Categoria Educação  Noticia Atualizada em 19-02-2008

Nova secretária de Educação toma posse
A analista de sistemas Tereza Porto reconheceu crise na educação.
Nova secretária de Educação toma posse
Foto: http://g1.globo.com

Tomou posse na noite desta terça-feira (19) a nova secretária estadual de Educação, Tereza Porto, em cerimônia em que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e o ex-secretário de Educação Nelson Maculan estavam presentes. Maculan reafirmou que é preciso vontade política para conseguir melhorar os salários de professores.

Em carta divulgada na parte da tarde, Maculan relembrou alguns trabalhos feitos à frente da secretaria durante 14 meses, como efetivação de 6,3 mil professores concursados em 2007 e a efetivação de mais 8,9 mil em 2008, dos quais dois mil já foram convocados. Outra ação destacada por Maculan foi a compra de 31 mil notebooks para serem distribuídos para professores da rede estadual. Segundo ele, a distribuição começará na próxima semana.

Déficit crônico de professores
Maculan disse ter encontrado uma secretaria "completamente desestruturada, com um enorme déficit crônico de professores e escolas abandonadas". Segundo ele, algumas ações não puderam ser feitas, como a democratização da gestão escolar, a recuperação dos salários dos professores, a incorporação da gratificação do programa Nova Escola e implantação do plano de carreira do magistério.

"Sem valorizar o professor, sem capacitá-lo e sem remunerá-lo dignamente, jamais conseguiremos atingir uma Educação de qualidade e que transforme verdadeiramente o nosso País", escreveu Maculan.

Crise na educação
Na posse, a nova secretária reconheceu a crise na educação e disse que o estado precisa dar condições adequadas de trabalho para motivar a categoria e melhorar a qualidade de ensino. Tereza também defendeu a necessidade de se oferecer salários dignos aos profissionais da área.

Questionada sobre como melhorar a remuneração, a secretária disse não ter uma solução para o problema. Na quinta-feira ela irá se reunir com o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, para avaliar os recursos disponíveis para a secretaria.
Sem prazos
Em seu primeiro dia na gestão, a secretária vai levantar estatísticas do quadro atual da secretaria. Seu objetivo é fazer um diagnóstico para identificar os pontos mais críticos, entre eles, a falta de professores. Ela preferiu não dar prazos para a solução dos problemas. Ela lembrou que na quarta será homologada a convocação de cerca de quatro mil profissionais, o que deve ajudar a amenizar a carência de professores.

Durante a posse, Sérgio Cabral reconheceu que há um processo de esvaziamento da educação pública. Ele ainda fez críticas ao fato de a rede estadual ainda comportar 150 mil alunos de educação da 1ª a 5ª série do ensino fundamental, e prometeu acelerar o processo de municipalização da educação infantil.

Declaração de Cabral
No fim da manhã, o governador do estado, Sérgio Cabral, deu uma declaração sobre a substituição de Maculan, pela analista de sistemas Tereza Porto, que até segunda-feira dirigia o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (Proderj).

"Não tenho a menor dúvida de que ela é uma profunda conhecedora de tecnologia da informação e uma profunda conhecedora de gestão. Porque o mais importante na educação, a meu ver, é gestão. Bons pedagogos e vários professores podem ajudar a melhorar a grade curricular. Agora, gestão é fundamental", avaliou o governador.

A nova secretária assume com déficit de 26 mil professores na rede estadual. O governo não informou os motivos da mudança, mas agradeceu os serviços prestados pelo secretário Nelson Maculan em mais de um ano de trabalho.

Início do ano letivo
Na rede estadual, o ano letivo começou na segunda-feira (18). Mas pais e alunos continuam com as mesmas preocupações do ano passado. A falta de professores ainda preocupa, e muito. Muitas turmas tiveram que voltar para casa mais cedo.
Os estudantes da Escola Estadual Carmem Silva chegaram cedo para o primeiro dia de aula. Mas muitos tiveram que aguardar do lado de fora porque o professor não chegou. Segundo os alunos, a falta de mestres de várias disciplinas é comum por lá.

"Não tem professor, não tem nada. Não temos como estudar. Como estudar sem matéria?", pergunta um aluno.

"Ano passado eles tiveram professor apenas de português, ciência e geografia. Estava certo que esse ano teria professor, mas falaram que não há professor de matemática", alerta a mãe de aluno Sirlene Peixoto.

Turmas prejudicadas
A falta de professores marca mais uma vez o início das aulas de muitos colégios da rede estadual, principalmente os da Região Metropolitana. Em Niterói, turmas voltaram para casa porque não havia professores.

Em junho do ano passado, milhares de jovens ainda estavam fora das salas, entre eles 15 mil estudantes de 5ª a 8ª séries. Para compensar, muitos alunos tiveram que estudar nas férias e alguns, em dois turnos.

Francilene Bernardes, matriculada na 3ª série do ensino fundamental de um colégio estadual de Belford Roxo, enfrenta o problema desde o ano passado e teme pelo seu futuro.

"Agora eu só penso em sair daqui, ir para outro colégio, continuar os estudos e ver o que posso fazer para não ficar atrasada", planeja.

Concursos
A secretaria fez dois concursos para contratar professores. O último, em dezembro, foi cancelado por suspeitas de fraude e teve que ser refeito. A lista dos aprovados só foi publicada na segunda-feira no Diário Oficial. Houve um problema nos computadores da fundação responsável pelas provas, o que impediu a divulgação do resultado a tempo e atrasou ainda mais a convocação.

A secretaria de estado de educação informou que espera a homologação do concurso público para professor do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e ensino médio, para preencher quase quatro mil vagas nas diversas disciplinas e regiões do estado. Também está prevista a chamada de outros 2.052 profissionais do banco de reserva desta seleção. A secretaria também autorizou o pagamento de horas-extras para 15 mil professores, o que deve resolver a situação.

Nova secretária de Educação toma posse
A analista de sistemas Tereza Porto reconheceu crise na educação.
Ex-secretário Maculan diz que é preciso aumetar salários de professores.

Fonte: http://g1.globo.com
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir