Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-02-2008

Manchester: 50 anos da tragédia de Munique
História de sofrimento e dor mudou a vida do tradicional clube britânico
Manchester: 50 anos da tragédia de Munique
Foto: Agência

O Manchester United relembra nesta quarta-feira os 50 anos de uma das páginas mais negras de sua história: a chamada tragédia de Munique, acidente de avião que matou parte da geração de jogadores mais promissora da Inglaterra.

No dia 6 de fevereiro de 1958, o vôo em questão trazia um grupo do Manchester United que, com uma média de 24 anos, já tinha conquistado o bicampeonato inglês (1955-56 e 1956-57) e da Copa dos Campeões (atual Liga dos Campeões). O time tinha tudo para disputar a supremacia européia frente ao Real Madrid de Di Stéfano e Puskas, entre outros.

Os chamados "Busby Babes" (em alusão ao técnico da equipe, escocês Matt Busby) ganharam seu primeiro Campeonato Inglês com média de 22 anos e, dois depois, começavam a fazer fama na Europa, com Edwards como destaque.

A jovem estrela estreou no Manchester United com 16 anos, e dois depois já fazia parte da seleção inglesa - foi o mais jovem na equipe até a convocação de Michael Owen, mais de 30 anos depois. "Foi o único jogador que me fez sentir inferior", disse Bobby Charlton, um dos sobreviventes da tragédia, sobre Edwards.

Por isso, a morte de oito jogadores, dois membros da comissão técnica e um dirigente do total de 23 pessoas que faleceram no acidente de Munique não só marcou o futuro do clube, obrigado a recomeçar, mas lhe deu sua identidade.

Drama e predestinação
Tudo teve um caráter épico na tragédia, com várias pequenas histórias que falam de predestinação. A viagem de ida transcorreu de acordo com o previsto, incluindo uma escala em Munique, mas na volta - após a classificação do Manchester United para as semifinais européias, obtida com o empate em 3 a 3 contra o Estrela Vermelha - tudo foi diferente.

O vôo saiu atrasado de Belgrado, porque Johnny Berry, que seria um dos sobreviventes, não encontrava seu passaporte. Com isso, os funcionários da alfândega fizeram com que a bagagem fosse descarregada para que o documento fosse encontrado.

Uma vez nas proximidades de Munique, com uma paisagem repleta de neve e com pouca visibilidade, houve duas tentativas fracassadas de decolagem, sendo que a segunda ocorreu depois de os pilotos notarem um barulho estranho nos motores.

Por isso, quando os passageiros desceram do avião pela segunda vez, Duncan Edwards enviou um telegrama para sua casa dizendo: "Todos os vôos cancelados. Voaremos amanhã". Entretanto, isso não ocorreu.

O avião tentou levantar vôo uma terceira vez e não teve força suficiente para passar sobre a cerca do perímetro do aeroporto, com muitos dos jogadores convencidos de seu destino ("Estou preparado para ir com o Senhor", teria dito o católico jogador Billy Whelan). A asa esquerda e a cauda da nave bateram em uma casa abandonada.

Sete jogadores - Roger Byrne, Geoff Bent, Eddie Colman, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor e o próprio Whelan - morreram imediatamente. Duncan Edwards faleceu 15 dias depois em decorrência dos ferimentos, aos 21 anos.

Matt Busby só foi informado da morte de sua jovem estrela seis dias depois, diante do temor de que a notícia agravasse a situação do técnico, que chegou a receber a extrema-unção no hospital Rechts der Isar, em Munique.

Homenagens
Nesta quarta-feira, quando enfrenta a Suíça em Wembley, a seleção inglesa usará tarjas pretas em memória dos que morreram em Munique, na partida de estréia de Fabio Capello como técnico da Inglaterra.

No sábado, durante o clássico entre Manchester United e Manchester City, os jogadores vestirão réplicas das camisas usadas pelos "Busby Babes" em Belgrado.

Manchester: 50 anos da tragédia de Munique. História de sofrimento e dor mudou a vida do tradicional clube britânico.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir