Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-02-2008

Com malária em Goiás, casal que diz fugir das Farc teme
Jhon Eduard Arcinegas Ospina, colombiano que diz ser perseguido pelas Farc, mostra foto de seu enteado, morto pela guerrilha
Com malária em Goiás, casal que diz fugir das Farc teme
Foto: Wesley Costa

Um casal de colombianos está internado em estado grave no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia, após terem contraído malária. Mas essa não é principal preocupação dos dois. Jhon Eduard Arcinegas Ospina, 22, e Maria Mileny Ciro Bedoyo, 33 - que foi encaminhada no final da tarde de hoje para a UTI, afirmam que são fugitivos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e temem morrer se forem mandados de volta à Colômbia.

Eles são casados e têm um filho de dois anos. Um filho de Maria com outro homem, de nove anos de idade, foi seqüestrado e morto pela organização em 2006. "Estávamos passeando na rua, quando seqüestraram meu filho. Os guerrilheiros queriam ensiná-lo a matar, como fazem com tantos outros meninos de lá", conta Maria. O crime aconteceu na cidade de Pereira, na Província de Risaralda, na Colômbia.

A mãe conta que ficaram revoltados com a violência do seqüestro e manifestaram publicamente o desespero. A resposta das Farc foi a execução do garoto, em 29 de dezembro de 2006. Com medo das ameaças que sofria, o casal e o filho menor, de dois anos de idade, decidiram fugir da cidade e do País.

A saída de Pereira foi em fevereiro, e antes de chegar ao Brasil eles ficaram cerca de oito meses em território venezuelano, sempre viajando por terra. A maioria do trajeto na região amazônica foi feito a pé. Só na selva amazônica, a família conta que ficou mais de 15 dias.

De Boa Vista a Goiânia, vieram de carona com um caminhoneiro. Na bagagem, algumas poucas peças de roupa e um sonho: ficar no Brasil. "Nosso objetivo é ficar aqui. Morar aqui, trabalhar no Brasil. Se nos deportarem, nós três estamos perdidos", prevê Jhon Eduard.

Hoje pela manhã ele falou com um representante do consulado colombiano e contou toda a história. Também afirmou que tem plena consciência de sua situação irregular no País. "Sei que estou ilegal. Mas quero ficar aqui. Trabalhar...", ressalta Jhon que afirma ser técnico em conserto de celulares.

Maria Mileny também não esconde a preocupação e o desejo de ser acolhida no Brasil. "Quero ficar aqui no Brasil. Aqui eu sei que não matam o seu filho", afirmou. O filho mais novo do casal, que não está doente, foi encaminhado para um abrigo na capital goiana até que os dois se recuperem.

A embaixada colombiana no Brasil foi informada ontem da presença da família no País. Segundo o cônsul Sérgio Diaz, o consulado deve prestar toda assistência e proteção necessária à família.

O assessor de assuntos internacionais do governo de Goiás, Eli Chediac, também informou que fará uma visita ao casal ainda hoje, acompanhado de representante da Secretaria de direitos humanos. "Se o que eles querem é ficar, o governo do Estado se compromete a auxiliá-los em todo processo de pedido de asilo no País. Caso não seja possível, vamos recomendar ao governo colombiano que dê a eles toda segurança necessária", afirmou.

O diagnóstico de malária só foi confirmado no final desta manhã. Antes, médicos do hospital também suspeitavam de febre amarela e Leishmaniose.

Ainda não existe previsão de alta. "Apesar de não estarem na UTI o quadro de saúde dos dois é bem grave e preocupa, principalmente pelo quadro imunológico muito baixo que apresentam", informou o diretor do HDT, Boaventura Braz de Queiroz.

Com malária em Goiás, casal que diz fugir das Farc teme voltar para a Colômbia.

Fonte: http://noticias.uol.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir