Categoria Carnaval  Noticia Atualizada em 03-02-2008

Desfile hoje na Sapucaí terá história do Brasil
Por volta das 18h30, público já chegava ao Sambódromo do Rio, mesmo com a chuva.
Desfile hoje na Sapucaí terá história do Brasil
Foto: www.g1.com.br

Os 200 anos da mudança da Família Real para o Rio, os 100 anos da imigração japonesa e o centenário do frevo são alguns dos enredos deste ano no desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, previsto para começar às 21h deste domingo (3). É possível dizer, com boa chance de acertar, que a maioria vai deparar com uma multidão disposta a se divertir nas arquibancadas, mulheres bonitas na pista e nos camarotes, e um espetáculo, de fato, deslumbrante.
A São Clemente fará a abertura dos desfiles do carnaval 2008 na Sapucaí. Mesmo com a chuva que desde cedo atinge a cidade, os foliões começam aos poucos a chegar ao Sambódromo. Técnicos e funcionários fazem os últimos ajustes antes do início dos desfiles.

No Rio, o desfile desperta paixão semelhante ao futebol, com os torcedores de cada escola defendendo suas opiniões: a Mangueira será prejudicada pela onda de denúncias de que o tráfico de drogas tomou conta do morro? O carro do holocausto vai fazer falta no desfile da Viradouro? Muita gente dá palpite, e poucos são especialistas.

São dois dias de desfile - seis escolas no domingo e seis na segunda
SíO CLEMENTE
Assim como a Mangueira é a mais popular e a Portela tem uma águia como símbolo, a São Clemente é conhecida por ser a única escola da Zona Sul da cidade, que volta ao grupo especial este ano. A agremiação de Botafogo aceitou o convite da prefeitura do Rio para abrir o desfile com o enredo "O clemente João VI no Rio: a redescoberta do Brasil", desenvolvido por um trio de carnavalescos - Mauro Quintaes, Fábio Santos e Milton Cunha.

O ponto do alto promete ser o carro abre-alas, que procura representar o casamento de D. João VI e Carlota Joaquina, que, em 1785, teria "usado a técnica da pirotecnia com gás inflamável". O número de componentes é de cerca de 4 mil, em 33 alas e sete carros alegóricos. Desfile previsto para as 21h.

UNIDOS DO PORTO DA PEDRA
A escola de São Gonçalo, na região metropolitana, atravessa a Ponte Rio-Niterói para cantar o enredo "Tem Pagode no Maru! 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil", lembrando o centenário da imigração japonesa para o Brasil.

Sushi, sashimi, judô, caratê, computadores, eletrônicos em geral - o samba conta a influência que os colonos acabaram exercendo no cotidiano do país. O carnavalesco é Mário Borrielo; e a rainha de bateria, Ângela Bismarchi, que anunciou novas plásticas para ter "olhos de gueixa".

O segundo carro alegórico mostra o navio em que chegaram os primeiros imigrantes japoneses. Rústico, feito de bambu, o navio da Porto da Pedra procura reforçar a imporetância da cultura nipônica no Brasil. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeiras, Robson Sensação e Ana Paula, é o único casado na vida real. As cores básicas são o vermelho e o branco, o número de componentes não foi informado e são 33 alas e mais oito carros alegóricos. Deve desfilar entre 22h05 e 22h20.

ACADíŠMICOS DO SALGUEIRO
"O Rio de Janeiro continua sendo.." é o enredo da escola da Tijuca, que, como boa parte dos habitantes da cidade, adora falar das belezas do Rio. A escola pretende falar das tradições da cidade, do seu jeito informal, das histórias do subúrbio e da vocação para festa e a praia. Mar e montanha representados no vermelho e branco salgueirense, agremiação de gente famosa como o ex-craque flamenguista Júnior e compositor Jorge Benjor.

A rainha da bateria foi uma das mais notadas no período pré-carnavalesco: Viviane Araújo, atriz de programa humorístico e ex-mulher do cantor Belo. Um dos destaques deve ser a ala 26, em que os integrantes estarão fantasiados com camisas de Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo e América para pedir paz nos estádios. O Salgueiro anuncia a presença de 3900 figurantes, em 34 alas e oito carros alegóricos. Horário estimado do desfile entre 23h10 e 23h40.

PORTELA
Há muito tempo a Portela não repete a glória que conquistou na história do samba que antecede a década de 80: conquistar o título de campeã. São 26 - nenhuma escola tem mais. Para tentar repetir a década de 40, quando era hegemônica, a Portela - escola de Paulinho da Viola, Monarco e Clara Nunes - vai apresentar um enredo politicamente correto: " Reconstruindo a Natureza, Recriando a Vida: o sonho vira realidade". Aquecimento global, queimadas, animais ameaçados de extinção - a preservação do planeta na Sapucaí.

