Categoria Politica  Noticia Atualizada em 04-02-2008

Mercado da eleição vende a candidatos idéias, metáforas
Consultor vai lançar auditoria de campanha e cadastro inteligente.
Mercado da eleição vende a candidatos idéias, metáforas
Foto: www.g1.com.br

Com a movimentação de pré-candidatos e partidos em torno das eleições deste ano para prefeituras e câmaras de vereadores, marqueteiros lançam produtos para campanhas e estratégias de sucesso nas urnas.

É grande a variedade de cursos presenciais e pela internet, apostilas com discursos e projetos de lei, livros e CDs com dicas e programas passo a passo, kits de campanha e formatos de consultoria que prometem ajudar o candidato a se eleger.

Neste mês, o consultor Marco Iten ministrou cursos de marketing e planejamento de campanha em três estados. Até maio, deve realizar sete cursos presenciais e quatro pela internet por mês. Além disso, Iten conta que em abril lançará dois livros: um sobre o uso da internet nas eleições e outro sobre assessoria de imprensa em campanhas eleitorais.

Segundo ele, um dos maiores problemas das campanhas é a desorganização. "São campanhas extremamente caras porque têm que recorrer à massificação para suprimir a falta de organização. Isso gera não só campanhas extremamente caras, mas campanhas com comprometimento financeiro e amarração com os interesses dos financiadores".

'Banco de idéias'
No site do consultor político Luiz Roberto Dalpiaz Rech os anúncios "Eleja-se (ou reeleja-se) prefeito" e "Eleja-se (ou reeleja-se) vereador" oferecem "kits de campanha". O custo é de R$ 5 mil, para prefeitos, e de R$ 2,5 mil, para vereadores.

"Elaboramos um cronograma de trabalho e essa assessoria se dá até o dia da eleição, orientando o candidato em seus pronunciamentos, ações, desde a filiação partidária, até coligações, até a campanha em si, as convenções e algumas dicas e estratégias", explica Rech, que diz ter como clientes cerca de 80 pré-candidatos a vereador.

Quem adquire o kit leva brindes como o "banco de idéias", um livro-CD com 500 idéias de projetos de lei, e um livro com as metáforas mais usadas na política.

"O candidato que tem uma determinada identificação com o segmento pode adotar algumas propostas", explica o consultor, que cita o estatuto da juventude, a lei contra o uso do amianto e a lei do livro como alguns dos projetos mais procurados.

Segundo ele, o kit contém apenas instrumentos "facilitadores" para ajudar na vitória. "Mas podemos dizer que todas essas ferramentas contribuem com no mínimo 50% do sucesso do candidato", garante.

'Dez mandamentos' e 'cem segredos'
A coleção disponível na editora do consultor político Tadeu Comerlatto também busca "facilitar" e vai na linha de dicas e passo a passo: "A campanha de vereador passo a passo", "Prefeito: Como vencer uma eleição", "Campanha Eleitoral: 10 mandamentos" e "100 Segredos do Sucesso Eleitoral" são alguns dos títulos de CDs e DVDs.

As grandes novidades deste ano, segundo ele, são o "cadastro inteligente", definido como um software para aproximar lideranças, e a "auditoria de campanha".

"Eu sei que o cara gosta de música pop. Então vou mandar alguma coisa de música pop, de repente quero mandar um CD de presente pra ele, vou mandar do gosto dele. Isso é um trabalho que a assessoria faz, mas a pessoa pensa que é o candidato que está fazendo", explica Comerlatto.

Já a auditoria de campanha procura fazer uma análise identificando pontos positivos e negativos. "Identificamos 31 pontos de campanha que, se funcionarem, a campanha vai bem. Então, vai um técnico lá, fica dois dias observando como está a qualidade da propaganda, como está a integração dos candidatos."

Além dos kits, há outros pacotes disponíveis, como a assessoria das campanhas. Por valores entre R$ 60 mil e R$ 100 mil, são feitos o planejamento da campanha, estudo de viabilidade da candidatura, pesquisas e treinamentos para o candidato a prefeito e para os candidatos a vereador que fazem parte da coligação.

Comerlatto destaca que o "ponto forte" da assessoria é a "pesquisa de coincidência de votos", que procura mostrar se os eleitores do candidato a vereador também declaram que irão votar no candidato a prefeito da coligação.

"Se o vereador quiser trabalhar só pra ele e não quiser trabalhar para o prefeito, não tem problema, só que isso vai ficar claro (...) Não é forçar a barra, mas o cara fica constrangido. Daqui a pouco ele se beneficia da campanha, ele vem legalmente pegar recursos da campanha, da propaganda, e depois só faz a campanha dele?", argumenta.

'Diagnóstico eleitoral'
Para quem ainda não entrou na campanha, ou nem decidiu se irá se candidatar, o cientista político Francisco Ferraz oferece um "diagnóstico" eleitoral, um estudo do potencial de um político ou aspirante a candidato, com custo de cerca de R$ 8 mil.

"Cada candidato tem características próprias, um partido, uma cidade. Cada candidato é um conjunto de circunstâncias, algumas positivas e exploradas, outras positivas e não exploradas, outras negativas", explica.

Um dos principais pontos analisados no diagnóstico é verificar se há acusações contra o possível candidato que possam ressurgir ou surgir.

"A primeira coisa é olhar o passado e estar preparado para o adversário explorar isso. A outra coisa é alertar para questões de dinheiro. Tem que ter uma quantidade 'x' de dinheiro, porque senão, mesmo que seja um candidato bom, não tem chances", diz.

Ferraz também tem livros publicados, mas em outra linha, apontando o que não fazer em uma campanha eleitoral: "O candidato sem chance de vencer", "Erros de campanha que derrubam qualquer candidato" e "12 receitas para perder uma eleição" são alguns dos títulos.

Mercado da eleição vende a candidatos idéias, metáforas

Consultor vai lançar auditoria de campanha e cadastro inteligente.

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Gabriel Tanure Sad    |      Imprimir