Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-02-2008

PF descarta hipótese de crime comum em furto
O presidente Lula participa da inauguração do gasoduto Cabiúnas-Vitória, ao lado do presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli na cidade de Serra
PF descarta hipótese de crime comum em furto
Foto: Rogerio Cassimiro/Folha Imagem

O Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Valdinho Jacinto Caetano, descartou, nesta terça-feira, a hipótese de crime comum no caso do furto de dados sigilosos da Petrobras. Quatro notebooks e dois discos rígidos com informações estratégicas foram levados de um contêiner transportado pela norte-americana Halliburton no início deste mês.

Jacinto Caetano afirmou que "tudo indica" que o furto tenha sido "obra de espionagem industrial". "Havia mais equipamentos que foram deixados para trás. Essa forma de atuar indica que o roubo foi direcionado", disse o delegado.

"Havia material de escritório e laptops e se privilegiou o roubo desses, o que nos leva a descartar a hipótese de roubo comum. Até porque, em roubo comum, se leva o computador inteiro para utilização posterior e não o HD [disco rígido]. Quem procura o HD procura a informação nele contida", afirmou Caetano

O delegado criticou a segurança do sistema de transporte de dados importantes da estatal petrolífera. Na opinião de Caetano, ele é "falho".

"O sistema de segurança para esse material era bastante falho. Não havia forma de controle específica e havia muita gente que tinha acesso a esse tipo de informação. Para um escritório-contênier, a segurança era adequada, mas quando há informação privilegiada, a forma de segurança passou a ser inadequada."

Em entrevista coletiva a jornalistas, o delegado informou ainda que roubos e furtos de notebooks em contêineres da Petrobras vêm ocorrendo há mais de um ano. Segundo Caetano, os casos anteriores foram registrados na Polícia Civil porque a empresa não vislumbrou a intenção de se furtar informações consideradas qualificadas. "Isso vai ser trazido para a atual investigação para verificarmos se há ligação."

Depoimentos

O Superintendente da PF do Rio informou hoje que já foram ouvidas nove pessoas que tiveram contato com o contêiner --ainda não se sabe quantos pessoas, ao todo, tiveram acesso ao conteúdo transportado. Ele acrescentou que nas próximas semanas, mais 15 envolvidos prestarão depoimento no inquérito.

O delegado, porém, não informou quem será interrogado. O único nome ouvido até agora cuja identidade foi confirmada é do gerente setorial de proteção empresarial da Petrobras, Luis Lima Blanc, responsável por comunicar o furto à PF. Foi ele quem confirmou que as informações furtadas vinham de uma sonda na Bacia de Santos, em São Paulo, região das recentes megadescobertas das reservas de Tupi e Jupíter.

Em entrevista à imprensa hoje, no Rio, Caetano confirmou que todo o material furtado era da Halliburton, empresa terceirizada que fazia pesquisas para a Petrobras. A estatal brasileira, na semana passada, já havia informado que possui cópias de todos os dados, mas não especificou ao que eles se referiam.

45 pessoas

Apesar do governo tratar o furto de equipamentos da Petrobras como questão de Estado, os dados secretos da estatal que estavam em quatro notebooks desaparecidos entre a bacia de Santos e Macaé (cidade litorânea 188 km ao norte do Rio) viajavam em um contêiner que poderia ser aberto por pelo menos 45 pessoas, detentoras de cópias da chave.

Funcionários da Halliburton disseram a agentes da PF da Delegacia de Macaé, onde tramita o inquérito, que existe uma chave padrão para contêineres como o que levava os computadores portáteis e outros equipamentos de informática em meio a peças de escritório.

PF descarta hipótese de crime comum em furto de dados Petrobras.

Fonte: www1.folha.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir