Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-02-2008

Estudo italiano diz que Napoleão não morreu envenenado
Níveis do veneno arsênico no organismo do imperador francês seriam comuns na época
Estudo italiano diz que Napoleão não morreu envenenado
Foto: Reprodução

Metade da Europa queria ver Napoleão Bonaparte comendo capim pela raiz no começo do século 19, mas o imperador da França não morreu envenenado, como se acreditava. Segundo pesquisadores italianos, os níveis de arsênico no organismo do general -- antes considerados um indício de envenenamento -- são iguais ao que era encontrado na população daquela época.

"Digamos que o arsênico era muito usado na Europa no começo do século 19, até como remédio. Há registros de seu uso em fortificantes, em corantes e bebidas", contou ao G1 por telefone a toxicóloga Angela Santagostino, da Universidade de Milão-Bicocca, que participou do estudo. "É claro que só podemos fazer deduções, mas os dados que obtivemos sobre os níveis de arsênico comuns na época, junto com os detalhes da autópsia de Napoleão, não mostram nenhum sinal de envenenamento deliberado", diz ela.

A pista crucial para chegar a essa conclusão veio de uma coleção de mechas de cabelo guardadas em uma série de museus italianos e franceses. Os cientistas mediram a quantidade de arsênico em fios de cabelo retirados de Napoleão quando ele era menino na ilha franco-italiana da Córsega, cortados no seu exílio na ilha de Elba (também na Itália) e, finalmente, obtidos em seu segundo e definitivo desterro na ilha de Santa Helena, onde morreu em 1821. Além disso, os níveis de arsênico do imperador foram comparados com os de seu filho Napoleão II e com os de sua primeira esposa, a imperatriz Josefina.

Técnica sutil

Por sorte, os pesquisadores tinham em mãos uma técnica que não causou dano algum aos cabelos históricos. Usando o reator nuclear de pesquisa da Universidade de Pavia, eles mediram com precisão a quantidade de arsênico incorporada ao tecido capilar da família napoleônica e aos cabelos de pessoas vivas hoje.

A conclusão: as pessoas do começo do século 19 parecem ter tido cerca de cem vezes mais do veneno em seu organismo do que a população atual. A variação ao longo da vida de Napoleão também é relativamente baixa, o que parece derrubar a hipótese de que seus carcereiros britânicos o envenenaram para que ele não voltasse ao poder novamente na França.

Curiosamente, não há registro de que as pessoas da época sofressem os efeitos de tanto arsênico circulando no ambiente. "Apesar de altos, parece que os níveis não são suficientes para causar problemas", diz Santagostino. "Por outro lado, o organismo também pode se adaptar ao arsênico e até se beneficiar com ele. A ração para galinhas, por exemplo, pode incluir arsênico porque ele favorece o crescimento dos animais", explica a toxicóloga.

Estudo italiano diz que Napoleão não morreu envenenado. Níveis do veneno arsênico no organismo do imperador francês seriam comuns na época.

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Felipe Campos    |      Imprimir