Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-02-2008

Oferta da Microsoft põe Yahoo! em encruzilhada
A oferta de US$ 44,6 bilhões feita pela Microsoft parece ter deixado o Yahoo! em uma encruzilhada
Oferta da Microsoft põe Yahoo! em encruzilhada
Foto: Reuters

A oferta de US$ 44,6 bilhões feita pela Microsoft parece ter deixado o Yahoo! em uma encruzilhada: aceitar a proposta de um grande rival ou procurar outras alternativas arriscadas, como pedir ajuda de um outro forte concorrente, o Google, afirmam especialistas.

Por enquanto, o Yahoo! anunciou apenas que vai analisar "cuidadosamente" a oferta e que esse processo pode levar "algum tempo". Entre as opções, está manter a empresa independente.

"No fim das contas, eu não acho que eles [o Yahoo!] não vão poder rejeitar a Microsoft", afirma o analista Peter Falvey, da consultoria Revolution Partners.

Mas se o Yahoo! recusar a oferta da Microsoft, especialistas afirmam que provavelmente a empresa terá de "engolir o orgulho" e firmar uma parceria com o Google na área de publicidade --isso se um possível acordo como esse for aprovado por órgãos reguladores de comércio.

Nesse panorama, o Yahoo! iria permitir que o Google administre o site de busca da empresa, aderindo a uma enorme lista de outros sites que recebem uma comissão do Google por parte do faturamento gerado pelo sistema.

Mas apenas o acordo com o Google não seria suficiente para acalmar os acionistas e encorajá-los a recusar a oferta da Microsoft, afirmam os analistas. O valor oferecido pela empresa é 62% superior ao preço das ações do Yahoo! na quinta-feira (31), quando toda a companhia tinha valor de mercado de US$ 25,6 bilhões.

Pela proposta da empresa fundada por Bill Gates, os acionistas do Yahoo! poderão escolher se querem receber sua parte no negócio em dinheiro ou em ações da Microsoft. Caso escolham a última opção, eles se tornariam acionistas da empresa de Bill Gates. No total, a Microsoft se propõe a pagar metade em dinheiro e metade em ações.

Para "animar" os acionistas, o Yahoo! teria de pagar um bônus ou até recomprar as ações deles.

Segundo o analista George Askew, da Stifel Nicolaus, comprar essas ações custaria cerca de US$ 20 bilhões ao Yahoo!. Para cobrir esse rombo, a empresa teria de demitir 4.500 empregados (31% do quadro de funcionários), afirma o especialista. Também teria de se desfazer de investimentos importantes, como o Alibaba.com e o Yahoo! Japão

Como a maioria dos analistas, Askew ainda considera que o Yahoo! vai acabar aceitando a proposta da Microsoft. Isso porque a empresa de Bill Gates parece estar disposta aumentar a oferta e tem maior poder econômico que qualquer outro concorrente que planeje entrar na briga.

De qualquer forma, o outro grande interessado no negócio, o Google, está trabalhando de forma agressiva para impedir o acordo. Segundo o site do jornal "The New York Times", a gigante do mercado de buscas vê o acordo como uma tentativa de ataque direto.

A publicação afirma que o executivo-chefe do Google, Eric E. Schmidt, ligou para o executivo-chefe do Yahoo!, Jerry Yang, oferecendo ajuda para afastar a Microsoft.

De acordo com o jornal, lobistas do Google em Washington também já trabalham em uma forma de apresentar uma ação contra o negócio aos congressistas norte-americanos. A idéia é que apenas um prolongamento no processo de aprovação da compra já beneficiaria o Google.

O Comitê Judiciário do Congresso dos Estados Unidos vai analisar o assunto na próxima sexta-feira (8). O órgão vai ouvir especialistas para verificar o impacto do possível negócio sobre o mercado de internet.

Briga aberta

Além do trabalho de bastidores, o Google já demonstrou publicamente seu descontentamento com a possibilidade da venda do Yahoo!. Em um post em seu blog corporativo, a empresa questiona se a Microsoft pode "estender para a internet o mesmo tipo de influência ilegal e inapropriada que mantém sobre os PCs".

Na mensagem, publicada no domingo (3) e assinada por David Drummond, vice-presidente de Desenvolvimento Corporativo e conselheiro jurídico do Google, a companhia afirma que o negócio é "mais que uma simples transação financeira, uma empresa comprando a outra".

"Enquanto a internet premia inovação competitiva, a Microsoft procurou estabelecer monopólios --e então usar sua dominação para novos mercados adjacentes", afirma o executivo.

O executivo-chefe da Microsoft, Steve Ballmer, rebateu as acusações. 'O Google tem claramente uma posição dominante. Eles têm cerca de 75% do mercado mundial de links patrocinados', afirmou. Segundo ele, a compra do Yahoo! estabeleceria a Microsoft como um 'forte segundo colocado' no mercado de buscas, o que aumentaria a competição na área.

Ofensiva

Na proposta enviada ao Yahoo!, a Microsoft deixa claro que seu objetivo no negócio é unir forças para ganhar força no mercado de publicidade on-line.

Em clara referência ao Google, a empresa afirmou: "Hoje o mercado é cada vez mais dominado por um 'player' que está consolidando seu domínio por meio de aquisições. Juntos, Microsoft e Yahoo! podem oferecer uma alternativa confiável para consumidores, anunciantes e editores".

De acordo com a Microsoft, o mercado de publicidade on-line está crescendo rápido --deve passar de US$ 40 bilhões em 2007 para quase US$ 80 bilhões em 2010, nas contas da empresa.


Fonte: folha online
 
Por:  Giulliano Maurício Furtado    |      Imprimir