A rainha da bateria é Adriana Bombom, mulher do sambista Dudu Nobre. A velha guarda da escola é muito respeitada: Monarco, Doca, Tia Surica, Casquinha, Casemiro, David do Pandeiro e muitos outros. Na ala de compositores, Paulinho da Viola e Diogo Nogueira, um dos autores do samba deste ano e filho do falecido João Nogueira. Desfila com 4 mil integrantes, 38 alas e sete carros alegóricos. Deve entrar na Sapucaí entre 00h15 e 1h00 de segunda-feira (4).

MANGUEIRA
A escola mais popular do Rio faz uma homenagem aos 100 anos do frevo pernambucano. E lembra que o ritmo nordestino é dança de multidão, curtido nas ruas ou nos salões. A Mangueira promete pôr a Sapucaí para ferver - como a fervura do tacho do engenho de açúcar. A escola enfrentou um período crítico no fim de 2007, que culminou com a saída do compositor Ivo Meirelles da direção de bateria. Para os mangueirenses, pode ser um bom sinal: a verde-e-rosa do compositor Cartola tem fama de crescer na crise.

O intérprete do samba é Luizito, que substitui o lendário Jamelão, afastado por problemas de saúde desde o carnaval de 2007. A bateria será dirigida por Mestre Taranta, veterano ritmista e que promete trazer de volta a tradição de marcação da bateria com o surdo de primeira. As atenções estarão voltadas para a comissão de frente organizada por Carlinhos de Jesus, que trocou bailarinos profissionais por um grupo de crianças de comunidades carentes. O último carro alegórico presta uma homenagem ao compositor Cartola. A Mangueira tem cerca de 4500 componentes, espalhados em 28 alas e oito carros alegóricos. Horário previsto do desfile: entre 1h20 e 2h20.

VIRADOURO
Um carro alegórico polêmico, lembrando o holocausto e que traria um Adolf Hitler, foi barrado por uma liminar da justiça e chamou a atenção para o carnaval da escola de Niterói, na região metropolitana do Rio. O carnavalesco é artista plástico Paulo Barros, que é considerado um dos mais criativos profissionais em atuação na Sapucaí. O enredo "É de Arrepiar!" promete transformar o Sambódromo num laboratório de emoções, com a promessa de apresentar situações de ternura e prazer. A escola promete causar surpresa.

A rainha da bateria é, pelo quinto ano consecutivo, a atriz Juliana Paes. Uma das atrações do desfile deve ser o carro abre-alas, intitulado "Frio", traz 30 esquiadores profissionais, que prometem um show de coragem e habilidade na Sapucaí. A pista em que eles se exibirão tem 9 metros de altura, 40 metros de altura, coberta com 26 toneladas de gelo, resfriado a 15º negativos. Promete. A Viradouro terá quase 4 mil componentes, 32 alas e oito carros. A última escola da noite deve desfilar depois das 2h30

O desfile de segunda-feira segue a seguinte ordem:

MOCIDADE
Esta é mais uma escola que traz os 200 anos da mudança da Família Real para a Avenida Marquês de Sapucaí: "O Quinto Império: de Portugal ao Brasil, uma utopia na História" é o título do enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola da Zona Oeste do Rio e que surgiu no ano de 1955 como time de futebol - o Independente.

A idéia desenvolvida pelo carnavalesco Cid Carvalho é a de que Dom Afonso Henrique foi o primeiro a acalentar o sonho de estar criando, a partir da Península Ibérica, o quinto império universal. O enredo fala também do rei D. Sebastião, desaparecido nas cruzadas contra os mouros, e que se transformou numa lenda.

A rainha de bateria da Mocidade é Tatiana Pagung, que também presidente da escola mirim Estrelinha da Mocidade. Além de chamar a atenção pela beleza, Pagung é pesquisadora do carnaval. A escola está fazendo fé que a comissão de frente, que representa Dom João VI, Carlota Joaquina e rainha-mãe Maria, a Louca, num passeio pelas ruas do Rio, em 1808 vai agradar ao público. São cerca de 4500 componentes, divididos em 34 alas e sete carros alegóricos. Desfile de abertura da noite previsto para as 21h.

UNIDOS DA TIJUCA
O título do enredo é longo" "Vou juntando o que eu quiser, minha mania vale ouro. Sou Tijuca, trago a arte colecionando o meu tesouro" -, mas o tema é simples: os colecionadores. Segundo a sinopse apresentada pela escola, a Unidos da Tijuca quer mostrar a importância cultural dessa atividade para as sociedades. Colecionar é muito mais do que guardar quinquilharias, nos jardins botânicos, os arquivos, as bibliotecas e os museus. O próprio desfile seria uma imensa exposição a céu aberto.

A apresentadora de TV Adriana Galisteu é a rainha de bateria. A Unidos da Tijuca, a terceira escola mais antiga cidade" participou do primeiro desfile oficial, ao lado da Mangueira e da Portela" ganhou a fama, nos últimos anos, pela criatividade. Vale conferir o segundo carro alegórico, que traz componentes vestidos de pingüins, e a décima ala, com uma coleção humana de 120 ursinhos de pelúcia" eles estão prometendo uma coreografia diferente. Serão cerca de quatro mil sambistas espalhados em 30 alas e sete carros alegóricos. A Tijuca é esperada entre 22h05 e 22h20.

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
A carnavalesca Rosa Magalhães" a maior campeã do Sambódromo do Rio, com seis títulos, cinco deles pela Imperatriz" enfrenta o desafio de tratar dos 200 anos da mudança da Família Real para o Brasil. Ela recua no tempo e começa pela Revolução Francesa para encenar o enredo "João e Marias". A partir da figura do rei D.João VI, conta a história de muitas marias.

A rainha de bateria da Imperatriz é uma das mais esperadas da Avenida: Luiza Brunet, a modelo que promete brilhar vestida de ninfa das águas. A Imperatriz Leopoldinense, cujo nome é lembrança a todos os antigos subúrbios do Rio cortado pela estrada de ferro Leopoldina, é sempre candidata ao título. As atenções vão para a estréia do veterano ritmista Mestre Marcone como mestre de bateria. A escola deve desfilar com cerca de 3500 componentes, 37 alas e 7 carros alegóricos por volta das 23h30 da segunda-feira.

VILA ISABEL
"Alô, alô, trabalhadores do Brasil". Um velho refrão será lembrado no enredo da Vila Isabel, que faz uma homenagem aos trabalhadores e faz uma viagem no tempo para contar " a história de suor e luta do povo brasileiro", diz a sinopse apresentada pela escola de Martinho da Vila. A agremiação não vai se esquecer da escravidão e da exploração dos negros, imigrantes, camponeses, trabalhadores rurais e operários urbanos.

A rainha de bateria é a Miss Brasil Natália Guimarães, segunda colocada no concurso de Miss Universo. Uma estréia muito aguardada no carnaval. As atenções estarão voltadas para o comportamento de Martinho da Vila" ele disse que não vai ao Sambódromo, mas filhos e netos vão: ele manterá a sua palavra? Os 3800 componentes da escola, espalhados em 35 alas e oito carros alegóricos, devem entrar na Avenida entre 0h15 e 1h00 da terça-feira (5).

GRANDE RIO
A escola de Caxias, que surgiu da fusão de pequenas agremiações da Baixada Fluminense, trata da conscientização ecológica e relembra a origem da origem para falar da preservação do planeta. O enredo "Do Verde de Coari, vem meu gás, Sapucaí". O enredo passa pela Amazônia, de se extrai gás e petróleo.

A atriz Grazielli Massafera, a Florinda da novela "Desejo Proibido", é, pelo segundo ano, a rainha da bateria. Grazi representará chama dos lampiões. A atriz Suzana Vieira estará no carro abre-alas. O carnavalesco Roberto Szaniecki anuncia a apresentação de um robô" criado pelo laboratório de robótica da Petrobrás e chamado de Chico Mendes - que seria idêntico ao usado em pesquisas de petróleo na região amazônica. Os 3600 componentes da escola estarão espalhados em 32 alas e oito carros alegóricos. Horário previsto: entre 01h20 e 2h20 de terça (5).

BEIJA-FLOR
A atual campeã é outra escola da Baixada Fluminense que também volta suas atenções para a região amazônica no enredo: "Macapaba" equinócio solar: viagens fantásticas ao meio do mundo". A história de Macapá, a capital do Amapá, que está fazendo 250 anos. Depois de visitar o passado, a Beija-Flor "faz uma volta ao mundo pela linha do Equador".

O intérprete oficial é Neguinho da Beija-Flor, 32 anos de fidelidade à escola e que mudou até o seu nome no registro civil, passando a se chamar Luiz Antônio Neguiinho da Beija-Flor Marcondes. A rainha da bateria é Raissa de Oliveira, jovem de 17 anos criada na quadra de Nilópolis. A escola espera apresentar 4200 componentes em 41 alas e oito carros alegóricos. Previsão: entre 2h45 e 3h40.

Desfile hoje na Sapucaí terá história do Brasil, frevo e polêmica
Por volta das 18h30, público já chegava ao Sambódromo do Rio, mesmo com a chuva.
Festa está marcada para começar às 21h.


Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir