brasileiro tinha chegado tão longe e, de repente, ele chegar na final e ganhar, foi inacreditável. Daquele jeito, ganhando de três campeões, acontece uma em um milhão de vezes. Depois dele, não teve nada parecido - ressalta.

Na campanha de 1997, Guga superou nomes como Andrei Medvedev, Thomas Muster, Yevgeny Kafelnikov e Sergi Bruguera. O brasileiro entrou no torneio como o número 66 do mundo, sem ser cabeça-de-chave, e saiu com o título no saibro de Roland Garros.

"Decidir parar, de uma hora para outra, devia ser uma decisão muito difícil para ele. Por isso, demorou tanto. É o quanto ele ama o tênis".

Em 2000, Guga chegaria ao topo do ranking mundial, mas, menos de dois anos depois, começaria a sentir dores no quadril. Duas cirurgias no local não solucionaram o problema. Mesmo assim, ele tentou tudo para voltar a competir. Ao comentar o assunto, Sá volta a tratar Guga como ídolo, usando expressões de pura admiração.

- A personalidade sempre foi essa. "Vou tentar até o fim e, se não deu, eu paro". Ano passado, ele tentou jogar algumas duplas, e isso é mais um exemplo de um cara fazendo o que mais gosta no mundo. Decidir parar, de uma hora para outra, devia ser uma decisão muito difícil para ele. Por isso, demorou. É o quanto ele ama o tênis - resume.

André Sá revela sofrimento de Guga Kuerten.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir