Categoria Politica  Noticia Atualizada em 18-02-2008

EUA e potências européias reconhecem independência de Kosovo
Criatura viveu no noroeste de Madagascar no fim da era dos dinos, há 70 milhões de anos.
EUA e potências européias reconhecem independência de Kosovo
Foto: http://g1.globo.com

PRISTINA (Reuters) - As principais potências européias e os Estados Unidos anunciaram na segunda-feira o reconhecimento à independência de Kosovo, enquanto os sérvios reagiram com indignação e alguns governos alertaram que a secessão pode criar um precedente perigoso.

O presidente da Sérvia, Boris Tadic, disse ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que essa instância deveria impedir a independência kosovar, ou do contrário estaria dizendo ao mundo que nenhum país tem garantias sobre sua soberania e suas fronteiras.

O primeiro-ministro sérvio, Vojislav Kostunica, ordenou a retirada imediata do embaixador do país de Washington e disse que ocorrerá o mesmo nas outras capitais que reconhecerem o novo país.

"Os Estados Unidos reconheceram hoje formalmente Kosovo como um Estado soberano e independente. Congratulamos o povo de Kosovo nesta ocasião histórica", disse a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, numa declaração há muito tempo sonhada pelos 2 milhões de albaneses de Kosovo.

"À luz dos conflitos na década de 1990, a independência é a única opção viável para promover a estabilidade na região", completou ela.

Rice se referia à brutal repressão promovida pelo regime de Slobodan Milosevic à população albanesa da província, que terminou com o bombardeio da Otan contra a Sérvia, em 1999. Desde então, Kosovo estava sob administração internacional.

O reconhecimento foi um alívio para os líderes de Kosovo, que aguardavam com ansiedade a bênção ocidental à sua secessão, mas marcou um dia triste para a Sérvia, que havia prometido nunca ceder esse território histórico, considerado por muitos o berço da pátria sérvia.

Em Belgrado, houve uma passeata pacífica contra a independência kosovar. A tropa de choque da polícia estava em alerta desde os ataques da noite de domingo contra embaixadas ocidentais.

"Este país está ficando cada vez menor", lamentou a estudante Jelena.

Algumas lojas de albaneses tiveram vitrines destruídas, mas não houve tumultos generalizados. "Estamos fazendo a passeata para mostrar que somos contra isso."

"Apelo aos cidadãos que parem todos os protestos que levaram à violência e ao tumulto, porque essa não é a forma de ajudar a Sérvia ou a defesa de Kosovo", disse Kostunica, convocando uma grande manifestação para quinta-feira.

DISCORDÂNCIAS

Em todo o mundo, países com minorias turbulentas reagiram com dubiedade ou franca oposição à declaração unilateral de independência por parte de Kosovo. Foi o caso de Espanha, Azerbaijão, Geórgia, Sri Lanka e China, entre outros.

"Se os senhores fizerem vista grossa a este ato ilegal, quem lhes garante que partes dos seus países não vão declarar independência da mesma forma ilegal", disse Tadic aos 15 países do Conselho de Segurança.

"Quem pode garantir que a vista grossa não será feita para a violação da Carta das Nações Unidas, que garante a soberania e a integridade de cada Estado, quando chegar a vez do seu país?"

A Rússia, aliada da Sérvia com poder de veto no Conselho, também defende que a ONU impeça a independência de Kosovo. O Ocidente insiste que Kosovo é uma "questão européia", na qual a Rússia não deve interferir.

A Turquia já reconheceu Kosovo, território que dominou por 500 anos, na época otomana. O mesmo fez a vizinha Albânia, que se preocupou, porém, em não ser a primeira, evitando assim acusações de que estaria cobiçando Kosovo.

Os albaneses de Kosovo saíram às ruas de Prístina, a capital, agitando e beijando bandeiras da França, da Alemanha, da Grã-Bretanha, da Itália e dos EUA. O representante britânico na cidade anunciou que sua legação ganhará imediatamente o status de embaixada.

A Espanha, que enfrenta minorias separatistas, liderou o pequeno grupo de países da UE que não reconheceu a independência kosovar, alegando que "não há base jurídica internacional".

Já a Itália, sensível à reação sérvia, afirmou que Roma "reconhece Kosovo como um Estado independente sob supervisão internacional" -- um lembrete de que o novo país continuará sob controle externo, como nos últimos nove anos.

"Cerca de 17 Estados [da UE] decidiram reagir rapidamente para evitar a criação de um vácuo com um comportamento indeciso", disse o ministro alemão de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.

O Brasil informou em nota que é a favor da "continuidade de negociações sob os auspícios das Nações Unidas e considera que uma solução deve dar-se no âmbito multilateral".

Bélgica, Luxemburgo, Eslovênia, Suécia, Irlanda, Dinamarca, Finlândia, Bulgária, Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia, Áustria e Hungria reconheceram a independência de Kosovo.

República Tcheca, Holanda, Portugal, Grécia e Eslováquia ainda estão se decidindo. O Parlamento romeno já se manifestou contra, num sinal de preocupação com a possibilidade de que o exemplo de Kosovo alimente o separatismo em outras regiões dos Bálcãs.

A Organização da Conferência Islâmica, que reúne 57 países, cumprimentou Kosovo pela independência.

O chanceler francês, Bernard Kouchner, disse que a independência marca "o fim dos problemas nos Bálcãs."

(Reportagem adicional de Matt Robinson, Ellie Tzortzi, Daria Sito-Sucic, Ivana Sekularac, Fatos Bytyci, Ingrid Melander, Paul Taylor, Mark John e David Brunnstrom)

EUA e potências européias reconhecem independência de Kosovo

Fonte: http://g1.globo.com
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir