Grã-Bretanha e França rejeitaram veementemente a posição da Sérvia, argumentando que o Kosovo é um caso único
Foto: http://g1.globo.com NOVA YORK, 18 Fev 2008 (AFP) - Rússia e Sérvia intensificaram nesta segunda-feira seus esforços, aparentemente condenados ao fracasso, no Conselho de Segurança das Nações Unidas para declarar "nula e improcedente" a proclamação de independência do Kosovo da Sérvia, que já foi reconhecida pelos Estados Unidos.
Durante um novo debate no CS, o presidente sérvio, Boris Tadic, e o embaixador russo, Vitaly Tchurkine, fizeram um apelo ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que instruísse a missão das Nações Unidas no Kosovo (Minuk) a declarar "nula e improcedente" a proclamação unilateral feita no domingo.
O secretário-geral não abandonou a posição neutra assumida desde que o tema entrou na pauta da organização e pediu a todas as partes que "se abstenham de qualquer ato ou declaração que possa colocar a paz em risco" no Kosovo.
Um funcionário da chancelaria russa já havia pedido a Ki-moon nesta segunda-feira que tomasse uma posição em relação ao tema. "Acreditamos que deve definir claramente sua posição. Ele deve se manter leal aos estatutos da ONU e à resolução 1244 sobre o Kosovo", disse Alexander Botsan-Kharchenko, segundo a agência de notícias Interfax.
Já Tadic afirmou, perante o Conselho de Segurança da ONU, que a declaração de independência abre um precedente perigoso que será reproduzido em outros lugares e causará um "dano irreparável" à ordem mundial.
"Há dezenas de outros 'Kosovos' por todo o mundo, esperando que o ato de secessão deste se torne realidade e estabeleça uma norma aceitável", disse aos 15 membros do Conselho.
"Eu os advirto muito seriamente sobre o perigo de escalada de vários conflitos existentes, do despertar de conflitos dormentes e do incentivo a novos conflitos", declarou.
"Se fecharmos os olhos para este ato ilegal, quem garante que certas regiões de seus países não declararão sua independência da mesma forma?", perguntou.
Grã-Bretanha e França rejeitaram veementemente a posição da Sérvia, argumentando que o Kosovo é um caso único, derivado do conflito dos anos 90 na região dos Bálcãs.
"As circunstâncias únicas do violento desmembramento da antiga Iugoslávia e a administração sem precedentes do Kosovo pela ONU transformaram-no em um caso 'sui generis' que não gera nenhum precedente mais amplo", ponderou o embaixador britânico John Sawers.
O argumento não foi aceito pelos representantes russo e sérvio.
Estados Unidos, França e Grã-Bretanha já reconheceram a independência do Kosovo e fizeram um convite à Sérvia para que vire a página e se prepare para sua futura adesão à União Européia.
Nesta segunda-feira, foi realizada a segunda sessão de emergência do Conselho, convocada por Rússia e Sérvia e, mais uma vez, ficou claro que as opiniões estão bastante divididas em relação aos recentes acontecimentos no Kosovo.
Sérvia e Rússia intensificam luta na ONU contra independência do Kosovo
Fonte: http://g1.globo.com
|