Categoria Geral  Noticia Atualizada em 12-02-2008

Abertura de comportas preocupam autoridades de Moçambique
Populares observam abertura de dique no lago Kariba, na fronteira entre o Zimbabue e a Zâmbia, na África
Abertura de comportas preocupam autoridades de Moçambique
Foto: Wan Da/Xinhua/AE

Maputo, 12 fev (Lusa) - As descargas de água que são efetuadas desde o início da semana pela barragem de Kariba, no Zimbábue, reforçaram a atenção das autoridades moçambicanas relativamente à situação de cheias no Vale do Zambeze, no centro de Moçambique.

"O cenário de abertura das comportas (da barragem de Kariba) preocupa-nos, até porque a época chuvosa ainda não acabou", disse à Agência Lusa o diretor-adjunto do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), João Ribeiro,

Por enquanto, assegurou João Ribeiro, a barragem de Cahora Bassa terá nos próximos dias capacidade para acomodar o acréscimo do nível do rio Zambeze - a barragem de Kariba descarrega 1.500 metros cúbicos por segundo.

A abertura de uma das comportas do empreendimento foi anunciada com antecedência pela Autoridade do rio Zambeze (ZRA), que opera a barragem de Kariba, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue.

Contudo, o prolongamento - ou mesmo o agravamento - deste tipo de descarga pode "agravar a situação das cheias", apesar de a Hidroelétrica de Cahora Bassa ter ainda "capacidade de encaixe" tendo em conta o "volume de água" atual, disse João Ribeiro, adiantando que as águas liberadas pela represa de Kariba deverão chegar "dentro de cinco dias" ao Vale do Zambeze.

A Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) subiu, entretanto, as suas descargas de 3.800 para 4.000 metros cúbicos por segundo, um valor mesmo assim distante dos quase 7.000 metros cúbicos que contribuíram para as cheias que se têm registrado no Vale do Zambeze desde o início de janeiro deste ano.

Na visita que efetuou recentemente à região, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, manifestou-se convicto de que, apesar do atual acréscimo de descargas, a ZRA irá "fazer tudo ao seu alcance para causar um mínimo de cheias possíveis em Moçambique".

Diante do eventual agravamento da situação de cheias no Vale do Zambeze, as autoridades moçambicanas reforçaram os níveis de vigilância, já que a diminuição nas últimas semanas do nível do rio pode ter levado alguns dos habitantes da região transferidos para centros de desalojados a regressarem às suas zonas de origem, contrariando os apelos que têm sido feitos desde o início das inundações.

"A situação pode piorar, com necessidades acrescidas de resgate e apoio", disse recentemente o diretor do INGC, Paulo Zucula.

Na ocasião, Paulo Zucula defendeu um reforço da atenção em aspectos sanitários nos locais onde os deslocados foram concentrados, mesmo que em detrimento do abastecimento alimentar, já que um surto de doenças como a cólera podem ter conseqüências desastrosas.

"A falta de higiene pode matar mais do que a fome", salientou.

O número de pessoas afetadas pelas cheias no Vale do Zambeze ascende a 95.278, de acordo com dados oficiais.

As inundações destruíram 21.326 habitações, incluindo escolas, atingindo, deste modo, mais de 72 mil alunos, que estão sem estudos.

A estimativa atual de colheitas perdidas é de 117.308 hectares.

Abertura de comportas preocupam autoridades de Moçambique.

Fonte: http://noticias.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir