Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 23-02-2008

Cuca x Joel: duelo à parte na grande final
Perto de decidirem a Taça Guanabara, técnicos analisam tudo o que envolve o Fla x Bota
Cuca x Joel: duelo à parte na grande final
Foto: http://globoesporte.globo.com

Um tem fala mansa e desponta como uma das grandes promessas para o futuro próximo, o outro, falastrão e "calejado", luta para colocar mais uma taça na estante. Cuca, do Botafogo, e Joel Santana, do Flamengo, são personagens centrais na decisão da Taça Guanabara, neste domingo, às 16h, no Maracanã. Os dois treinadores buscam, com o título, aumentar ainda mais a identificação que têm com seus clubes.

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, os dois analisaram tudo o que envolve a decisão deste domingo. Cuca e Joel, sempre em clima de total respeito e cheios de elogios ao adversário, fizeram jogo duro e não deram pistas ao rival na hora de falar da preparação das equipes. Na beira do gramado do Maraca, eles, cada um ao seu estilo, vão duelar para surpreender o outro e sair nos braços da galera. E, claro, com uma vaga garantida na final do Campeonato Carioca.



GLOBOESPORTE.COM: Vocês são técnicos que costumam estudar muito os adversários. É possível haver surpresas na decisão?

CUCA: É possível, no entanto, mais importante do que surpresa é o talento do jogador. Ele é a figura mais importante, quem pode decidir a partida. Os técnicos podem fazer modificações dentro da partida, mas não são surpresas.

JOEL: No futebol acontece de tudo. Eu não vou dar armas ao meu adversário e só vou divulgar a escalação uma hora antes do jogo. Nem adianta. Se vai haver surpresas eu não sei.

Você considera a Taça Guanabara um título? Até que ponto deve-se festejar a conquista do primeiro turno? Entra no currículo?

CUCA: Se ganharmos, a comemoração será comedida porque não representa todo o nosso objetivo. A Taça Guanabara é importante, mas significa ir à final do Campeonato Carioca.

JOEL: Considero um título e coloco no currículo. Aliás, tenho umas cinco na estante. Por que não colocaria? Tem todos os ingredientes de um campeonato. É até mais charmosa do que a Taça Rio, por ser mais antiga. Mas ambas valem como título.

Os dois técnicos estão deixando as dúvidas na equipe até minutos antes da decisão. Até que ponto isso prejudica o trabalho do técnico adversário e ajuda o seu trabalho?

CUCA: Para mim não muda nada. Sei quais opções o Flamengo tem, e aqui todo mundo vê meus treinamentos. Não tenho razão para esconder nada.

JOEL: Se prejudica, eu não sei em quê. Só sei que no mundo todo os técnicos escondem a escalação e comigo não será diferente. Não posso facilitar.

O Botafogo dispõe de um grupo com menos opções do que o Flamengo. Mas será que isso conta numa decisão? Ou a garra e a disposição têm relevância maior num jogo como esse?

CUCA: Se o grupo já tiver poucas opções, como é o caso do Botafogo, a situação piora com os desfalques, porque você fica sem opções para o decorrer da partida. Isso prejudica o planejamento para um jogo como esse.

JOEL: Não ganhamos nada. Elenco bom é aquele que tem conquistas, dá voltas olímpicas. Por enquanto, ainda estamos formando um time.

O que mais chama a atenção no estilo de trabalho do técnico adversário?

CUCA: Admiro o Joel porque ele consegue criar um ótimo comportamento do grupo. Isso ficou claro no Campeonato Brasileiro do ano passado.

JOEL: O Cuca é um cara novo, que está começando muito bem. Ele sabe armar suas equipes e tem diversas jogadas ensaiadas. Recentemente, ele admitiu que votou em mim como melhor técnico do último Brasileiro. É muito legal saber disso.

Como classifica a sua identificação com o clube que comanda atualmente?

CUCA: Não posso comparar minha identificação com a dele. O Joel já passou algumas vezes pelo Flamengo e sempre fez boas campanhas. Eu estou na minha primeira passagem pelo Botafogo e ainda busco o primeiro título.

JOEL: Isso foi adquirido ao longo do tempo. Foram cinco passagens vitoriosas, com êxito. E o carisma é que traz essa identificação. Ouvir a torcida gritar meu nome a cada jogo me enche de orgulho.

Se considera supersticioso? Como vê a escrita recente deste clássico (cinco empates em 2007, mas desde 2004 o Fla não perde para o Bota)?

CUCA: Já caíram todas as minhas superstições. Antes do jogo contra o Fluminense, nosso ônibus andou de ré e nós vencemos. Falo essas coisas somente para divertir. Em relação à escrita, não penso nisso. Os últimos cinco jogos contra o Flamengo terminaram empatados.

JOEL: A superstição é normal. Tem cara que não gosta de gato preto. Mas eu chamo isso mais de hábito. Eu, por exemplo, só entro e saio pela mesma porta aqui no Flamengo.

Flamengo 2007 x Flamengo 2008

CUCA: O Flamengo de 2008 é melhor. É uma equipe que tem mais opções do que a do ano passado. Em todas as posições há boas alternativas.

JOEL: Ainda é cedo para fazer qualquer tipo de comparação. Temos só um mês e meio de trabalho. Seria prematuro.

Botafogo 2007 x Botafogo 2008

CUCA: O Botafogo deste ano é um grupo menos técnico, mas com maior vontade de vencer do que o de 2007.

JOEL: Não dá para dizer simplesmente porque não estou lá. Mas, assim como no ano passado, pode-se perceber que é uma equipe forte, que novamente chegou a uma decisão.

Quais lembranças tem da(s) passagem(ns) no comando do rival deste domingo? Já ter vivido o dia-a-dia do adversário ajuda?

CUCA: Os jogadores da minha época de Flamengo nem estão mais lá. Acho que só ficou o Obina. Mas ter trabalhado lá não influencia, pois o ambiente é igual. Um ambiente de final. Por exemplo, preciso ficar um tempão dando entrevistas, mas isso significa que estamos perto de um título. Então, prefiro assim.

JOEL: Ganhei o título estadual de 97, com 11 jogos de invencibilidade. Arrependo-me de ter deixado o Botafogo naquele momento, não era a hora. Saí de um lugar tranqüilo, com a equipe montada e fui para o Corinthians arrumar confusão. Mas deixo claro que o Corinthians é uma ótima casa para se trabalhar. Só que não naquela hora.

Cuca x Joel: duelo à parte na grande final
Perto de decidirem a Taça Guanabara, técnicos analisam tudo o que envolve o Fla x Bota

Fonte: http://globoesporte.globo.com
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir