Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 27-01-2008

Quênia tem 34 mortos: Annan denuncia abusos graves
Annan, que atua como mediador no país desde terça-feira, visitou a província de helicóptero
Quênia tem 34 mortos: Annan denuncia abusos graves
Foto: Ben Curtis/AP

NAIROBI, 26 Jan 2008 (AFP) - Pelo menos 34 pessoas morreram entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado em Nakuru, capital da província do Vale de Rift (oeste do Quênia), e no distrito de Molo, apesar do toque de recolher, ao mesmo tempo que o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que visitou a região, denunciou graves violações aos direitos humanos.

Annan, que atua como mediador no país desde terça-feira, visitou a província de helicóptero para comprovar a magnitude da crise.

"Encontramos nove corpos e nove pessoas morreram no hospital geral de Nakuru. Outra pessoa também foi assassinada há alguns minutos", disse à AFP um alto oficial da polícia que pediu anonimato.

"Do total, 13 pessoas morreram à noite, seis a tiros e outras sete assassinadas a machadadas nas favelas da cidade, explicou a mesma fonte.

Desde quinta-feira à noite, pelo menos 45 pessoas morreram em Nakuru. A polícia impôs um toque de recolher noturno na cidade.

Outros 15 corpos foram encontrados neste sábado no distrito de Molo, região oeste do Quênia.

"Recuperamos 11 corpos e um pouco mais tarde outros quatro", disse à AFP um delegado que pediu anonimato.

As vítimas foram assassinadas a flechadas em enfrentamentos étnicos, segundo o oficial.

Mais de 800 pessoas morreram no Quênia nos distúrbios étnicos e políticos após a reeleição, em 27 de dezembro, do presidente Mwai Kibaki, rejeitada pelo líder da oposição, Raila Odinga, que acusa o chefe de Estado de fraudes.

O vale de Rift se transformou nos últimos dias no epicentro dos violentos enfrentamentos diários entre membros da comunidade kalenjin, que apóia Odinga, e os quicuios, a etnia de Kibaki.

Em Nakuru, cidadãos da etnia quicuio se organizaram para retaliar os ataques sofridos nos últimos dias.

Depois de visitar esta província do oeste do Quênia, Kofi Annan afirmou neste sábado em Nairóbi ter visto abusos "graves e sistemáticos dos direitos humanos".

"Vimos abusos graves e sistemáticos dos direitos humanos", declarou Annan em uma entrevista coletiva em Nairóbi, ao retornar da visita ao oeste do país, epicentro, ao lado da capital, da violência provocada pelas eleições, criticadas pela oposição e por observadores internacionais.

"Não podemos autorizar esta impunidade", advertiu o mediador.

O Quênia, país africano estável até o fim do ano passado, sofre com a grave crise desde que a oposição contestou a apuração da eleição presidencial.

A vitória oficialmente foi atribuída ao chefe de Estado, Mwai Kibaki, mas o líder da oposição, Raila Odinga, segundo no resultado final, denunciou uma fraude, o que levou seus simpatizantes a organizar grandes protestos, em muitos casos reprimidos pela polícia.

Em um mês, além dos mais de 800 mortos nos distúrbios de caráter étnico, quase 250.000 pessoas se viram obrigadas a abandonar suas casas.

Quênia tem 34 mortos apesar de toque de recolher; Annan denuncia abusos graves.

Fonte: http://noticias.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir