Categoria Politica  Noticia Atualizada em 26-01-2008

Polícia liga morte de coronel a outros três crimes
DHPP investiga elo entre a morte de coronel e outros três crimes na Zona Norte
Polícia liga morte de coronel a outros três crimes
Foto: PM

A polícia de São Paulo informou na tarde deste sábado (26) que investiga a existência de um elo entre a morte do coronel da PM José Hermínio Rodrigues e outros três crimes também cometidos na Zona Norte da capital" um homicídio, uma tentativa de homicídio e uma chacina que deixou sete mortos" dos quais os três policiais militares detidos na noite da sexta-feira (25) são suspeitos. A chacina ocorreu um dia depois da morte do coronel e outros dois crimes, em 2007.

Segundo o delegado Marcos Carneiro Leme, da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o "modus operandi" dos crimes é semelhante. Na matança que deixou sete mortos em um bar da cidade, os assassinos teriam usado uma moto de cor escura e, entre outras armas, uma pistola semi-automática calibre 380. A arma é a mesma usada na morte do oficial, que foi atacado por criminosos em uma moto preta modelo Falcon.

No caso do homicídio de 2007, os dois autores do crime também usavam uma moto Falcon preta. Outra semelhança, segundo a polícia, é que o autor dos disparos, no momento do crime, se aproximou da vítima e atirou a uma distância curta na cabeça e, após a queda do corpo no chão, continuou disparando.

Segundo a polícia, as vítimas da tentativa de homicídio e do homicídio investigado são parentes: mãe e filho. A mulher foi morta porque teria ameaçado policiais que extorquiam dinheiro dela e do filho de levar o caso à Corregedoria da Polícia Militar.

A mulher tinha envolvimento com tráfico de drogas e o filho dela foi definido por Carneiro Leme como "um pequeno traficante da Zona Norte". O delegado afirmou, baseado no depoimento desse traficante, que, como ele não cedeu à extorsão, os policiais teriam armado um flagrante contra ele no qual apresentaram uma arma e conseguiram prendê-lo.

Em reação à prisão do filho, a mulher teria ameaçado os policiais e sido morta.

O traficante de drogas extorquido disse à polícia que um dos PMs que o ameaçaram teria pego um celular dele. A polícia encontrou o mesmo modelo do telefone dele com um dos policiais suspeitos. Ainda segundo o delegado, o traficante reconheceu um dos PMs como o homem que tentou matá-lo e também identificou os policiais que o extorquiram.

Relação entre crimes
O delegado afirmou, entretanto, que por enquanto os PMs - dois sargentos e um soldado - ainda não são considerados suspeitos da morte do coronel Rodrigues. Eles estão sendo investigados sobre o caso. A polícia busca uma prova técnica para provar esse vínculo."Quer dizer que são os mesmos autores? Não. Mas quer dizer para a polícia que existe um caminho, um sinal apontando".

Os projéteis que mataram a mãe do traficante foram submetidos a exames de perícia para apurar se são semelhantes aos que mataram o coronel. As armas dos policiais foram apreendidas para a realização de um confronto de balística que vai verificar se os calibres das balas são os mesmos nos crimes.

A motocicleta de um dos policiais, uma Falcon preta, também foi submetida a uma perícia para verificar se havia respingos de sangue, mas nada foi encontrado. "Mas pela posição não teria respingado", avalia Marcos Carneiro. Também foram apreendidos com os PMs quatro celulares, um dos policiais estava com três aparelhos. Indagado sobre a origem dos telefones, ele teria argumentado que seriam presentes. Os celulares custariam em torno de R$ 1,5 mil, de acordo com Leme.

Na casa de um dos policiais também foram achados três cheques roubados e dois cheques cujo correntista é procurado pela Justiça, tocas ninjas e armas falsas.

Leme não descarta a possibilidade de outros policiais estarem envolvidos nos crimes. Os três policiais negam participação. A polícia também checa se os policiais estavam em serviço no momento da morte do coronel.

Sem investigação
O delegado afirmou ainda que, ao contrário do que tinha sido divulgado, os PMs presos não tinham sido investigados pelo coronel, mas estavam entre os 2.500 homens subordinados a ele na Zona Norte.

Segundo a Corregedoria da PM, dois dos policiais detidos cumpriam escala extraordinária no órgão e foram ouvidos sobre os crimes contra o traficante e sua mãe. Entretanto, não havia provas para a decretação de suas prisões temporárias. Segundo o delegado, os indícios que subsidiram o pedido das detenções foram colhidos após a polícia identificar que os crimes poderiam ter correlação a morte do coronel da PM.

A tenente-coronel Ângela di Marzio, da Corregedoria da PM, informou que mais de 20 policiais foram convocados para serem ouvidos após a morte de José Hermínio.

Fonte:

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Por:  Giulliano Maurício Furtado    |      Imprimir