Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-02-2008

Combinação de drogas e remédios matou Ryan Gracie.
Promotor do caso acusa psquiatra do lutador de ser responsável pela morte.Advogado do médico nega a culpa de seu cliente.
Combinação de drogas e remédios matou Ryan Gracie.

O primeiro laudo sobre a morte do lutador Ryan Gracie revela que o lutador teve uma morte não natural, provocada por uma combinação de drogas e remédios, dentro de uma delegacia de São Paulo.

Dois meses depois do corpo do lutador ter sido encontrado numa cela de uma delegacia em São Paulo, o "Fantástico" teve acesso exclusivo ao laudo toxicológico feito por peritos, que indica que Ryan tinha consumido maconha e cocaína. Os medicamentos que Ryan tomou, depois de preso, também aparecem nos laudos: Midazolan, Alprazolan, Prometazina, Clozapina, Haloperidol.

Todas são substâncias usadas para combater a ansiedade - e acalmar o paciente. De acordo com o laudo oficial as doses dadas foram terapêuticas.

Mesmo assim, o promotor que investiga o caso, Paulo D´Amico Jr., diz que foi a combinação de remédios, e não as doses, que provocou a morte do lutador.

"Reunidos num coquetel, afetaram sobremodo a situação do coração do Ryan Gracie. Ele tinha um coração já sofrido, sofrido por esse histórico de dependência".

Quem administrou as medicações foi o psiquiatra Sabino de Farias Neto.
"Há 31 anos eu atendo pacientes que usam maconha, cocaína, bebida. E uso medicações exatamente nesse nível", afirma o médico de Ryan.

Ryan foi preso no dia 14 de dezembro depois de ter atacado dois motoristas com uma faca. Acabou dominado por um grupo de motoboys e foi levado para uma delegacia.

A família foi chamada e resolveu convocar um médico que já havia atendido Ryan em outra ocasião: o doutor Sabino. "O doutor Sabino foi chamado para para isso, para poder transferir o Ryan para um hospital", conta Flávia Gracie, irmã de Ryan.

Mas o ex-campeão de Vale Tudo não foi transferido. Ficou na delegacia até ser levado, já de madrugada, para fazer um exame no Instituto Médico Legal. Lá, ele foi medicado pela primeira vez.

"Quando a gente estava no IML, o doutor Sabino apareceu com uma bandeja com uma quantidade de remédios", conta Flávia.

O doutor Sabino admite ter dado vários remédios. "Os remédios dados foram remédios de rotina".

O que elas fazem
Para entender os efeitos de tantos medicamentos no corpo humano, o Fantástico ouviu um médico que não tem nenhuma relação com o caso, o psiquiatra Marcelo de Mello.

"O que mais chama a atenção é a quantidade de drogas que foram usadas ao mesmo tempo. Uma interage com a outra que pode aumentar o numero de efeitos colaterais" diz. "Nesse caso, principalmente os cardíacos. O coração pode começar a bater fora do ritmo, entrar num quadro mais grave, que pode levar a parada cardíaca", aponta Marcelo Feijó De Mello, psiquiatra da Unifesp.

O uso anterior de cocaína pode ter piorado ainda mais o quadro clínico. Os problemas de Ryan se agravaram quando ele saiu no IML e voltou para uma delegacia.

"Ele já não saiu do carro a ndando, ele teve que ser carregado", lembra Flávia Gracie.

Na cela
Doutor Sabino passou mais um tempo com Ryan, dentro da cela. "E na carceragem ele deu mais medicamentos para o Ryan. Na hora da saída, ele puxou um remédio do bolso e falou: "Ryan, esse é caso você precise no meio da noite. Esse é um dos meus"", conta Flávia.

"Eu foi o ultimo a sair de lá, até porque todos saíram antes porque viram que ele estava muito bem. Ninguém sairia de lá se ele não estivesse bem", afirma doutor Sabino.

Desfecho
Nesta semana, com base na análise do laudo toxicológico, os legistas vão revelar a causa da morte de Ryan Gracie, proval. O promotor vai esperar a divulgação oficial da causa da morte para denunciar o médico, que poderá ser por homicídio culposo, sem intenção de matar. O promotor fala até em algo mais grave: homicídio doloso.

"O doutor Sabino assumiu o risco de produzir a morte do Ryan naquelas condições em que ele se encontrava", diz.

O advogado do médico, Pedro Lazarini Neto, nega a culpa de seu cliente.

"Fantástico": Os medicamentos não contribuíram pra morte do Ryan na sua opinião?
Advogado: De maneira nenhuma.
"Fantástico": De quem é a responsabilidade, então?
Advogado: Do estado, que mão deveria ter mantido preso. Deveria imediatamente antes de chegar ao DP encaminhá-lo ao pronto socorro.

"Eu estou angustiado, ansioso, esperando esse laudo. É triste, porque eu fui para salvar vida", diz dr. Sabino.

Combinação de drogas e remédios matou Ryan Gracie.
Promotor do caso acusa psquiatra do lutador de ser responsável pela morte.Advogado do médico nega a culpa de seu cliente.


Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Felipe Campos    |      Imprimir