Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 16-02-2008

Balões brancos marcam enterro de menina morta na Rocinha.
Camisetas e cartazes pediam justiça e paz. Cerca de 400 pessoas lotaram o cemitério São João Batista
Balões brancos marcam enterro de menina morta na Rocinha.
Foto: Reprodução/tv globo

Cerca de 400 pessoas estiveram neste sábado (16) no enterro de Ágata Marques dos Santos, de 11 anos, que morreu ao ser atingida por uma bala perdida na tarde desta sexta-feira (15) na Rocinha, na Zona Sul do Rio. Com balões brancos, vizinhos, amigos e parentes pediam paz.

No meio da multidão, cartazes e camisetas lamentavam a morte de mais uma criança "brutalmente assassinada". A despedida da menina foi feita com oração do Pai Nosso e Ave Maria.

A maior parte dos que participaram da cerimônia chegou ao cemitério São João Batista num cortejo que reuniu dezenas de táxis e vans e centenas de motos da comunidade. O grupo deixou a favela, onde a estudante foi velada, e seguiu por toda a orla da Zona Sul com buzinaço.

"Nossas crianças não são objetos nem animais de caça. Até quando será que elas vão servir de troféu para policiais que entram atirando?", protestava Jonas Barcelos, de 46 anos, presidente da Associação de Moradores do Vidigal, comunidade vizinha à Rocinha, que apoiou o movimento pela paz.

Segundo o presidente da associação de moradores da Rocinha, Luis Cláudio de Oliveira, moradores acusam a polícia de ter feito os disparos que acertaram Ágata, no entanto, a Polícia Civil afirma que realizou a operação apenas na parte baixa da favela, e Ágata morreu em sua casa que fica na parte alta.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança nega que o tiro que matou Ágatha tenha partido da polícia e informou que o planejamento para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem o objetivo de causar o menor impacto possível para os moradores.

Pai e filha estavam juntos
O pai de Ágata, Claudino dos Santos, presenciou a menina, que era sua única filha, ser baleada. Segundo ele, os dois estavam na sala de sua casa. Ágata estava passando férias na casa do pai. A menina chegou a ser levada para o Hospital Miguel Couto, mas segundo informações da Secretaria municipal de Saúde, ela já chegou morta.

Luis Cláudio disse que o clima na comunidade é de revolta, com faixas de luto. A polícia ocupa a entrada da favela, mas a situação é calma no local.

A operação
Cerca de 200 homens de diversas delegacias especializadas fizeram uma operação na tarde de sexta em busca do chefe do tráfico de drogas da Rocinha, conhecido como Nem. Policiais trocaram tiros com traficantes.

Dois homens foram presos e drogas e armas apreendidas.

A Polícia Civil disse em nota oficial lamentar o que aconteceu com a menina, mas ressaltou que em todas as operações policiais tem procurado agir com planejamento, inteligência e cautela para evitar que pessoas inocentes sejam vítimas dos confrontos entre os policiais e os marginais.

A nota disse ainda que embora a polícia tenha a convicção de que o tiro que atingiu a menina não partiu dos policiais, todas as armas que participaram da operação estão identificadas e, se necessário, serão encaminhadas para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). A 15ª DP (Gávea) também abriu inquérito para investigar a morte da menina.

Balões brancos marcam enterro de menina morta na Rocinha.
Camisetas e cartazes pediam justiça e paz.
Cerca de 400 pessoas lotaram o cemitério São João Batista

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir